77 ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS MARCELO REBELO DE SOUSA, Presidente da República “Energia limpa, gestão da água e infraestruturas resilientes são essenciais na adaptação” As Alterações Climáticas representam não um, mas vários desafios, transversais a toda a sociedade e a todas as geografias. Conseguirmos enfrentá-los com sucesso exige uma cooperação multilateral e multissetorial, o envolvimento alargado dos agentes económicos, da comunidade científica, das organizações da sociedade civil, da administração pública. Mas também uma ação individual de todos e cada um de nós. Portugal é particularmente vulnerável. Tem vindo já a sofrer de fenómenos como secas prolongadas, ondas de calor, incêndios florestais e a subida do nível do mar, que se perspetiva virem a ser mais frequentes e intensos. E o impacto poderá ser ainda maior, na saúde e qualidade de vida dos cidadãos, segurança e na economia do país, na agricultura e na biodiversidade. Mitigar estes efeitos implica reduzir ainda mais as emissões, apostar cada vez mais numa economia circular e de baixo carbono, assente no respeito pelos ecossistemas e na valorização do capital natural. Adaptarmo-nos implica continuar a aposta em energia limpa, reforçar a gestão da água, investir em infraestruturas resilientes e desenvolver modelos de negócio sustentáveis sem travar o crescimento económico. Mas, neste percurso, é preciso também assegurar uma transição justa, que garanta coesão social e territorial e solidariedade intergeracional. Este é um desígnio coletivo, que exige empenho, investigação científica, inovação tecnológica e escolhas responsáveis de todos. MARIA DA GRAÇA CARVALHO, ministra do Ambiente e Energia “Temos de cuidar da água para garantirmos um futuro” As alterações climáticas são o maior dos desafios que o ser humano enfrenta. Com períodos de seca mais prolongados e eventos climáticos mais extremos, não são apenas as infraestruturas que estão em risco, mas a própria disponibilidade da água que bebemos e de que precisamos para viver. O aumento da temperatura provoca maiores índices de evaporação e a seca ameaça os aquíferos subterrâneos. Já hoje testemunhamos mudanças na biodiversidade que põem em causa o mundo tal como o conhecemos. Ninguém está preparado para a extinção dos corais, nem ninguém quer ver o bacalhau a migrar para um sítio onde não possa ser pescado. Estes não são apenas sinais do impacto económico, mas também da maior vulnerabilidade a que as alterações climáticas nos expõem. É urgente aprender a viver de forma mais inteligente com a água, agir com criatividade na forma como a usamos, armazenamos e partilhamos. O Governo já apresentou uma Estratégia Nacional para garantir maior eficiência e resiliência hídrica. A 'Água que Une' não se limita a um generoso pacote financeiro. Prevê mais água disponível para a agricultura com recurso à reutilização de água e modernização dos sistemas; novas barragens e o aumento da capacidade das que já existem; maior controlo nas redes de abastecimento para evitar perdas; e recurso à tecnologia para uma melhor gestão. Os efeitos das alterações climáticas são tão dramáticos que só nos resta uma solução: adaptarmo-nos e o quanto antes. Temos de cuidar da água para garantirmos um futuro. E esta é uma esperança que deve ser bem regada. JOSÉ MANUEL FERNANDES, ministro da Agricultura e Mar “Adaptar o setor é garantir futuro, segurança alimentar e equilíbrio climático” O setor agroflorestal nacional enfrenta um dos maiores desafios de sempre: adaptar-se às alterações climáticas. Fotografia: Sara Matos Fotografia: Jorge Oliveira
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