BA24 - Agriterra

I CONFERÊNCIA TÉCNICA PERA E MAÇA 13 nas “como uma ferramenta técnica de produção”. O responsável da COOP de Alcobaça distinguiu entre o state of the art e a tecnologia que está num nível de custo-benefício que o produtor pode adaptar. Helena Vazão reforçou o papel do SFCOLAB na democratização da digitalização na agricultura, com a missão de “ajudar a perceber a utilidade da tecnologia”. Dando exemplos de tecnologias em uso em pomares de pera e maçã em Torres Vedras e Alcobaça, incluindo sensores meteorológicos, sensores do solo, armadilhas inteligentes e voos de drones, a diretora defendeu que estas ferramentas “permitem desenvolver modelos para alertas de pragas e doenças e mapear o vigor das plantas para uma pulverização mais direcionada”, o que resulta em poupança de recursos. Sandro do Vale destacou a dimensão da exploração como um fator crucial. “As grandes explorações incentivam- -nos ao desenvolvimento de soluções que exigem a integração de diferentes infraestruturas tecnológicas, é um requisito”. Já junto do pequeno agricultor, “a mentalidade é diferente e há a questão do custo e falta de conhecimento”, lamenta o diretor de operações da Wisecrop. Numa segunda ronda de perguntas, Gonçalo Morais Tristão e Ricardo Santos concordaram que o financiamento do serviço (e não apenas do equipamento) é a chave para a adoção tecnológica por parte dos pequenos produtores. Para o diretor de serviço, este tipo de financiamento, associado a serviços partilhados, é essencial para ultrapassar as dificuldades financeiras e a instabilidade geopolítica que afeta a Política Agrícola Comum (PAC), o que “vai fazer muita diferença na bolsa dos agricultores”. “Tendo em conta a redução do défice orçamental que se prevê, deve-se financiar o bem ou o serviço?”, questiona Ricardo Santos. Por último, o financiamento para a transferência do conhecimento “é fundamental para que o agricultor possa ter acesso a tecnologias e programas”, como considera Gonçalo Morais Tristão. Na SFCOLAB tenta-se contornar a falta de financiamento para o serviço através da capacitação dos agricultores: “não queremos vender tecnologia, ensinamos a utilizá-la. Fazemos formação a produtores e cooperativas", avançou Helena Vazão. Na opinião de Sandro do Vale, “as políticas estão muito assentes numa vertente de aquisição para infraestrutura [das explorações], mas o serviço é que faz entregar propostas de valor a curto prazo”. O painel concordou que a transmissão do conhecimento é um obstáculo que precisa de ser ultrapassado, pois o que é gerado pelo ’poder’ e em centros de investigação nem sempre chega de forma eficaz ao agricultor que está no terreno. NOVA PROPOSTA DE VALOR APOSTA NA CAPACITAÇÃO DE PROXIMIDADE A intervenção de Filipa Saldanha, diretora de sustentabilidade do Crédito Agrícola, foi outro dos momentos mais aguardados na Conferência Técnica da Pera e Maçã. Sob a temática ‘O papel da banca na transição para uma agricultura sustentável e resiliente’, a oradora centrou-se “na estratégia de sustentabilidade do banco e nas questões do negócio sustentável, que é o eixo estratégico através do qual conseguimos ter um verdadeiro impacto na transformação da economia e das empresas”. A grande missão do Crédito Agrícola “é apoiar o desenvolvimento sustentável das comunidades locais rurais, e procuramos fazê-lo através de uma banca de proximidade, sustentável e com propósito”. No Crédito Agrícola “temos a consciência de que temos um impacto sistémico e real na economia”, sublinha. Filipa Saldanha, diretora de sustentabilidade do Crédito Agrícola, anunciou a aposta do banco em novos programas de financiamento e capacitação de proximidade para os agricultores.

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