BA10 - Agriterra

80 FRUTOS SECOS como polinizadoras. Recomenda-se, assim, o recurso a variedades polinizadoras na plantação, de modo a garantir uma correta polinização. Um dos aspetos chave para o desenho de uma boa plantação, com o objectivo de obter uma boa produção, consiste na correta seleção das variedades produtivas e das respetivas variedades polinizadoras, assim como o seu número e disposição em campo. Recomenda-se habitualmente um desenho onde cada linha possua apenas uma variedade e contar com uma percentagem de variedades polinizadoras entre os 8% e 12%. Entre cada 6-9 filas da variedade produtiva (variedade a polinizar) deve ser colocada uma variedade polinizadora, sendo que devem ser utilizadas duas variedades polinizadoras, de forma alternada. 5. PLANTAÇÃO, COLHEITA E ESCOAMENTO O compasso de plantação recomendado varia em função de vários fatores, nomeadamente do custo/ investimento pretendido. A plantação realiza-se preferencialmente no sentido N-S e a distância entre as linhas deverá ser superior a 4m, por forma a garantir as distintas operações culturais. Recomenda-se sempre uma distância mínima entre plantas de 2m. Desta maneira, pelo comportamento agronómico desta espécie e para o estabelecimento de uma sebe bem formada o compasso mais reduzido que se deverá utilizar é de 4 x 2m, isto é 1250 plantas/ha. Com diferença de outros frutos secos cultivados em alta densidade onde a colheita é feita commáquinas cavalgante, como no caso do amendoal em sebe, as avelãs são colhidas directamente do solo, após a sua queda de forma natural. Nestes pomares, a colheita é também mecanizada e as operações são efetuadas com recurso a equipamentos idênticos aos utilizados na colheita da castanha Os frutos são colhidos por um sistema “tipo aspirador”, podendo ser adaptados os equipamentos da castanha. A produtividade varia, dependendo das variedades e das condições climatéricas, rondando habitualmente os 2.500kg/ha. Sobre os custos de instalação de um pomar moderno de aveleiras, recorrendo a um Projecto Chave na Mão, Alexandre Castilho (Hidro-Ibérica), refere que “é necessário estudar bem os custos em cada local e adianta que, para rentabilizar máquinas próprias, será necessário implementar uma área mínima de 8 a 10 hectares. Abaixo disso, poder-se-á trabalhar com equipamentos partilhados, de uma OP, por exemplo”. Um estudo recente sobre a cultura da aveleira indicava que a instalação de um hectare de pomar moderno, mecanizado e regado, equivale a um investimento pouco superior a 10 a 15 AVELEIRA: ESTADO DA PRODUÇÃO, TRANSFORMAÇÃO E COMERCIALIZAÇÃO A área de produção concentra-se nas regiões norte e centro do país, em particular na Beira Litoral, distrito de Viseu, preferindo zonas frias e de média altitude. Nos últimos anos verifica-se o interesse em aumentar a área em pomar ordenado, como uma boa alternativa a outras culturas, face à possibilidade de apresentar custos de instalação moderados e baixos custos de produção, para além de se tratar de um fruto pouco perecível e de fácil conservação e transporte. Após a colheita e secagem, torna-se necessário o armazenamento e conservação do fruto em condições adequadas, com o objectivo de garantir a qualidade (valor nutricional e atributos sensoriais) até ao consumidor final. A apetência para a transformação da avelã deve-se essencialmente às suas caraterísticas organoléticas, levando a que seja uma matéria-prima importante na elaboração de produtos bastante consumidos e apreciados, como é o caso dos cremes de avelã e chocolate para barrar o pão, bem como a sua introdução na manufatura de chocolates com avelãs. A produção mundial de avelã atinge quase 1 milhão de toneladas/ano, com a Turquia a liderar este mercado, ao assegurar cerca de 63% da produção total (630 mil toneladas). No panorama mundial, a produção nacional não tem expressão significativa, já que, em Portugal, a cultura da avelã ocupa, atualmente, uma área de 393 hectares, com uma produção anual de cerca de 360 toneladas. mil euros por ha (Projecto Chave na Mão). A previsão é de que o montante investido possa ser recuperado entre seis e oito anos após a implementação, obtendo-se lucro daí em diante. A projeção considera umpreço médio de venda da avelã, conservador, de 2,5 euros por quilo. Neste momento, há uma garantia de escoamento da produção, incentivada pela conhecidamarca de chocolates Ferrero Rocher, que tem mostrado bastante interesse na compra da avelã produzida em Portugal. António Machado salienta que “do ponto de vista técnico o avelanal não é uma cultura muito exigente contudo requer algum conhecimento técnico, emespecial se conduzido emalta densidade (sebe)”. Adianta ainda que “a produção em modo biológico deve ser considerada já que a incidência de pragas e doenças, comparativamente a outros frutos secos, é inferior, pelo que se pode criar um valor acrescentado, tanto do ponto de vista económico como de qualidade do produto final”. n

RkJQdWJsaXNoZXIy Njg1MjYx