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SUMÁRIO Edição, Redação e Propriedade INDUGLOBAL, UNIPESSOAL, LDA. Avenida Defensores de Chaves, 15, 3.º F 1000-109 Lisboa (Portugal) Telefone (+351) 215 935 154 E-mail: geral@interempresas.net NIF PT503623768 Gerente Aleix Torné Detentora do capital da empresa Grupo Interempresas Media, S.L. (100%) Diretora Gabriela Costa Equipa Editorial Gabriela Costa, Sónia Ramalho, Ángel Pérez, Alejandro de Vega Marketing e Publicidade Frederico Mascarenhas e Hélder Marques redacao_agriterra@interempresas.net www.agriterra.pt Preço de cada exemplar 11 € (IVA incl.) Assinatura anual 55 € (IVA incl.) Registo da Editora 219962 Registo na ERC 127451 Déposito Legal 471809/20 Distribuição total +5.300 envios Distribuição digital a +4.200 profissionais. Tiragem +1.100 cópias em papel Edição Número 21 – Maio de 2025 Estatuto Editorial disponível em www.agriterra.pt/EstatutoEditorial.asp Impressão e acabamento Lidergraf Rua do Galhano, n.º 15 4480-089 Vila do Conde, Portugal www.lidergraf.eu Media Partners: Os trabalhos assinados são da exclusiva responsabilidade dos seus autores. É proibida a reprodução total ou parcial dos conteúdos editoriais desta revista sem a prévia autorização do editor. A redação da Agriterra adotou as regras do Novo Acordo Ortográfico. ATUALIDADE 4 EDITORIAL 5 “O olival moderno português está a responder com inovação, tecnologia e sustentabilidade” 10 Feira de Inovação Agrícola do Fundão integra 1.º Simpósio Internacional da Cereja 20 Agritechnica 2025 22 Entrevista com Luís Mira, administrador do CNEMA 24 Portugal precisa urgentemente de uma solução nacional e de investimento estruturante 28 Água e agricultura são fundamentais nos três pilares da segurança 32 Fenacore estima a poupança de água resultante da utilização da IA na agricultura 40 Perímetro de rega do Mira: mais de 130 milhões de euros em receitas fiscais 42 Uso de dados para melhorar a gestão de culturas 44 O futuro do azeite português é sustentável e certificado 46 Inovação na monitorização inteligente para otimização da poda em verde e acompanhamento da maturação das uvas 48 INCREASE: o programa que está a contribuir para a agrobiodiversidade europeia 52 Bioestimulante desenvolvido por Tecniferti e Rhizolab demonstra resultados promissores na produção de nogueira 54 ICNF e Fundo Ambiental lançam 'Floresta Ativa' 56 Centros de competências promovem setor agroflorestal mais resiliente e competitivo 58 Soluções PRONAR Recycling para a Sustentabilidade Florestal 60 Husqvarna apresenta duas novas motosserras 62 Quem somos, o que fazemos e onde queremos estar 64 Jumbo X, grade rotativa Maschio Gaspardo até 10 m de largura de trabalho 66 MF eXperience Tour 2025: A proximidade que faz a diferença no campo 68 Potenzia assume representação oficial da LS Tractor em Portugal e Espanha 70 Máquinas e equipamentos de pequeno porte altamente personalizáveis 72 BKT apresenta AGRIMAX PROHARVEST VF 74 Tony 8900 TRG: Colheitadeira de frutas reversível de Antonio Carraro com transmissão contínua TONY 76 Mercado de máquinas e reboques agrícolas em Portugal no primeiro trimestre 78 CEMA elabora um documento de referência sobre a regulamentação e a aplicação da legislação em matéria de dados 80
4 MAIS NOTÍCIAS DO SETOR EM: WWW.AGRITERRA.PT • SUBSCREVA A NOSSA NEWSLETTER ATUALIDADE Agricultores do Sul da Europa defendem PAC mais forte, mais justa e mais competitiva Em Bruxelas, a CAP e as suas congéneres de Espanha, Itália, Grécia, França e Croácia, emitiram, de forma inédita, uma posição concertada entre as Confederações de Agricultores que representam o Sul da Europa. Terminou ontem a ronda de reuniões institucionais que a Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) promoveu junto das instituições europeias, em Bruxelas. O ponto alto da deslocação foi a audiência com o Comissário da Agricultura e Alimentação, Christophe Hansen. Nesse encontro, em que, por iniciativa da Confederação portuguesa, participaram também as suas congéneres de Espanha, Itália, Grécia, França e Croácia, foi transmitida uma posição concertada, de forma inédita, entre as Confederações de Agricultores que representam o Sul da Europa. Como refere a CAP, no dia em que a Comissão apresentou um pacote de simplificação burocrática da Política Agrícola Comum (PAC), os agricultores elogiaram a proposta, mas deixaram claro que está longe de assegurar a competitividade e a resiliência que o setor agrícola europeu necessita. Antes de mais, a condição deve passar pela manutenção da PAC como instrumento central da política europeia, tal como acontece desde a fundação da UE. A Comissão pretenderia integrar o orçamento destinado à Agricultura europeia num fundo único. Face a isto a CAP defende que este é um momento crucial para o setor que exige a união das vozes e das forças dos diversos Estados-Membros, na defesa de uma PAC mais forte. Uma PAC assente nos dois pilares que a têm historicamente sustentado, os apoios aos agricultores e os fundos destinados ao desenvolvimento rural. E uma PAC que dê resposta às especificidades muito próprias da Agricultura do Sul da Europa, agravadas pela escassez de água e pelas consequências das alterações climáticas. Sobre o caso Álvaro Mendonça e Moura, o presidente da CAP, afirma: “entendemos ser este um momento crucial para unir os esforços dos agricultores do Sul da Europa. Podemos ter passados históricos diferentes e culturas diversas, mas a nossa realidade agrícola partilha de muitos pontos comuns. Debatemo-nos com as mesmas dificuldades e idênticos dilemas. Precisamos de trabalhar em conjunto e de fazer ouvir a nossa voz, unida, junto dos decisores políticos. Foi por isso que a CAP decidiu promover, em Bruxelas, o encontro entre as diversas confederações e alinhar as posições. Juntos, os agricultores do Sul da Europa são mais fortes.” O responsável máximo da CAP lembrou que este é um momento de enorme relevância e crucial para o futuro da própria UE, referindo que “a ameaça de uma renacionalização da PAC, deixando a cada país a decisão individual sobre o orçamento destinado à atividade agrícola, coloca em causa a competitividade do conjunto da Agricultura Europeia e aprofunda as desigualdades entre países. Trata-se da única política da UE verdadeiramente comunitária. E assim deve continuar promovendo a justiça entre os agricultores europeus e garantindo aos cidadãos o acesso a produtos alimentares de qualidade e seguros. Este é um desígnio que não pode ser posto em causa". Em conjunto, as confederações agrícolas dos seis países defenderam também, numa altura em que se inicia a discussão do próximo orçamento do Quadro Financeiro Plurianual da UE (2028-2034), o reforço das verbas destinadas à Agricultura, para colmatar o enorme aumento dos custos de produção e consequente perda de rentabilidade do setor imposto pela escalada da inflação. E lembraram que a competitividade do setor depende da inclusão de um verdadeiro princípio de reciprocidade, que garanta aos agricultores europeus, na negociação de acordos comerciais, as mesmas regras de produção que os seus parceiros de países terceiros. As Confederações do setor agrícola apontaram ainda para a necessidade de a Europa desenhar uma estratégia específica para água, com a devida alocação de recursos e de infraestruturas, destinada a garantir o armazenamento e a disponibilidade de recursos hídricos na UE.
