BA21 - Agriterra

II CONFERÊNCIA TÉCNICA DO OLIVAL 12 de metros cúbicos de água em ano médio e só utiliza cerca de 4.500 milhões; mesmo em ano seco essa disponibilidade reduz-se para cerca de metade” – o especialista alertou que esta análise através de médias anuais “escondem sempre situações muito diversas e há fontes de água que não podemos utilizar”, evidenciando a discrepância regional e a falta de capacidade de retenção e de armazenamento em períodos de abundância, como o verificado nos últimos meses. “Queremos utilizar a água quando não há. E este é o drama das regiões mediterrâneas, é que a disponibilidade de água é inversa à necessidade”. Portanto, quando a natureza não a providencia precisamos de abastecimento artificial, conclui. Num cenário futuro, “vamos ter que acautelar as alterações climáticas (com o aumento da evapotranspiração e necessidades crescentes das culturas), mas é muito mais importante decidir quantos hectares novos é que queremos regar em Portugal (com a expansão da área regada estimada em cerca de 113 mil hectares). Esta é a grande decisão”. E foi neste cenário que a estratégia ‘Água que Une’ foi desenhada, “prevendo um aumento das necessidades de consumo de cerca de 1.000 milhões de metros cúbicos”. Para fazer frente a este desafio, o documento integra um plano de 300 medidas, que requer um investimento global estimado em 9.500 milhões de euros até 2040, e está focado em três grandes eixos: eficiência, resiliência e inteligência. É que, se “não é admissível perder 70% da água em sistemas de abastecimento público” e ser um dos piores países da Europa em águas residuais tratadas, também não é aceitável que “a água usada na agricultura não seja medida”, explica. José Pedro Salema defendeu o reforço de barragens, interligações e armazenamento e a importância dos transvases, sugerindo o exemplo do Alqueva como modelo de gestão integrada e sustentável que pode ser replicado noutros sistemas, incluindo na cultura do olival. Para o setor do olival, salientou ainda o apoio a regadios privados, com 500 milhões de euros para a construção de charcas e pequenas barragens e a necessidade de definir onde e quanto expandir a área regada. “EM PORTUGAL QUASE TODO O OLIVAL PRODUTIVO É DE REGADIO” A primeira mesa redonda da Conferência Técnica do Olival 2025 analisou a importância da água sob múltiplas perspetivas – científica, técnica, empresarial e territorial – contando com a participação de José Núncio, presidente da FENAREG - Federação Nacional de Regantes, Fátima Batista, diretora do Instituto Mediterrâneo para a Agricultura, Ambiente e Desenvolvimento (MED), da Universidade de Évora, José MuñozRojas, especialista em Geografia Rural e Ecologia da Paisagem ECT & MED e Carlos Gabirro, CEO da Biostasia. A abrir, Gonçalo Moreira, gestor do Programa de Sustentabilidade de Azeite e moderador do painel, questionou em que medida a água é um elemento central no desenvolvimento e sustentabilidade do olival. Fátima Baptista considerou que “a água é um ponto central para a sustentabilidade do olival” e reforçou a necessidade de uma gestão “muito parcimoniosa da água” em qualquer cultura, dado o cenário das alterações climáticas. A docente admitiu ser-lhe difícil “pensar na sustentabilidade só económica, ou só ambiental, ou só social, pois ela “é o todo”, o que “implica compromissos”. Nessa perspetiva, “há um pilar territorial” quando falamos do Alqueva e de outros investimentos ou infraestruturas para o C M Y CM MY CY CMY K

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