BA21 - Agriterra

34 SISTEMAS AUTOMÁTICOS DE REGADIO REFORÇAR O CAUDAL DO ALQUEVA Rui Garrido, presidente da ACOS – Associação de Agricultores do Sul, por seu lado, alertou para a necessidade de se definir como irá ser reforçado o caudal do Alqueva. “Porque a disponibilidade da água não é infinita e porque mesmo sendo uma barragem de fins múltiplos, a utilização que se lhe está a dar atualmente, e que se quer dar no futuro, vão muito além dos contornos definidos no projeto de construção feito há vinte anos”, afirmou, acrescentando que este é um problema que terá de ser resolvido no curto prazo, independentemente de quem venha a ganhar as eleições. A par disso o presidente da ACOS destacou igualmente a pertinência da construção das duas barragens no Concelho de Mértola que está prevista no projeto Água Que Une, e que precisa de ter em conta as características específicas da região e ser complementada com a criação de pequenos regadios para apoio à agricultura de sequeiro e à pecuária. Aspetos determinantes para o desenvolvimento e coesão territorial do Alentejo. O FUTURO DA ÁGUA É O FUTURO DO PAÍS A fechar a sessão de abertura, o vice- -presidente da CCDR Alentejo, Roberto Grilo relembrou que os desafios climáticos estão a transformar o regadio num poderoso instrumento que já se impõe igualmente nas produções de sequeiro.” Uma situação que irá ser cada vez mais frequente no futuro em Portugal, com o aumento previsto das temperaturas e consequentes períodos de seca intensa a extrema”, disse, afirmando que as alterações climáticas aliadas aos impactos geopolíticos e às questões da gestão transfronteiriça da água assinalam o fim do tempo da abundância e reclamam que Portugal entre, definitivamente, no novo tempo que é o da inteligência. O executivo referiu ainda que o futuro da água será o futuro do país, e que a agricultura em Portugal é parte da solução do problema da gestão da água. Assim o testemunha o facto de ter sido o setor agrícola quem mais investiu na modernização dos sistemas de água e regadio no nosso país nos últimos 15 anos. Chamando a atenção para que o Alentejo é uma região de paradoxo (por ser simultaneamente aquela onde se regista maior escassez de água, mas também a que tem maior potencial agrícola em todo o país), Roberto Grilo saudou a decisão do governo ao abrigo da qual o caroço da azeitona poderá passar a ser tratado como biomassa. Uma medida assaz relevante não apenas pela circularização económica que irá impulsionar no setor agrícola, como pelo elevado potencial decorrente do volume de caroço que Portugal tem disponível – só em 2025 estima-se que sejam cerca de 150 mil toneladas. ÁGUA: RECURSO ESSENCIAL E ESTRATÉGICO Na apresentação sobre a “Estratégia Geopolítica atual - impactos”, o especialista em geoestratégia, coronel Carlos Mendes Dias, não só explicou os vários contornos históricos, políticos e conflituais da água ao longo dos tempos, como defendeu que a água – um recurso crítico por ser escasso, é também tanto um recurso essencial quanto estratégico, e sublinhou que todo o facto político é um facto de poder. Tendo isto em consideração, importa identificar as potenciais ameaças que decorrem da distribuição deficiente e desigual da água, o que torna a sua partilha uma realidade teórica. Rui Garrido, presidente da ACOS – Associação de Agricultores do Sul. Roberto Grilo, vice-presidente da CCDR Alentejo.

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