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I CONFERÊNCIA TÉCNICA PERA E MAÇA 11 movida pela Induglobal para, em representação do município, desejar que “saiam frutos desta conferência”, tanto para os oradores convidados como para as quase duas centenas de participantes. ALGORITMOS NO POMAR: “É PRECISO CONTAR” A reflexão sobre inovação sustentável e tecnologias aplicadas à cultura da pera e da maçã iniciou-se com a intervenção de Miguel Leão, PhD e investigador principal | researcher do INIAV, que abordou a necessidade de o setor da fruticultura adotar mais eficiência tecnológica e sustentável para garantir a competitividade. A nível de eficiência económica, o especialista questionou a falta de uso de ferramentas de gestão tecnológica por parte de muitos fruticultores. Defendendo a profissionalização do setor, Miguel Leão alertou que a tomada de decisões “com base em critérios empíricos”, em vez de racionais e tecnológicos, “leva a decisões tardias e erradas”. A tecnologia é essencial para a monitorização e eficiência que garante a competitividade: “se soubermos quantos gomos florais temos e qual a taxa de vingamento que precisamos podemos fazer uma aplicação mais racional dos bioreguladores, adequar o peso dos polinizadores no pomar, a estratégia de monitorização, etc.”, explicou. “Há um número mágico que todos os produtores têm de saber dos seus pomares: qual é o número médio de frutos que querem por árvore. É preciso contar", concluiu. Quanto a proteção integrada, a tecnologia de câmaras dentro de armadilhas e o desenvolvimento de algoritmos de inteligência artificial (IA) permitem identificar pragas e avisar o produtor quando o nível económico da praga é ultrapassado. A este respeito, “o INIAV está a desenvolver uma aplicação, de acesso gratuito, para centralizar estes registos a nível nacional”, avança o responsável do INIAV. Já na deteção de doenças, o uso de drones e satélites com câmaras multiespetrais permite “detetar doenças antes de estas se manifestarem”, facilitando a intervenção precoce. Quanto à pulverização de precisão, “a regra fundamental é ajustar o volume de calda ao volume de vegetação a tratar”, evitando o desperdício de produto. Na biodiversidade em culturas permanentes, o desafio é a mobilização mínima e o reforço do banco de sementes “com espécies que promovam a fixação de polinizadores dentro do pomar, focadas na massa foliar ou na descompactação na zona dos rodados”, por exemplo. O ecopomar “é naturalmente um tema que tem de ser matriz comum em todas as regiões, e temos de estar comprometidos com ele”, alerta Miguel Leão: “é necessária uma transição mental” que gere um “equilíbrio fundamental para a eficiência na produção”. Finalmente, a escassez de mão de obra para a colheita é uma questão que preocupa”, diz, e que torna a robótica inevitável. Estão a ser desenvolvidos robôs autónomos e drones que permitem uma colheita seletiva baseada em critérios como “tamanho, cor, brix e grau de maturação”. E já que se terá de fazer a transição para os pomares cobertos, as redes devem ser usadas não só para proteção contra granizo e escaldão, “mas também pelas suas propriedades fotoseletivas”, que otimizam a luz para a planta e reduzem o calor. Ainda a nível tecnológico, estão a ser trabalhadas “alternativas como a monda térmica, eletrochoques e o uso de filmes na linha” para substituir os herbicidas. Também na mecanização, a conversão para equipamentos elétricos alimentados por energia produzida na própria exploração pode inverter a pegada de carbono do setor. Por último, Miguel Leão destaca que o INIAV está a testar o agrovoltaico até dezembro para reduzir o escaldão solar mantendo a qualidade dos frutos e, simultaneamente, gerar uma fonte de rendimento alternativa. José Bernardo Nunes, vice-presidente da CCDR - LVT, abriu a Conferência em representação do Ministro da Agricultura e Mar, José Manuel Fernandes.

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