OPINIÃO Portugal precisa urgentemente de uma solução nacional e de investimento estruturante Estimamos que seja necessário investir mais de 2 mil milhões de euros até 2030 para garantir a resiliência hídrica de Portugal. O que torna evidente a necessidade de articulação de fontes de financiamento múltiplas. A falta de investimentos em infraestruturas hídricas e a falha em garantir o armazenamento e a distribuição eficiente da água terão efeitos devastadores na agricultura, com perda de produção, aumento dos custos e impacto na segurança alimentar do país. 28 José Núncio, presidente da FENAREG A água é, sem dúvida, um dos recursos essenciais para a sustentabilidade do nosso país nas suas múltiplas vertentes. No atual contexto geopolítico e geoestratégico, em que a água e a agricultura são cada vez mais fundamentais nos três pilares da segurança (defesa, alimentação e energia), torna- -se ainda mais evidente a necessidade urgente de uma estratégia nacional que garanta a gestão eficaz e o armazenamento eficiente de água. Neste sentido, e tendo em conta que sem água e regadio não há agricultura, a FENAREG tem vindo, desde 2019, a alertar para as necessidades e desafios que o setor do regadio enfrenta, mas acima de tudo, propondo soluções práticas, objetivas e exequíveis, apresentadas no seu ‘Contributo para uma Estratégia Nacional para o Regadio’. Nos últimos anos temos assistido à pressão crescente sobre os recursos hídricos do país. As albufeiras existentes, responsáveis pelo armazenamento da água necessária para os diversos usos, têm capacidade para reter apenas 20% das afluências médias anuais. Isto significa que 80% da água que poderia ser utilizada é desperdiçada. Este cenário não é apenas preocupante, é insustentável. Há que atuar e aumentar a capacidade de resiliência nacional. Começando pela eficiência - modernizar as infraestruturas de regadio é uma prioridade. Temos regadios públicos com mais de 40 anos, que sem investimentos significativos em modernização e em reabilitação continuam a ter perdas significantes. A comparação com os sistemas mais modernos, onde as perdas não superam os 10%, é alarmante, e constitui, para nós, um desperdício inaceitável. No entanto, a solução não pode passar apenas pela modernização das infraestruturas existentes. Portugal precisa de maior capacidade de armazenamento e de uma rede hídrica nacional interligada, capaz de garantir o abastecimento de água não só para a agricultura, mas para todos os setores, e que seja uma verdadeira reserva estratégica de água! A FENAREG tem sido clara ao defender a construção de novas barragens, como a do Alvito, no rio Ocreza, a do PisãoCrato, na bacia do Tejo, as da Foupana e de Alportel, no Algarve - vitais também para aliviar a atual pressão sobre os aquíferos - ou a de Girabolhos, no Mondego, assim como o alteamento de algumas barragens existentes em zonas com maiores afluências, como por exemplo, Lucefécit, Montargil ou Maranhão.
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