5 Abertura da Bolsa de Iniciativas para a constituição de Grupos Operacionais A Bolsa de Iniciativas para a constituição de Grupos Operacionais no âmbito da intervenção C.5.1 - Grupos operacionais para a inovação, do PEPAC no Continente, está aberta desde o dia 22 de abril. Podem ser submetidos projetos que contribuam para atingir os objetivos do desenvolvimento rural nas áreas consideradas prioritárias. Nesta bolsa poderão ser submetidas as iniciativas a propor por parceiros que pretendam desenvolver, em cooperação, um plano de ação para a concretização de projetos de inovação que respondam a problemas concretos e/ou oportunidades que se colocam ao setor e que contribuam para atingir os objetivos e prioridades do desenvolvimento rural, nas áreas temáticas consideradas prioritárias, e tendo em vista a produtividade e sustentabilidade agrícolas, conforme consideradas na Parceria Europeia de Inovação (PEI-AGRI). A Bolsa de Iniciativas é promovida pela Rede Nacional PAC e destina-se a preparar a constituição de Grupos Operacionais para o apoio previsto nas intervenções C.5.1 - Grupos operacionais para a inovação, do PEPAC no Continente, E.14.1 - Cooperação para a Inovação, do PEPAC na RA Açores e F.9.1 - Grupos Operacionais, do PEPAC na RA Madeira. A ação dos futuros Grupos Operacionais irá contribuir para o objetivo transversal dos planos estratégicos da PAC de modernização do setor, através da promoção e da partilha de conhecimentos, da inovação e da digitalização na agricultura e nas zonas rurais. EDITORIAL A água está na agenda nacional do setor agrícola e nesta edição da Agriterra merece lugar de destaque em diversos artigos. Mote para a reflexão do painel de especialistas em sustentabilidade e tecnologias para a gestão da água que dinamizaram a Conferência Técnica do Olival 2025 – que voltou a reunir em Évora muitas dezenas de profissionais do setor olivícola -, o bem mais precioso em qualquer cultura foi elevado a elemento central na equação que visa, em harmonia com a Estratégia ‘Água que Une’, transformar o olival português com soluções tecnológicas e sustentáveis. A eficiência daquele que é hoje um “ecossistema agroindustrial avançado que cruza ciência, engenharia, tecnologia e visão empresarial”, como sublinhou no evento o vice-presidente da CCDR Alentejo, em representação do ministro da Agricultura e Pescas, depende de uma visão integrada sobre o uso, retenção, armazenamento e poupança de água no olival, concluíram os altos representantes da EDIA, FENAREG, COTR, Olivum, Cepaal, MED (Universidade de Évora), ISA, e das empresas Agroges, Biostasia, ILC, Syngenta, Methodus Seguros e ‘A Better Way to Grow’. Leia, neste número, a reportagem completa do evento de referência da Agriterra para o setor olivícola e assista em vídeo, no nosso site, à conferência na íntegra. Em Opinião, no mês em que a FENAREG realizou o Coloquio ‘+ Água, + Futuro’, que também acompanhámos e cujo resumo pode ler de seguida, José Núncio alerta que “Portugal precisa urgentemente de uma solução nacional e de investimento estruturante” para garantir a resiliência hídrica. Ao Dossier ‘Sistemas automáticos de regadio’ juntámos ainda Especiais sobre temáticas tão distintas como ‘Gestão florestal’, ‘Novidades de maquinaria agrícola’ e ‘Biosoluções’. Esta última estará em destaque na próxima Feira Nacional de Agricultura, que voltamos a acompanhar no terreno, com reportagem na edição de julho da revista. A escassos dias do arranque da FNA 25, a 7 de junho, conversámos, como é habitual, com Luís Mira, administrador do CNEMA, que, em entrevista de antevisão, garante que a feira vai ser palco para “lançamentos e demonstrações de sensores e sondas, sistemas de mapeamento ou drones para análise de culturas”. Também a não perder, Marta Vasconcelos, investigadora do Centro de Biotecnologia e Química Fina da Universidade Católica e coordenadora do programa INCREASE, revela-nos como um projeto de promoção do consumo e cultivo de leguminosas contribui para a agrobiodiversidade europeia, através da ciência cidadã. Boa leitura. Água, o desafio estratégico inadiável
6 ATUALIDADE MAIS NOTÍCIAS DO SETOR EM: WWW.AGRITERRA.PT • SUBSCREVA A NOSSA NEWSLETTER AJAP apresenta proposta para um Grande ‘Pacto - Inovação Portugal Rural’ Proposta, entregue, na Ovibeja, ao primeiroministro Luís Montenegro, abre caminho à revitalização dos territórios rurais e apoia o rejuvenescimento e a dinamização económica, social e cultural destas regiões. Comissão simplifica a aplicação do Regulamento da UE relativo à desflorestação No dia 1 de maio membros do Governo - primeiro-ministro, Luís Montenegro, ministra do Ambiente e Energia, Maria da Graça Carvalho e ministro da Defesa Nacional, Nuno Melo – viistaram a Ovibeja e o stand da AJAP. Durante a visita, Firmino Cordeiro, diretor-geral da AJAP, entregou ao primeiro-ministro a proposta para um grande ‘Pacto - Inovação Portugal Rural’. Na prática a Associação procurou lembrar ao primeiro-ministro que “transformar o Portugal Rural num espaço vivo, inclusivo e dinâmico, onde a juventude encontre condições para investir, aprender, criar família e liderar projetos inovadores que assegurem a sustentabilidade e a coesão do País” terá de ser uma prioridade máxima para a próxima legislatura, de quatro anos, já a partir do próximo dia 18 de maio. Firmino Cordeiro afirmou que “há capacidade instalada, há financiamento disponível, há experiência institucional. Falta juntar as peças e uma coordenação estratégica que articule programas e atores do território”. Este Pacto, a ser detalhado em breve, pretende articular entidades públicas e privadas, numa lógica de ecossistema colaborativo e trabalho em rede, gerando um efeito agregador e multiplicador. Na