BA10 - Agriterra

ABACATE 27 agroecológico e usa-se sobretudo na horticultura intensiva em modo de produção biológico. Na agricultura tradicional havia vários exemplos de consociações muito comuns, como eram a consociação de milho com feijão ou o pomar misto tradicional de sequeiro do Algarve. Atualmente, na agricultura convencional é muito difícil fazer o cultivo em consociações porque os tratamentos fitossanitários feitos a uma das culturas da consociação acabam por atingir a(s) outra(s) cultura(s) que partilha(m) o mesmo espaço. Isso levaria a que os produtos dessas culturas tivessem maiores teores de resíduos de produtos fitossanitários porque teriam resíduos de tratamentos dirigidos a outras culturas. Além disso, a mecanização é muito mais difícil. Mesmo assim há experiências de consociações que seria interessante desenvolver. Não conhecemos consociações de abacateiros com outras culturas, usadas em larga escala, mas sequer tem sido considerada de forma autónoma namaioria dos levantamentos estatísticos. Em 2021, a área de abacateiro já era de 2230 ha, ou seja, tinha tido um aumento de cerca de 400 ha, passando a constituir cerca de 4,36% das culturas permanentes. Desta forma, no Algarve, a cultura do abacateiro não pode ser considerada umamonocultura. Antes pelo contrário, esta cultura vemdiversificar aindamais uma agriculturaque já ébastantediversificada. Poderemos questionar-nos sobre se o abacateiro, com a sua expansão, poderá tornar-se uma monocultura. A resposta é claramente que o abacateiro nunca poderá ser umamonocultura em Portugal, nemmesmo no Algarve, uma vez que a planta é suscetível à geada, só podendo ser cultivado em zonas limitadas, onde a probabilidade de geada é relativamente baixa. O ABACATEIRO E A (PERDA DE) BIODIVERSIDADE A ideia de que a instalação de pomares de abacateiro contribui para a perda de há casos isolados e seria bom explorar essa possibilidade, sobretudo em agricultura biológica. O ABACATEIRO PODERÁ CONSTITUIR UMA MONOCULTURA NO ALGARVE? Será que faz sentido falar de “monocultura do abacateiro” e afirmar que é a novamonocultura do Algarve? Numa região com4960 km2 (496 000 ha), em 2019 a cultura do abacateiro ocupava 1833 ha (0,37% da superfície total da região), segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE, 2022). A área total das culturas permanentes do Algarve era de 56 754 ha e, portanto, a área de abacateiro correspondia a 3,23% do total de culturas permanentes. Entre as culturas permanentes do Algarve comáreas superiores tínhamos os citrinos (13 951 ha), a alfarrobeira (13 584 ha), a oliveira (9409 ha), e a amendoeira (5004 ha). O abacateiro é assim uma cultura com uma área muito limitada, que nem

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