II CONFERÊNCIA TÉCNICA DO OLIVAL 17 “HÁ SOLUÇÕES E TECNOLOGIA EM AVANÇO, MAS A FALTA DE COORDENAÇÃO, FINANCIAMENTO, VALIDAÇÃO CIENTÍFICA E CONFIANÇA NOS SISTEMAS SÃO ENTRAVES À INOVAÇÃO” A segunda mesa redonda da manhã de trabalhos encerrou a Conferência Técnica do Olival 2025, reunindo a participação de Gonçalo Morais Tristão, presidente do COTR - Centro Operativo de Tecnologia de Regadio, Centro de Competências para o Regadio Nacional, Pedro Rocha, EU business develpment irrigation technologies da ‘A Better Way to Grow’ e Fernando Fonseca, diretor na IBK (Methodus Seguros). O painel foi moderado por Gonçalo Rodrigues, professor auxiliar do ISA, que procurou avaliar em que medida está (ou não) o setor preparado com inovação e tecnologias emergentes para superar os desafios da gestão da rega. O presidente do COTR revelou-se otimista, afirmando que nos últimos anos “temos adquirido conhecimentos, cujos exemplos ouvimos ao longo desta manhã”. A nível tecnológico “o papel das empresas tem sido importantíssimo nos últimos anos”, disse ainda. Mas, e apesar de o setor estar cada vez mais preparado para enfrentar os desafios da rega, graças à acumulação e disseminação desse conhecimento, Gonçalo Morais Tristão reconhece falhas: “o olival mais moderno está aqui no Sul, e o regadio ajudou imenso o Alqueva, mas ainda não encontrámos a solução para generalizar o conhecimento e as tecnologias acerca da rega a toda a agricultura”. Como é que podemos ser mais eficientes através da tecnologia? Defendendo que é essencial “pôr o foco na solução” para reduzir o consumo, Pedro Rocha comentou: “compreendo que as necessidades de água vão aumentando, mas se reduzirmos a quantidade de água que necessitamos ela chegará para mais”. O responsável da ‘A Better way to Grow’ apresentou o DRI, uma solução subterrânea de rega de precisão inovadora já utilizada na Califórnia, que permite uma redução de até 50% no consumo de água, em comparação com sistemas gota-a-gota; tempos de rega mais curtos e períodos de rega menos alargados, reduzindo tempos de bombagem; menor incidência de pragas, doenças e infestantes; e maior eficiência na fertilização. Trata-se de uma solução tecnológica simples e comprovada que “se fosse implementada em toda a área de culturas permanentes da Península Ibérica permitiria economizar água suficiente para dar de beber a 12 mil milhões de pessoas num ano”, garante. Mas, ressaltou, a introdução de novas tecnologias exige tempo, validação local e apoio institucional. “O conhecimento ajuda-nos a gerir parte do risco, mas depois há uma preocupação que é a incerteza”, referiu o moderador, questionando o responsável da Methodus Seguros sobre os mecanismos a que os produtores podem recorrer, quando deparados com uma falta de água. Fernando Fonseca respondeu prontamente, ironizando que “os seguros não fazem chover, nem melhorar a qualidade da rega”. Mas perante a crescente preocupação com a mitigação dos riscos provocados pelas alterações climáticas, “trazem confiança ao gestor na hora de investir”. A agricultura é uma atividade económica “que vive num grau de incerteza muito grande durante todo o ano”, recordou. E por isso “é preciso identificar bem os riscos”, e as seguradoras, com outros parceiros que possuem Big Data, devem trabalhar para perceber qual é o risco real “e construir apólices que respondam de forma efetiva e eficiente às necessidades do agricultor”. Fernando Fonseca enfatizou a função estratégica dos seguros na mitigação de riscos climáticos e financeiros, sugerindo que o setor não pode estar “constantemente refugiado em produtos tradicionais, como o seguro de colheitas, que toda a gente contrata”. E defendeu a adoção do seguro paramétrico, baseado em dados objetivos, como uma resposta eficaz à incerteza. Recordando a proposta para uma certificação dos regantes (integrada na Estratégia ‘Agua que Une’) como forma de incentivar boas práticas e reduzir o risco para os seguros, Gonçalo Morais Tristão acredita que o setor “vai ter a vontade de continuar a apostar no regadio, no transvase com uma ou outra interligação onde faça falta”. E, nesse âmbito, o COTR, enquanto centro de competências a nível nacional, não pode atuar só em Beja e deve apoiar a agricultura noutras regiões, diz. Não obstante, o presidente do COTR enfatizou a necessidade de se
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