base privada, estão organizações de agricultores e estruturas empresariais com preocupações assumidas com jovens (agricultores e empresários), e na base pública, os Municípios e as Comunidades Intermunicipais (CIM’s), articulados com as Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR’s) e as tutelas governamentais diretamente associadas a este desafio. A Comissão Europeia aprovou, recentemente, novos documentos de orientação tendo em vista a entrada em vigor do Regulamento relativo à desflorestação na UE (EUDR) no final deste ano para os Estados-Membros, os operadores e os comerciantes. Simplificar a implementação do Regulamento relativo à desflorestação na UE (EUDR). Este é o objetivo das novas orientações publicadas ontem pela Comissão Europeia. Como explica a entidade, as orientações atualizadas e as perguntas frequentes proporcionarão às empresas, às autoridades dos Estados-Membros da UE e aos países parceiros medidas simplificadas adicionais e esclarecimentos sobre a forma de demonstrar que os seus produtos estão isentos de desflorestação. A Comissão acrescenta ainda que ambos os documentos refletem os contributos dos Estados-Membros, dos países parceiros, das empresas e da indústria. Deste modo, será também garantida uma aplicação harmonizada da legislação em toda a UE. As simplificações introduzidas serão ainda complementadas por um ato delegado, publicado também hoje para consulta pública. O ato clarifica e simplifica ainda mais o âmbito de aplicação do EUDR, dando resposta ao pedido das partes interessadas de orientações sobre categorias específicas de produtos. Esta medida evitará também custos administrativos desnecessários para os operadores económicos e as autoridades.
A INOVAÇÃO QUE CULTIVA O FUTURO
10 II CONFERÊNCIA TÉCNICA DO OLIVAL “O OLIVAL MODERNO PORTUGUÊS ESTÁ A RESPONDER COM INOVAÇÃO, TECNOLOGIA E SUSTENTABILIDADE” A Conferência Técnica do Olival 2025 reuniu em Évora muitas dezenas de profissionais do setor olivícola numa reflexão profunda que incluiu um debate aceso sobre a gestão emergente do bem mais precioso em todas as culturas: a água. Alguns dos maiores especialistas em sustentabilidade e tecnologias para a gestão da água concluíram que o futuro do olival depende de uma visão integrada e eficiente sobre o seu uso e armazenamento. Leia aqui a reportagem completa. Gabriela Costa “O OLIVAL PORTUGUÊS JÁ NÃO É APENAS TRADIÇÃO. É UM ECOSSISTEMA AGROINDUSTRIAL AVANÇADO QUE CRUZA CIÊNCIA, ENGENHARIA, TECNOLOGIA E VISÃO EMPRESARIAL” “Estamos aqui para discutir um desafio urgente, mas, simultaneamente, uma oportunidade estratégica para o setor: o futuro do olival, a sustentabilidade e a tecnologia na gestão da água”. Foi com estas palavras que Roberto Grilo, em representação do Ministro da Agricultura e Pescas, José Manuel Fernandes, abriu a II Conferência Técnica do Olival, organizada pela Agriterra a 23 de abril, no Évora Hotel, em Évora. “É com grande satisfação que vejo este debate ancorado naquilo que é a Estratégia Nacional ‘Água que Une’, uma linha orientadora assumida como base para o desenvolvimento das políticas públicas de um dos bens mais escassos e mais preciosos, a água”, sublinhou, reiterando a importância do tema central do evento: “não há futuro para a agricultura, e não há futuro para o olival, sem uma visão integrada, científica e partilhada sobre a gestão da água”, em consonância com esta Estratégia. Também em nome da CCDR Alentejo – Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Alentejo
II CONFERÊNCIA TÉCNICA DO OLIVAL 11 e da Direção Regional de Agricultura do Alentejo, Roberto Grilo destacou a importância estratégica do olival e o papel central do Alentejo, defendendo que “Portugal é hoje um dos maiores produtores mundiais de azeite. E o Alentejo afirma-se como o seu principal motor.” Apesar das “grandes exigências” que decorrem desse crescimento (otimizar recursos, manter a produtividade, proteger os solos e usar a água com inteligência), na opinião do responsável “o olival moderno português está a responder com inovação, tecnologia e sustentabilidade”. E prova disso é que “hoje temos explorações com sistemas de rega altamente eficientes, monitorização em tempo real, modelos de gestão baseados em dados e um setor cada vez mais profissional”. Roberto Grilo concluiu a sua intervenção apontando os três eixos de ação do Ministério da Agricultura para a gestão da água no setor - investir na eficiência hídrica; desenvolver conhecimento técnico e científico; e valorizar o olival em mercados exigentes -, reafirmando o compromisso com o setor olivícola. A uma plateia de muitas dezenas de agricultores, engenheiros agrónomos, investigadores, técnicos, decisores e responsáveis de instituições do setor deixou uma mensagem de José Manuel Fernandes: “o Ministério está atento, presente e disponível. Queremos que o olival português seja exemplo de como é possível conjugar produtividade com responsabilidade, valor económico com equilíbrio ambiental”. “A SUSTENTABILIDADE NO OLIVAL NÃO É UMA OPÇÃO, É UMA EXIGÊNCIA. E A GESTÃO EFICIENTE DA ÁGUA ESTÁ NO CENTRO DESSA EQUAÇÃO” Enaltecendo “todos os profissionais que contribuem diariamente para o desenvolvimento sustentável da olivicultura em Portugal”, Susana Sasseti, diretora executiva da Olivum – Associação de Olivicultores e Lagares de Portugal, sublinhou que a iniciativa ‘Água que Une’ é “uma estratégia que nos desafia a cooperar, a inovar e a usar os recursos hídricos com inteligência e visão de longo prazo”. E, nesse contexto, “o futuro do olival constrói-se com base no conhecimento, na ciência, na tecnologia. Mas também na coragem de repensar modelos, na capacidade de nos adaptarmos e na vontade de colaborar”. Algo para