BA24 - Agriterra

78 ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS Fenómenos extremos, escassez de água e perda de biodiversidade já são realidades que exigem ação global, coordenada e solidária. É essencial reduzir emissões, apostar na inovação, melhorar a gestão da água e valorizar a floresta. Em Portugal, o Governo tem vindo a promover práticas sustentáveis que valorizem os ecossistemas. O Plano de Intervenção para a Floresta, que já está em marcha, aposta nos pilares da valorização, resiliência, propriedade e governança, com um investimento de 6,5 mil milhões de euros a 25 anos, transformando as florestas em motores de sustentabilidade. Também a Estratégia Nacional 'Água que Une' define cerca de 300 medidas, a aplicar num horizonte de 15 anos, para eficiência, resiliência e inteligência na gestão hídrica, incluindo reutilização de águas residuais e criação de novas infraestruturas. Com políticas integradas e financiamento europeu articulado, não apenas através dos fundos da Política Agrícola Comum, mas também com a ajuda dos fundos da Coesão, do Fundo Ambiental, ou do Horizonte Europa, Portugal reforça a competitividade, a coesão territorial e a sustentabilidade ambiental. Adaptar o setor é garantir futuro, segurança alimentar e equilíbrio climático. HELENA CANHÃO, secretária de Estado da Ciência e Inovação, e CLÁUDIA SARRICO, secretária de Estado do Ensino Superior “O Ensino Superior e a Ciência são fundamentais” As alterações climáticas deixaram de ser uma previsão para se tornarem uma realidade visível em Portugal. Em 2025, o país teve o terceiro mês de junho mais quente desde 1931, quando se iniciaram os registos de temperatura. A cada ano, o impacto das alterações climáticas intensifica- -se, com incêndios florestais e ondas de calor extremo. O nosso país será também um dos mais afetados na Europa pela subida do nível médio das águas do mar. Essas mudanças têm um impacto transversal na saúde das pessoas, no ambiente, na economia e na capacidade de produção em áreas como a agricultura e a pesca. O Ensino Superior e a Ciência são fundamentais para identificar, prevenir e mitigar as consequências das alterações climáticas. Das ciências fundamentais à investigação aplicada, os nossos investigadores deram um contributo valioso na identificação da libertação de gás metano causada por alterações no permafrost, na sinalização de enzimas que retiram dióxido de carbono da atmosfera e na proposta de estratégias para a gestão sustentável dos oceanos, adaptadas às mudanças provocadas pelas alterações climáticas. A ciência está também integrada no Ensino Superior, que tem um papel decisivo na criação, transmissão e valorização desse conhecimento científico. Através da integração da sustentabilidade nos currículos, na investigação e na vida académica, as instituições preparam cidadãos e profissionais capazes de transformar evidência em ação. Mas, para que isto aconteça, é necessário que Portugal disponha de um Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação moderno, capaz de apoiar a investigação científica e a transmissão do conhecimento para o setor produtivo. A criação de estruturas robustas, a atualização de legislação como o Regime Jurídico das Instituições de Ensino Superior e a Lei da Ciência, que vai passar a ser também da Inovação, são passos fulcrais para remover obstáculos e tornar o ensino superior, a ciência e a inovação cada vez mais adaptados a este e outros desafios. BERNARDO FUTSCHER PEREIRA, representante permanente de Portugal junto da FAO “O futuro exige soluções estruturais” O setor agroflorestal enfrenta o dilema entre a resposta imediata às crises provocadas pelos choques climáticos, marcada pela emoção e urgência, e uma visão de longo prazo, ancorada na ciência e na sustentabilidade ambiental, económica

RkJQdWJsaXNoZXIy Njg1MjYx