36 SISTEMAS AUTOMÁTICOS DE REGADIO O especialista lembrou que as bacias hidrográficas cobrem 45% da superfície terrestre e é nessas zonas que se concentram as populações humanas em todo o mundo. Uma equação ainda mais complexa, se tivermos em conta que dos 261 rios que existem em todo o mundo, pelo menos mais de 150 são partilhados por mais de um país, o que constitui um desafio à gestão e distribuição da água através de continentes e regiões e nos remete para as inúmeras disputas que desde sempre se têm registado neste contexto através do tempo. Como exemplos mais recentes, Mendes Dias recordou o novo conflito entre a Índia e o Paquistão – duas potências nucleares, e no âmbito do qual foi suspenso o acordo de águas em Caxemira. Consequentemente o Paquistão ficou sem água, houve um impacto imediato nas colheitas, colocando em risco a agricultura, o país e as populações, fazendo subir os preços dos alimentos e impulsionando a escassez hídrica e alimentar. O que levou à seguinte conclusão: “é importante tratarmos a água como recurso essencial para evitarmos que se torne estratégico e nos leve para contextos hostis, mas ainda assim é fundamental estarmos preparados para lidar com estas potenciais situações de hostilidade”. Referindo-se ao atual contexto geopolítico e às questões da interdependência entre países em matéria de água, o especialista referiu que a mesma tem sido excecional no contexto europeu, mas que há trabalho a fazer, porque existem áreas estratégicas em que é preciso ter autonomia tanto a nível local (Portugal), como num contexto mais amplo e de região (Europa). Comparando com o tema das disputas pelos metais raros, Mendes Dias lembrou que os conflitos em torno da água são muito mais antigos e permanentes na história da humanidade, e disse que tanto a água como a agricultura têm um papel determinante no contexto da segurança. A resiliência hídrica em Portugal só pode ser alcançada através da execução dos projetos já previstos no projeto Água Que Une. Esta foi a mensagem defendida por José Pimenta Machado, presidente da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), que lembrou que a gestão da água no atual contexto das alterações climáticas nos lança um duplo desafio, porque a par da escassez temos igualmente, e de forma cada vez mais recorrente e incisiva, situações de cheias e de excesso de água. Pimenta Machado, que relembrou que as albufeiras são fundamentais nos momentos de crise, defendeu que foi a água que salvou o país do recente “apagão”. Saudando a decisão do Governo de instalar o black start em Alqueva e Baixo Sabor de modo a que, em conjunto com as barragens Coronel Carlos Mendes Dias. José Pimenta Machado, presidente da Agência Portuguesa do Ambiente (APA).
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