que a Olivum se orgulha de contribuir, neste caso, enquanto parceira ativa desta conferência promotora de “novas ideias, novas soluções e, acima de tudo, novas alianças para um futuro mais sustentável”. “A CHAVE ESTÁ NO CONHECIMENTO PARTILHADO, NA COLABORAÇÃO ENTRE AGENTES E NA VALORIZAÇÃO DA INVESTIGAÇÃO E DA TECNOLOGIA AO SERVIÇO DO CAMPO" “É muito bom ver esta sala cheia” perante “questões que não podem ser ignoradas: a gestão eficiente da água, a exigência da sustentabilidade ambiental e social, a necessidade de modernização e o uso de tecnologia de precisão e, claro, o compromisso com a qualidade e a valorização do azeite português, com destaque para o azeite do Alentejo”, afirmou, também na sessão de abertura, Filipa Velez, diretora executiva do CEPAAL – Centro de Estudos e Promoção do Azeite do Alentejo. Defendendo “o desenvolvimento de uma estratégia de promoção concertada” e “pensamento estratégico em torno do futuro do olival português” para fazer face aos desafios atuais, Filipa Velez defendeu o papel de cada um e a colaboração de todos “à volta de temas fundamentais para garantir que o setor não só resiste, mas evolui e lidera” - como os debatidos na conferência da Agriterra a que o CEPAAL se associou, mais uma vez, como parceiro estratégico. “A FALTA DE CAPACIDADE DE RETENÇÃO E ARMAZENAMENTO NO MOMENTO CERTO É O VERDADEIRO DESAFIO” O ‘Impacto da Estratégia Nacional ‘Água que Une’ na produção de Olival’ foi mote para a intervenção do key- -note speaker do evento, José Pedro Salema. O CEO da EDIA fez uma análise profunda sobre o desafio hídrico em Portugal, destacando a importância de uma gestão estratégica da água para o setor agrícola, com foco no olival e nos regadios. Apresentando dados que anunciam, à primeira vista, uma aparente abundância de água no país - “Portugal tem disponível cerca de 50 mil milhões
II CONFERÊNCIA TÉCNICA DO OLIVAL 12 de metros cúbicos de água em ano médio e só utiliza cerca de 4.500 milhões; mesmo em ano seco essa disponibilidade reduz-se para cerca de metade” – o especialista alertou que esta análise através de médias anuais “escondem sempre situações muito diversas e há fontes de água que não podemos utilizar”, evidenciando a discrepância regional e a falta de capacidade de retenção e de armazenamento em períodos de abundância, como o verificado nos últimos meses. “Queremos utilizar a água quando não há. E este é o drama das regiões mediterrâneas, é que a disponibilidade de água é inversa à necessidade”. Portanto, quando a natureza não a providencia precisamos de abastecimento artificial, conclui. Num cenário futuro, “vamos ter que acautelar as alterações climáticas (com o aumento da evapotranspiração e necessidades crescentes das culturas), mas é muito mais importante decidir quantos hectares novos é que queremos regar em Portugal (com a expansão da área regada estimada em cerca de 113 mil hectares). Esta é a grande decisão”. E foi neste cenário que a estratégia ‘Água que Une’ foi desenhada, “prevendo um aumento das necessidades de consumo de cerca de 1.000 milhões de metros cúbicos”. Para fazer frente a este desafio, o documento integra um plano de 300 medidas, que requer um investimento global estimado em 9.500 milhões de euros até 2040, e está focado em três grandes eixos: eficiência, resiliência e inteligência. É que, se “não é admissível perder 70% da água em sistemas de abastecimento público” e ser um dos piores países da Europa em águas residuais tratadas, também não é aceitável que “a água usada na agricultura não seja medida”, explica. José Pedro Salema defendeu o reforço de barragens, interligações e armazenamento e a importância dos transvases, sugerindo o exemplo do Alqueva como modelo de gestão integrada e sustentável que pode ser replicado noutros sistemas, incluindo na cultura do olival. Para o setor do olival, salientou ainda o apoio a regadios privados, com 500 milhões de euros para a construção de charcas e pequenas barragens e a necessidade de definir onde e quanto expandir a área regada. “EM PORTUGAL QUASE TODO O OLIVAL PRODUTIVO É DE REGADIO” A primeira mesa redonda da Conferência Técnica do Olival 2025 analisou a importância da água sob múltiplas perspetivas – científica, técnica, empresarial e territorial – contando com a participação de José Núncio, presidente da FENAREG - Federação Nacional de Regantes, Fátima Batista, diretora do Instituto Mediterrâneo para a Agricultura, Ambiente e Desenvolvimento (MED), da Universidade de Évora, José MuñozRojas, especialista em Geografia Rural e Ecologia da Paisagem ECT & MED e Carlos Gabirro, CEO da Biostasia. A abrir, Gonçalo Moreira, gestor do Programa de Sustentabilidade de Azeite e moderador do painel, questionou em que medida a água é um elemento central no desenvolvimento e sustentabilidade do olival. Fátima Baptista considerou que “a água é um ponto central para a sustentabilidade do olival” e reforçou a necessidade de uma gestão “muito parcimoniosa da água” em qualquer cultura, dado o cenário das alterações climáticas. A docente admitiu ser-lhe difícil “pensar na sustentabilidade só económica, ou só ambiental, ou só social, pois ela “é o todo”, o que “implica compromissos”. Nessa perspetiva, “há um pilar territorial” quando falamos do Alqueva e de outros investimentos ou infraestruturas para o C M Y CM MY CY CMY K
