BA10 - Agriterra

18 XIV CONGRESSO NACIONAL DO MILHO usar menos energia. A energia que polui menos, e que é melhor para o ambiente, é aquela que não se gasta. Não é uma questão de ser elétrica, a gasóleo ou petróleo ou carvão. Há que atalhar o problema: não posso gastar energia, tenho é de vender energia”. “Se a energia está cara, quanto mais eficiente for, mais vou ganhar dinheiro. Essa oportunidade existe. A maioria tem espaço, tem solo e podemos fazê- -lo no local onde vamos consumir essa energia que tivemos de importar. Há muitas oportunidades e mais depressa vamos estar a ganhar dinheiro do que esperar que o planeta aqueça ou arrefeça”, defendeu João Coimbra. QUAL O FUTURO DA PRODUÇÃO DE MILHO EM PORTUGAL? Foram cinco os jovens agricultores que aceitaram o desafio para falar abertamente sobre os constrangimentos e oportunidades da produção de milho em Portugal. Além dos constrangimentos comuns a todos decorrentes de trabalhar em pequenas empresas familiares, Pedro Guiomar, agricultor na região do Alentejo, sublinhou o aumento, em 2022, do preço dos fertilizantes, o que fez com que optassem por outro tipo de matérias orgânicas, e as temperaturas elevadas dos últimos anos, “o que obrigou a uma gestão mais difícil da rega”. Ambrósio Raposo, agricultor na região do Ribatejo, concordou que a água é “uma das maiores preocupações na minha exploração. Agora temos água, mas não a estamos a usar para quando precisarmos dela”. Além disso, nota a existência de poucos jovens na agricultura, “principalmente na cultura do milho, e fazem falta”. Diana Valente, agricultora na região Centro, referiu como constrangimento “o acesso difícil à terra” e revelou que recorrem à economia circular para contrariar o aumento dos preços. Já para Marisa Costa, agricultora na região Norte, um dos maiores constrangimentos está relacionado com o preço do leite. “Temos de ter um valor que permita suportar os custos de produção”. Além disso, a burocracia também não ajuda ao negócio, especialmente quando “há sempre timings para apresentarmos os documentos solicitados, mas nunca existem timings para nos responderem”. Já Nélio Miranda, agricultor nos Açores, apontou a falta de juros bonificados para os jovens agricultores como um dos constrangimentos. A nível de expectativas para o futuro, Pedro Guiomar nota que, “se não houvesse uma parte positiva, não estaríamos aqui. A cultura do milho é relativamente fácil de fazer e vejo com bons olhos a questão do PEPAC no que se refere à ajuda direta, pode ser mais um incentivo”. IMPORTÂNCIA DO REGADIO O segundo dia do evento começou com um debate sobre a importância do regadio para os países mediterrânicos. Plácido Plaza, secretário-geral do Centro Internacional de Altos Estudos Agronómicos Mediterrâneos (CIHEAM), apontou a necessidade de se encarar a gestão da água como uma questão de segurança nacional e acrescentou que a mesma vai obrigar a repensar os fatores de produção, nomeadamente a uma maior utilização da agricultura de conservação e da diversificação das produções. O executivo deu o exemplo de Espanha e do Magreb, emque se aposta em soluções alternativa, nomeadamente as leguminosas, que requem pouca água. No debate que se seguiu foi mencionado que Portugal tem uma situação diferente, em que, por norma não há problema (ou não deveria haver) de água. A questão, para José Núncio, presidente dos Irrigants d’Europe, é que o potencial e o concretizado são coisas diferentes. “Apenas aproveitamos 20% do potencial”, afirmou, acrescentando que temos de poupar ao máximo os recursos hídricos subterrâneos. Rogério Ferreira, diretor-geral da Direção-Geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural (DGADR), desmentiu a afirmação de que a Bacia do Tejo não tem nenhum aproveitamento ao nível do potencial de água. Segundo o executivo, brevemente será apresentada a versão preliminar do estudo correspondente. E lembrou que há um grande desperdício, advento das infraestruturas, algumas das quais com 50 anos de existência. Já para José Pimenta Machado, vice- -presidente da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), a questão prende-se Da esq. para a dta: Nélio Miranda, Marisa Costa, Ambrósio Raposo, Diana Valente e Pedro Guiomar com a moderadora Custódia Correia.

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