BA21 - Agriterra

II CONFERÊNCIA TÉCNICA DO OLIVAL 16 2024, nomeadamente para o olival em copa e em sebe (respetivamente, 2.800 a 3.400 m3/ha) revelam-se insuficientes: “são objetivamente inferiores aos valores considerados para o desenvolvimento da cultura nas melhores condições”, conclui o especialista. Neste contexto “o desafio foi juntarmos esta equação e percebermos onde é que ela está desequilibrada e que formas é que existirão de equilibrá-la nos seus dois lados, isto é, o compromisso de fornecimento de água aos diversos usos agrícolas e a origem dessa água e a sua existência em condições de ser distribuída". A análise da Agroges mostrou que as necessidades de rega são “muito equiparadas” para o olival em sebe e em copa, contrariando o atual diferencial de dotação. Face à satisfação plena das necessidades hídricas, uma quebra de 40% nessa satisfação "provoca uma quebra de produtividade no ano de 20%, o que tem um impacto muito significativo na conta de cultura”. E em cenário de alterações climáticas, “em que a alternância pode ser muito grande”, pode mesmo acontecer haver anos em que há uma redução de 40%, ou mais, na disponibilização de água, alerta o sócio gerente da Agroges. “Estamos um bocadinho fora de pé, na prática. Os valores recomendados no plano de utilização de água do EFMA, na generalidade das situações, não encaixam naquilo que são as necessidades hídricas do olival”, reitera, lembrando que o estudo conclui que essas necessidades são agora idênticas para olival em sebe e olival em copa. As alterações climáticas agravam a situação: no cenário RCP 4.5 (menos gravoso e mais provável), as necessidades de água aumentarão 5% até 2050 e 13% até 2080. Já no cenário RCP 8.5 (muito menos provável, estando praticamente afastado), os aumentos poderão atingir 21% entre 2050 e 2080, avança. Conclui-se, pois, que “o título de utilização do EFMA não chega, tem de ser aumentado”. Afinal, e como questiona Francisco Gomes da Silva, qual é o ganho no processo de trocar as utilizações atuais, limitando dotações, para manter uma base de rega assegurada para o futuro? Apesar de reduções projetadas na precipitação e nas afluências naturais às albufeiras, o estudo da Agroges conclui que existe margem para aumentar o título de utilização para cerca de 1.000 hm3, garantindo ainda dois anos de resiliência: "partindo de um cálculo que já inclui toda a água disponibilizada à EDP, numa perspetiva para daqui a 60 anos e no pior cenário de alterações climáticas, teríamos um sistema com capacidade para fornecer mil hectómetros cúbicos por ano para a agricultura e para os outros usos, mantendo dois anos de resiliência”. Em conclusão, a solução passa por “ter um título de utilização de recursos hídricos, nomeadamente para uso agrícola, claramente superior (dos atuais 590 hm3 deveríamos aproximarmos o mais possível dos tais 1000 hm3/ano). A grande questão é que o aumento do título tem que ser acompanhado pelo incremento de novas origens de água para o sistema do EFMA”, como a futura dessalinizadora de Sines, e pela criação de interligações entre bacias. Na minha opinião, “não temos em Portugal outra forma para conferir resiliência ao território em termos de água”, defende o especialista. “O QUE IMPORTA NÃO É A QUANTIDADE DE ÁGUA, MAS SIM A QUANTIDADE DE INTELIGÊNCIA QUE APLICAMOS A UMA CULTURA” Numa apresentação intitulada ‘Talete. O Valor de cada Gota’, João Lopes Bilro, sales representative da gama Syngenta Biologicals para Portugal, começou por destacar a importância da água na agricultura para introduzir o Talete, um bioestimulante que visa otimizar o uso da água pelas plantas. A empresa está a fazer ensaios em várias culturas, nomeadamente nas culturas regadas. A proposta é aumentar a eficiência no uso da água: “aquilo que queremos com o Talete é equilibrar muito melhor este rácio e tentar que as plantas parem o menos possível ao longo do ciclo, para não haver quebras de produção”. Como explica João Lopes Bilro a solução tem dois modos de ação: melhor retenção de água na planta e maior absorção; e a otimização do uso interno da água, aumentando a fotossíntese e a produção de clorofila. “Se conseguirmos que a planta pare muito menos, teremos mais índice de massa verde”, garante. Ensaios mostraram ganhos no consumo e eficiência da água: “na aplicação, na presença do Talete, estamos a conseguir mais de 10% de consumo de água na planta, comparativamente a uma testemunha”. Defendendo que a biostimulação tem sido uma ferramenta fundamental face aos desafios mundiais de produção e de sustentabilidade, o sales representative da Syngenta reforçou a importância de "investir não apenas na infraestrutura de rega, mas também na planta”.

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