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II CONFERÊNCIA TÉCNICA DO OLIVAL 14 desenvolvimento regional, como acredita José-Muñoz-Rojas, que defendeu a importância da coesão e do equilíbrio territorial, alertando que “não podemos ter uma porção do território extremamente desenvolvida e outra marginalizada”, incluindo na gestão da água. “Em Portugal quase todo o olival produtivo é de regadio, o que é muito interessante”, constatou José Núncio, depois de contextualizar que no clima mediterrânico “ou a agricultura é de regadio ou não há agricultura”. Motivo pelo qual os empresários agrícolas ou agricultores dependem estruturalmente do acesso a água para conseguirem ser eficientes. Ora, como é que uma empresa especialista em soluções de resíduo zero como a Biostasia pode ajudar na retenção e manutenção da água no olival? “A água é vida” e com base neste princípio básico Carlos Gabirro explica que “existem algumas soluções científicas naturais que já permitem reduzir bastante as necessidades de água”, o que é essencial, “tendo em consideração tudo o que passamos nesta fase”. A tecnologia é importante, “mas é preciso saber usá-la bem, porque muitas vezes rapidamente centramo-nos na área comercial ou financeira e esquecemos o nosso propósito”, esclarece. Dito isto, existem hoje soluções práticas como a glicina-betaína, capaz de “reduzir entre 15% e 30% das necessidades de água” e várias tecnologias que ajudam a “reter a água na planta e no solo”, garante o CEO da Biostasia. Acresce que estas tecnologias que permitem reduzir as necessidades de aplicação de água “muitas vezes também incrementam a produção final”, conclui o responsável, adiantando que “em olival tradicional notam-se aumentos brutais da rentabilidade (por aumento da manutenção) e mesmo no regadio vêem-se bem os efeitos”. O painel de especialistas debruçou-se ainda sobre a importância da preservação da biodiversidade do solo para a gestão da água no olival, com José Muñoz-Rojas a sublinhar que “há muitíssima água que está dentro do agroecossistema” e que o Alentejo é exemplar no uso do coberto vegetal, comparativamente à Andaluzia ou à Itália. No que toca a políticas públicas, o presidente da FENAREG recorda que há muitos anos se ambicionava uma estratégia como a que foi agora apresentada, mas frisou a necessidade de modernizar os sistemas hidroagrícolas: “temos sistemas que têm perdas naturais que podem ir até aos 60%”, como o caso “sobejamente conhecido” do Mira, lembrou, defendendo o investimento prioritário do Estado. Tecnologia e mais formação no setor agrícola, agricultura digital, mercados de serviços ecossistémicos e diversificação de modelos produtivos face ao risco das monoculturas foram outros desafios abordados pelo painel, no âmbito da temática ‘Água como elemento primordial da sustentabilidade no olival moderno’. “FACE AOS DESAFIOS DO SETOR HÁ QUE QUESTIONAR A EFICIÊNCIA ATUAL DA INDÚSTRIA E OTIMIZÁ-LA COM TECNOLOGIA” Antes da pausa para o café, José Pedro Ribeiro, inside sales account manager Analytica & Industry da ILC - Instrumentos de Laboratório e Científicos apresentou a aplicação de equipamentos NIR (Near Infrared Reflectance) no processo produtivo do azeite, destacando o seu impacto na otimização, rastreabilidade e sustentabilidade do setor. A ILC atua no mercado há 47 anos e é parceira da PerkinElmer, desenvolvendo soluções tecnológicas avançadas para o setor agroindustrial, incluindo para o Laboratório Nacional de Azeites e para a Agrária Lagar. Segundo José Pedro Ribeiro, face a desafios do setor como a queda nos preços do azeite nos últimos meses, a baixa taxa de recuperação de produção (3% em cinco anos) e a necessidade de controlo rigoroso da matéria-prima para evitar perdas de qualidade e quantidade, há que questionar a eficiência atual da indústria: “será que estou a extrair o máximo que consigo da minha matéria-prima durante o processo de produção? Tenho dados suficientes para controlar este processo?” É aqui que a ILC apresenta a sua proposta de valor para o setor, com a disponibilização de soluções de conhecimento, apoio na decisão, rastreabilidade e estatística de cada lote de produção, bem como um acompanhamento constante. O responsável apresentou as três soluções NIR da ILC – o equipamento 7440 (que permite monitoração direta nos tapetes com azeitonas); o equipamento 7350 (que faz a análise da pasta e do bagaço
II CONFERÊNCIA TÉCNICA DO OLIVAL 15 de azeitona); e um equipamento de bancada (versátil para análises em diferentes pontos do processo). Os sistemas NIR oferecem inúmeras funcionalidades, como leituras em tempo real, com interfaces intuitivas, estatísticas dos lotes, integração com PLC (autómato) e acesso remoto por internet, em qualquer dispositivo móvel e em qualquer lugar. O impacto desta tecnologia na sustentabilidade do setor é evidente, por exemplo, quando um ganho de 0,3% na eficiência representa até 120 mil euros em 10 mil toneladas de azeite. O que gera um ROI (retorno do investimento) calculado entre um a dois anos, dependendo da capacidade produtiva do lagar, detalha. A nível de infraestrutura, a empresa dispõe de atualmente 48 equipamentos instalados na Península Ibérica, com destaque para o modelo 7350, muito utilizado no bagaço, para otimizar a extração. Os equipamentos da ILC (patrocinadora do evento) estiveram expostos na zona do coffee-break do evento, onde também estiveram presentes expositores dos demais patrocinadores – Biostásia, Methodus Seguros e Syngenta; e colaboradores - Balam e Hubel Verde - desta 2ª edição da Conferência Técnica do Olival, que totalizou 167 inscritos. No exterior do Évora Hotel, a Borrego Leonor Alentejo (Kubota) e a J.C Pneus (Landini Portugal) tiveram em exposição uma mostra da sua maquinaria agrícola (ver caixa). “É FUNDAMENTAL AUMENTAR O TÍTULO DE UTILIZAÇÃO DE ÁGUA DO EFMA, PARA EVITAR QUEBRAS DE PRODUTIVIDADE E ASSEGURAR A SUSTENTABILIDADE NUM CENÁRIO DE CRESCENTE ESCASSEZ HÍDRICA” Encomendado pela Olivum e pela Portugal Nuts, o estudo ‘O olival e o amendoal no EFMA, cenários sobre disponibilização de água para a rega’, analisou o impacto da escassez