BA24 - Agriterra

PEQUENOS FRUTOS | OPINIÃO 45 gico, implementando modelos de agricultura de precisão que estão a construir um modelo produtivo mais sustentável: hoje, novas tecnologias como sensores de humidade, a monitorização dos substratos, sistemas de rega com captação de águas pluviais e reaproveitamento hídrico e análise de dados preditivos permitem otimizar recursos e reduzir desperdícios, aumentar a produtividade e responder aos desafios ambientais. Investir em tecnologias digitais e plataformas de gestão de dados é, portanto, não apenas uma oportunidade, mas uma necessidade para garantir competitividade e eficiência. Importa que se simplifiquem processos e se deixe os produtores fazerem mais e melhor. Ao longo destas duas décadas de trabalho, a Lusomorango tem adotado práticas que promovem a biodiversidade local, aproveitam resíduos orgânicos, aplicam princípios de agricultura regenerativa e reduzem o uso de fitofármacos. Estas práticas permitem não apenas melhorar a qualidade e o sabor dos frutos que produzimos, mas também gerar valor agregado no mercado, dado o crescente interesse dos consumidores por produtos rastreáveis e responsáveis. A eficiência operacional, combinada com a inovação tecnológica, constitui uma oportunidade para reduzir custos, aumentar rendimentos e reforçar a resiliência do setor frente a choques climáticos, mercadológicos ou logísticos. O CENTRO DE INVESTIGAÇÃO PARA A SUSTENTABILIDADE Um dos eixos impulsionadores do caminho de crescimento da Lusomorango é o Centro de Investigação para a Sustentabilidade, localizado no Polo de Inovação da Fataca, em Odemira, e criado em 2023. Resultante de uma parceria entre a Lusomorango, o INIAV – Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária, a Driscoll’s e a Maravilha Farms, este é o primeiro laboratório em Portugal dedicado à investigação aplicada à produção agrícola sustentável de pequenos frutos. Distinguido com o Prémio Sustentabilidade 2025 do Centro Operativo e Tecnológico Hortofrutícola Nacional (COTHN), tem desempenhado um papel fulcral no desenvolvimento de práticas inovadoras de cultivo, métodos de rega mais eficientes, soluções de monitorização de solo e plantas e estratégias de produção com menor impacto ambiental. A presença de investigadores, técnicos e produtores neste mesmo espaço tem permitido uma transferência de conhecimento rápida e aplicada, convertendo investigação em resultados concretos no campo. Com a experimentação e utilização de tecnologia de ponta, o Centro é um catalisador de inovação que fortalece toda a cadeia produtiva. Além disso, contribui também para formação contínua, capacitando profissionais da área, promovendo boas práticas e estimulando a adoção de soluções de agricultura sustentável. Este modelo de investigação aplicada serve ainda de referência para outras regiões e culturas, contribuindo para que Portugal evolua na inovação agrícola e sustentabilidade. PERSPETIVAS PARA OS PRÓXIMOS ANOS Olhando para os próximos 20 anos, o setor dos pequenos frutos enfrenta um cenário desafiante, mas repleto de oportunidades. Mas o caderno de encargos não é pequeno: é necessário simplificar processos administrativos e regulatórios, para reduzir burocracia e incentivar investimento e inovação; investir na modernização e em novas infraestruturas de água e tecnologias de irrigação inteligente, garantindo segurança hídrica e eficiência no uso de recursos; potenciar a internacionalização e o acesso a novos mercados, através de certificações, logística avançada e rastreabilidade digital; apostar em inovação, sustentabilidade e agricultura de precisão, como pilares para aumentar produtividade, reduzir impactos ambientais e criar valor; fortalecer centros de investigação aplicados, como o de Odemira, para assegurar que ciência, tecnologia e prática agrícola caminham juntas. A Lusomorango demonstrou, ao longo de 20 anos, que é possível conciliar crescimento económico, inovação e responsabilidade social e ambiental. O futuro exigirá visão estratégica, colaboração entre produtores, investigadores e entidades públicas. E, sobretudo, um compromisso profundo de todos estes stakeholders com a sustentabilidade. A Lusomorango aceitou este desafio em 2005. Prestes a entrar em 2026, seria importante que os decisores e responsáveis políticos dessem o mesmo passo. n O Centro de Investigação para a Sustentabilidade é o primeiro laboratório em Portugal dedicado à investigação aplicada à produção agrícola sustentável de pequenos frutos

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