de água no âmbito do Empreendimento de Fins Múltiplos de Alqueva (EFMA), em cenários atuais e futuros de alterações climáticas. Apresentado publicamente na Ovibeja, os principais resultados para a cultura do olival deste estudo realizado pela Agroges foram revelados, em primeira mão, na II Conferência Técnica do Olival, pela mão de Francisco Gomes da Silva, que destacou que o sistema do Alqueva, inicialmente concebido para “garantir segurança hídrica no abastecimento de água para diversos fins, nomeadamente para a agricultura” poderá, “paradoxalmente, enfrentar um problema de escassez”. É que, para além de várias limitações técnicas do sistema e do incremento de distintos destinos da água armazenada, o título de utilização atual do EFMA é de 590 hm3 para a agricultura, volume este que já não responde às necessidades atuais e futuras, dado o crescimento da área regada e os novos compromissos com perímetros confinantes, como Roxo e Odivelas, explica. As dotações de rega previstas no plano de utilização de água de Alqueva em
II CONFERÊNCIA TÉCNICA DO OLIVAL 16 2024, nomeadamente para o olival em copa e em sebe (respetivamente, 2.800 a 3.400 m3/ha) revelam-se insuficientes: “são objetivamente inferiores aos valores considerados para o desenvolvimento da cultura nas melhores condições”, conclui o especialista. Neste contexto “o desafio foi juntarmos esta equação e percebermos onde é que ela está desequilibrada e que formas é que existirão de equilibrá-la nos seus dois lados, isto é, o compromisso de fornecimento de água aos diversos usos agrícolas e a origem dessa água e a sua existência em condições de ser distribuída". A análise da Agroges mostrou que as necessidades de rega são “muito equiparadas” para o olival em sebe e em copa, contrariando o atual diferencial de dotação. Face à satisfação plena das necessidades hídricas, uma quebra de 40% nessa satisfação "provoca uma quebra de produtividade no ano de 20%, o que tem um impacto muito significativo na conta de cultura”. E em cenário de alterações climáticas, “em que a alternância pode ser muito grande”, pode mesmo acontecer haver anos em que há uma redução de 40%, ou mais, na disponibilização de água, alerta o sócio gerente da Agroges. “Estamos um bocadinho fora de pé, na prática. Os valores recomendados no plano de utilização de água do EFMA, na generalidade das situações, não encaixam naquilo que são as necessidades hídricas do olival”, reitera, lembrando que o estudo conclui que essas necessidades são agora idênticas para olival em sebe e olival em copa. As alterações climáticas agravam a situação: no cenário RCP 4.5 (menos gravoso e mais provável), as necessidades de água aumentarão 5% até 2050 e 13% até 2080. Já no cenário RCP 8.5 (muito menos provável, estando praticamente afastado), os aumentos poderão atingir 21% entre 2050 e 2080, avança. Conclui-se, pois, que “o título de utilização do EFMA não chega, tem de ser aumentado”. Afinal, e como questiona Francisco Gomes da Silva, qual é o ganho no processo de trocar as utilizações atuais, limitando dotações, para manter uma base de rega assegurada para o futuro? Apesar de reduções projetadas na precipitação e nas afluências naturais às albufeiras, o estudo da Agroges conclui que existe margem para aumentar o título de utilização para cerca de 1.000 hm3, garantindo ainda dois anos de resiliência: "partindo de um cálculo que já inclui toda a água disponibilizada à EDP, numa perspetiva para daqui a 60 anos e no pior cenário de alterações climáticas, teríamos um sistema com capacidade para fornecer mil hectómetros cúbicos por ano para a agricultura e para os outros usos, mantendo dois anos de resiliência”. Em conclusão, a solução passa por “ter um título de utilização de recursos hídricos, nomeadamente para uso agrícola, claramente superior (dos atuais 590 hm3 deveríamos aproximarmos o mais possível dos tais 1000 hm3/ano). A grande questão é que o aumento do título tem que ser acompanhado pelo incremento de novas origens de água para o sistema do EFMA”, como a futura dessalinizadora de Sines, e pela criação de interligações entre bacias. Na minha opinião, “não temos em Portugal outra forma para conferir resiliência ao território em termos de água”, defende o especialista. “O QUE IMPORTA NÃO É A QUANTIDADE DE ÁGUA, MAS SIM A QUANTIDADE DE INTELIGÊNCIA QUE APLICAMOS A UMA CULTURA” Numa apresentação intitulada ‘Talete. O Valor de cada Gota’, João Lopes Bilro, sales representative da gama Syngenta Biologicals para Portugal, começou por destacar a importância da água na agricultura para introduzir o Talete, um bioestimulante que visa otimizar o uso da água pelas plantas. A empresa está a fazer ensaios em várias culturas, nomeadamente nas culturas regadas. A proposta é aumentar a eficiência no uso da água: “aquilo que queremos com o Talete é equilibrar muito melhor este rácio e tentar que as plantas parem o menos possível ao longo do ciclo, para não haver quebras de produção”. Como explica João Lopes Bilro a solução tem dois modos de ação: melhor retenção de água na planta e maior absorção; e a otimização do uso interno da água, aumentando a fotossíntese e a produção de clorofila. “Se conseguirmos que a planta pare muito menos, teremos mais índice de massa verde”, garante. Ensaios mostraram ganhos no consumo e eficiência da água: “na aplicação, na presença do Talete, estamos a conseguir mais de 10% de consumo de água na planta, comparativamente a uma testemunha”. Defendendo que a biostimulação tem sido uma ferramenta fundamental face aos desafios mundiais de produção e de sustentabilidade, o sales representative da Syngenta reforçou a importância de "investir não apenas na infraestrutura de rega, mas também na planta”.
II CONFERÊNCIA TÉCNICA DO OLIVAL 17 “HÁ SOLUÇÕES E TECNOLOGIA EM AVANÇO, MAS A FALTA DE COORDENAÇÃO, FINANCIAMENTO, VALIDAÇÃO CIENTÍFICA E CONFIANÇA NOS SISTEMAS SÃO ENTRAVES À INOVAÇÃO” A segunda mesa redonda da manhã de trabalhos encerrou a Conferência Técnica do Olival 2025, reunindo a participação de Gonçalo Morais Tristão, presidente do COTR - Centro Operativo de Tecnologia de Regadio, Centro de Competências para o Regadio Nacional, Pedro Rocha, EU business develpment irrigation technologies da ‘A Better Way to Grow’ e Fernando Fonseca, diretor na IBK (Methodus Seguros). O painel foi moderado por Gonçalo Rodrigues, professor auxiliar do ISA, que procurou avaliar em que medida está (ou não) o setor preparado com inovação e tecnologias emergentes para superar os desafios da gestão da rega. O presidente do COTR revelou-se otimista, afirmando que nos últimos anos “temos adquirido conhecimentos, cujos exemplos ouvimos ao longo desta manhã”. A nível tecnológico “o papel das empresas tem sido importantíssimo nos últimos anos”, disse ainda. Mas, e apesar de o setor estar cada vez mais preparado para enfrentar os desafios da rega, graças à acumulação e disseminação desse conhecimento, Gonçalo Morais Tristão reconhece falhas: “o olival mais moderno está aqui no Sul, e o regadio ajudou imenso o Alqueva, mas ainda não encontrámos a solução para generalizar o conhecimento e as tecnologias acerca da rega a toda a agricultura”. Como é que podemos ser mais eficientes através da tecnologia? Defendendo que é essencial “pôr o foco na solução” para reduzir o consumo, Pedro Rocha comentou: “compreendo que as necessidades de água vão aumentando, mas se reduzirmos a quantidade de água que necessitamos ela chegará para mais”. O responsável da ‘A Better way to Grow’ apresentou o DRI, uma solução subterrânea de rega de precisão inovadora já utilizada na Califórnia, que permite uma redução de até 50% no consumo de água, em comparação com sistemas gota-a-gota; tempos de rega mais curtos e períodos de rega menos alargados, reduzindo tempos de bombagem; menor incidência de pragas, doenças e infestantes; e maior eficiência na fertilização. Trata-se de uma solução tecnológica simples e comprovada que “se fosse implementada em toda a área de culturas permanentes da Península Ibérica permitiria economizar água suficiente para dar de beber a 12 mil milhões de pessoas num ano”, garante. Mas, ressaltou, a introdução de novas tecnologias exige tempo, validação local e apoio institucional. “O conhecimento ajuda-nos a gerir parte do risco, mas depois há uma preocupação que é a incerteza”, referiu o moderador, questionando o responsável da Methodus Seguros sobre os mecanismos a que os produtores podem recorrer, quando deparados com uma falta de água. Fernando Fonseca respondeu prontamente, ironizando que “os seguros não fazem chover, nem melhorar a qualidade da rega”. Mas perante a crescente preocupação com a mitigação dos riscos provocados pelas alterações climáticas, “trazem confiança ao gestor na hora de investir”. A agricultura é uma atividade económica “que vive num grau de incerteza muito grande durante todo o ano”, recordou. E por isso “é preciso identificar bem os riscos”, e as seguradoras, com outros parceiros que possuem Big Data, devem trabalhar para perceber qual é o risco real “e construir apólices que respondam de forma efetiva e eficiente às necessidades do agricultor”. Fernando Fonseca enfatizou a função estratégica dos seguros na mitigação de riscos climáticos e financeiros, sugerindo que o setor não pode estar “constantemente refugiado em produtos tradicionais, como o seguro de colheitas, que toda a gente contrata”. E defendeu a adoção do seguro paramétrico, baseado em dados objetivos, como uma resposta eficaz à incerteza. Recordando a proposta para uma certificação dos regantes (integrada na Estratégia ‘Agua que Une’) como forma de incentivar boas práticas e reduzir o risco para os seguros, Gonçalo Morais Tristão acredita que o setor “vai ter a vontade de continuar a apostar no regadio, no transvase com uma ou outra interligação onde faça falta”. E, nesse âmbito, o COTR, enquanto centro de competências a nível nacional, não pode atuar só em Beja e deve apoiar a agricultura noutras regiões, diz. Não obstante, o presidente do COTR enfatizou a necessidade de se
II CONFERÊNCIA TÉCNICA DO OLIVAL 18 avançar com a criação de um centro experimental de regadio em Beja. A propósito do papel do Estado nas necessidades estruturais dos agricultores, e dos olivicultores, em particular, os participantes na mesa redonda ‘Inovação e tecnologias emergentes ao serviço da gestão da rega do Olival’ convergiram na necessidade de financiamento estável para centros de competências e outras entidades como o COTR; criação de campos de ensaio e observatórios independentes que possam validar a eficácia de novas tecnologias; e continuidade das políticas públicas com maior clareza na relação com os agricultores. Dinamizada no âmbito dos Encontros Profissionais B2B da Induglobal, do Grupo Interempresas, com o suporte técnico da Fakoy, a Conferência Técnica do Olival 2025 contou com a parceria estratégica da Olivum - Associação de Olivicultores e Lagares de Portugal e do CEPAAL - Centro de Estudos e Promoção do Azeite do Alentejo. n EXPOSIÇÃO DE MAQUINARIA DINAMIZA OLIVICULTURA LOCAL A Conferência Técnica do Olival 2025 integrou, na zona exterior do Évora Hotel, uma Exposição de Máquinas das marcas Landini e Kubota, que pôde ser visitada pelas muitas dezenas de profissionais do setor que assistiram ao evento. Sublinhando que “a olivicultura é uma das principais atividades na nossa região de operação” João Costa, proprietário da JC Máquinas Agrícolas, explicou à Agriterra que enquanto concessionário oficial, “dispomos de uma marca como a Landini, muito bem preparada para atuar nessa área”. O motivo que levou o concessionário da Landini a estar presente nesta exposição “foi o facto de ser uma conferência reconhecida nesta região e de se encontrarem presentes diversos técnicos, empresas e proprietários das mesmas, dominantes no negócio da olivicultura”. A JC Máquinas Agrícolas teve em exposição um trator Landini serie 5-120 e um Landini Rex 4 GT-110, que João Costa acredita que se destacam “pela suspensão da cabine e a caixa robotizada”, disponíveis em ambos os modelos. Já a Borrego Leonor Alentejo voltou a participar na Conferência Técnica do Olival depois de ter estado presente na primeira edição, desta vez com dois equipamentos da marca Kubota: o trator M5112 UNQ de 115 CV (que pertence à série M5002, sendo um modelo utilitário robusto e versátil, ideal para diversas aplicações agrícolas); e um atomizador Kubota XTA2230 de 3.000 litros com comando H3O, (atomizador rebocado projetado para aplicações agrícolas intensivas, e com um comando que permite visualizar e tomar decisões em tempo real), como detalha Conceição Guerreiro, do departamento de vendas da Borrego Leonor Alentejo. A responsável do concessionário oficial da Kubota sublinha a “excelência” dos dois equipamentos, “que representam o que há de mais avançado em tecnologia e eficiência para agricultura moderna”. Na opinião de Conceição Guerreiro, “eventos como este fortalecem o conhecimento técnico, promovem a inovação e aproximam os profissionais que trabalham diariamente para a evolução do setor agrícola”.
20 EVENTOS Feira de Inovação Agrícola do Fundão integra 1.º Simpósio Internacional da Cereja A 4ª Edição da Feira de Inovação Agrícola do Fundão terá lugar de 3 a 6 de julho e será subordinada ao tema ‘O Papel da Robótica, IA e Big Data na Agricultura’, contando com expositores com as mais modernas soluções de mecanização e robótica. Este ano o evento lança o Simpósio Internacional da Cereja. Gabriela Costa O evento organizado pelo Centro Agrotech do Fundão, ACL - Associação Portuguesa de Criadores de Bovinos da Raça Limousine, COTNH - Centro Operativo e Tecnológico Hortofrutícola Nacional, INOVTECHAGRO - Centro Nacional de Competências para a Inovação Tecnológica do Setor Agroflorestal, OVIBEIRA - Associação de Produtores Agropecuários, GOFAR - Global Organization For Agricultural Robotics e Fundação Europeia para a Inovação e Aplicação de Tecnologia, assume-se como “o local indicado para o debate das principais questões agrícolas e para o incremento de contactos e negócios”, esperando-se “grande cobertura mediática”. Exposições, palestras, apresentações técnicas, demonstração de campo, concursos de animais e degustação de produtos endógenos fazem parte do programa da feira, que integra, a partir desta edição, os eventos ‘World Fira 2025’, líder mundial em automação agrícola e robótica. No âmbito da 4ª Edição da Feira de Inovação Agrícola do Fundão terá lugar, no dia 4 de julho, o 1.º Simpósio Internacional da Cereja, que conta com oradores nacionais e internacionais, especialistas na cultura da cereja.
21 Mais informações: https://feirainovacaoagricola.pt O Simpósio tem por objetivo a partilha de conhecimentos relacionados com as mais recentes práticas de produção que contribuem para a competitividade da cultura da cereja, tendo por fundo as alterações climáticas. Irão ser abordados temas que vão desde os cenários de alteração climática e o seu efeito na cultura da cereja, a práticas culturais como a poda em verde e a gestão da rega em cenários de escassez hídrica. Paralelamente, será ainda abordado o tema da pós- -colheita, no que diz respeito aos últimos avanços tecnológicos nesta área, e a fitossanidade, onde se dará destaque à mosca Drosophila suzuki e à monitorização de vetores de Xilella fastidiosa. Este Simpósio será uma oportunidade única para partilhar os mais recentes desenvolvimentos na cultura da cereja, contando com a presença de oradores internacionais como Gregory Lanng, da Universidade de Michigan (EUA), Juan Pablo Zoffoli, da Universidade Católica do Chile e Elena Nieto Serrano, da região de Extremadura de Espanha. Organizado pelo Município do Fundão, a Escola Superior Agrária de Castelo Branco e o COTHN o evento é gratuito, e as inscrições poderão ser efetuadas até ao dia 27 de junho através do QR Code:
22 EVENTOS Agritechnica 2025 Aquela que é considerada a maior feira mundial de máquinas agrícolas regressa em novembro a Hanover, na Alemanha. O evento destaca as mais recentes inovações do setor e dedica esta edição às soluções agrícolas tecnológicas e conectadas. A maior feira mundial de máquinas agrícola já tem a sua edição de 2025 confirmada. A Agritechnica acontecerá de 9 a 15 de novembro, na cidade de Hanover, na Alemanha. Com o tema ‘Touch Smart Efficiency’, o evento destacará soluções agrícolas inovadoras e conectadas, impulsionadas por tecnologias digitais para aprimorar a eficiência, sustentabilidade e produtividade no setor. A edição traz ainda como novidade o conceito de dias temáticos, intitulado ‘7 dias - 7 temas’. Com mais de 2.776 expositores oriundos de 53 países (dos quais 1.817 internacionais) e 473.687 visitantes profissionais na sua última edição, em 2023, a Agritechnica consolida-se como a principal plataforma para profissionais da indústria de máquinas e equipamentos, bem como para produtores e gestores. Com uma ampla cobertura dos Media, o alcance global desta feira permite que expositores se conectem a grandes produtores e compradores de 149 países, como Cazaquistão, França, Reino Unido e Alemanha. “A feira apresentará o mais abrangente e diversificado programa de exposições para a agricultura internacional, incluindo pulverizadores para proteção de cultivos, drones agrícolas, tratores e sistemas autónomos, ceifeiras debulhadoras e sistemas digitais de assistência”, destaca a organização do evento. DIAS TEMÁTICOS Este ano o evento apresenta pela primeira vez um novo conceito de dias temáticos. Com o slogan ‘7 dias – 7 temas’, o objetivo é atender diferentes perfis de visitantes com um tema específico em cada dia de feira, de modo a que cada um encontre as tecnologias e informações mais relevantes para suas necessidades. Nos dias 10 e 11 de novembro, por exemplo, a feira apresentará os ‘Agribusiness Days’, direcionados a concessionários, prestadores de serviços agrícolas e grandes produtores rurais. Nestes dias, os visitantes terão insights exclusivos sobre as últimas tendências e tecnologias, que poderão ajudar na tomada de decisões de investimento, paralelamente à oportunidade para estabelecer novas relações comerciais. “Isso gera um valor real para ambos os lados”, afirma Timo Zipf, gerente de projetos da Agritechnica. “Os visitantes terão mais espaço e oportunidades para discussões de investimento direcionadas, o que permite um contato mais eficiente com os expositores. Os expositores, por sua vez, terão mais tempo para apresentações personalizadas, focadas nos grupos de clientes mais relevantes, além de expandirem as suas redes de negócios de forma estratégica”, acrescenta. Outros dias temáticos trarão conteúdos específicos para diferentes públicos. O ‘Innovation and Press Day’ (9 de novembro) dedica-se à imprensa e inovações tecnológicas, o ‘International Farmers Day’ (12 de novembro), dirige-se a agricultores internacionais e o ‘Digital Farm Day’ (13 de novembro) é focado em fazendas digitais e agricultura conectada. No dia 14, acontece o ‘Young Professional Day’, dedicado a jovens profissionais do setor, e no dia 15, o ‘Celebrate Farming’, que irá promover o reconhecimento da agricultura e o seu impacto global. Ainda como parte da Agritechnica, acontece o ‘Systems & Components’, o marketplace B2B da indústria internacional de fornecimento de máquinas agrícolas e a área especial ‘FarmRobotix’, em conjunto com o Digital Farm Center, que irá trazer exposições aliadas a um programa técnico inovador. n AGRITECHNICA HANOVER 2025 Data: 9 a 15 de novembro de 2025 Local: Pavilhão de exposições de Hanover, Messegelände (Alemanha) Informações: https://www.agritechnica.com/pt
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