BA24 - Agriterra

2025/5 24 Preço:11 € | Periodicidade: 5 edições por ano Novembro 2025

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SUMÁRIO Edição, Redação e Propriedade INDUGLOBAL, UNIPESSOAL, LDA. Avenida Defensores de Chaves, 15, 3.º F 1000-109 Lisboa (Portugal) Telefone (+351) 215 935 154 E-mail: geral@interempresas.net NIF PT503623768 Gerente Aleix Torné Detentora do capital da empresa Grupo Interempresas Media, S.L. (100%) Diretora Gabriela Costa Equipa Editorial Gabriela Costa, Ángel Pérez, Alejandro de Vega Marketing e Publicidade Frederico Mascarenhas redacao_agriterra@interempresas.net www.agriterra.pt Preço de cada exemplar 11 € (IVA incl.) Assinatura anual 55 € (IVA incl.) Registo da Editora 219962 Registo na ERC 127451 Déposito Legal 471809/20 Distribuição total +5.300 envios Distribuição digital a +4.200 profissionais. Tiragem +1.100 cópias em papel Edição Número 24 – Novembro de 2025 Estatuto Editorial disponível em www.agriterra.pt/EstatutoEditorial.asp Impressão e acabamento Lidergraf Rua do Galhano, n.º 15 4480-089 Vila do Conde, Portugal www.lidergraf.eu Media Partners: Os trabalhos assinados são da exclusiva responsabilidade dos seus autores. É proibida a reprodução total ou parcial dos conteúdos editoriais desta revista sem a prévia autorização do editor. A redação da Agriterra adotou as regras do Novo Acordo Ortográfico. ATUALIDADE 4 EDITORIAL 4 Tecnologia e sustentabilidade traçam futuro das pomóideas 10 Apresentação da ExpoFlorestal reafirma papel estratégico no setor16 Produtores nacionais debatem futuro dos cereais 18 SIVAL 2026: o futuro da produção vegetal começa em Angers 20 Celebrar “a coragem, a resiliência e o espírito empreendedor” dos jovens agricultores 22 Agritechnica 2025: uma boa feira em tempos difíceis 28 Uma em cada três explorações agrícolas é gerida por mulheres 30 José Núncio, presidente da FENAREG 32 Os microrganismos são o motor da agricultura do futuro 36 Fertiberia obtém a patente europeia de NSAFE 38 Lipor lança novo substrato orgânico Nutrimais para plantas ácidas 40 Sumitomo Chemical lança herbicida Mittsu em Portugal 42 Lusomorango: 20 anos a construir o futuro da agricultura sustentável 43 Bfruit e Hortifrut: uma parceria que valoriza a produção de pequenos frutos em Portugal 46 Desertificação rural motiva novo alerta da AJAP 48 Portuguesa distinguida como melhor jovem agricultora da europa 50 Agricultura biológica cresce rápido, mas enfrenta desafios decisivos 51 Projeto SOUL combate a poluição dos solos com plásticos biodegradáveis 54 Herculano é a única empresa portuguesa na robótica agrícola internacional 56 OBServa: IoT e observação da terra na monitorização sustentável da agricultura no Oeste de Portugal 58 DigiFarm2all: sustentabilidade e democratização da Agricultura 4.0 na produção de citrinos 62 Entrevista a Guido Boerkamp, presidente da Gestão Global de Produtos da BKT 65 No gelo e na neve, o RIDEMAX FROST distingue-se pelo seu excelente desempenho 68 Eficiência e versatilidade no transporte agrícola 70 John Deere acelera novas soluções de baixas e zero emissões na Agritechnica 2025 72 Varbiopac: dos resíduos agrícolas às embalagens sustentáveis que prolongam o prazo de validade dos alimentos 74 Dia Internacional contra as Alterações Climáticas 76

4EDITORIAL Com lotação esgotada, a I Conferência Técnica da Pera e Maçã, realizada a 29 de outubro, em Alcobaça, reuniu vários especialistas do setor, consolidando a Agriterra como uma referência na organização de encontros de partilha e discussão dos grandes temas da atualidade na indústria agrícola. Sob o mote ‘Inovação sustentável e tecnologias aplicadas à cultura da pera e da maçã’, o debate sobre os grandes desafios e oportunidades das pomóideas contou com a participação de perto de duas centenas de agricultores, técnicos, engenheiros, investigadores e académicos, dinamizando a valorização estratégica da Região Oeste na pomicultura em Portugal. Já na Gala AJAP-Portugal Winners, que levou ao Casino Estoril, a 5 de novembro, mais de 210 personalidades do setor, na presença do ministro da Agricultura e Mar e de Marques Mendes, Paulo Portas, Rui Rio e Duarte Cordeiro, valorizaram-se os territórios rurais e o reconhecimento da mobilização dos jovens como agentes da sua dinamização. O encontro foi mote para o lançamento do Rural Innovation Challenges, iniciativa que irá percorrer escolas, universidades e municípios de norte a sul do País e premiar jovens agricultores. Na XVI Jornada FENAREG discutiram-se o modelo de governance e de financiamento da Estratégia Nacional ‘Água que Une’, a estratégia europeia de resiliência hídrica e a polémica revisão da Política Agrícola Comum, em curso. À margem do evento realizado a 6 de novembro no LNEC, em Lisboa, o presidente da Federação Nacional de Regantes de Portugal alerta, em entrevista, para a urgência de avançar com agilidade para os investimentos no setor a realizar até 2030, e manifesta a sua preocupação sobre “uma nacionalização da PAC que pode criar desequilíbrios” a países menos competitivos, como Portugal. Ainda nesta edição, não perca o dossier ‘Fertilizantes e aditivos biológicos’, tendência incontornável da agricultura do futuro que alia produtividade, sustentabilidade e respeito pelo ambiente. Em Opinião, Joel Vasconcelos, diretor geral da Lusomorango, assinala os 20 anos da maior organização de produtores de frutas e legumes, em volume de negócios, sublinhando que a eficiência operacional, combinada com a inovação tecnológica, “constitui uma oportunidade para reduzir custos, aumentar rendimentos e reforçar a resiliência do setor” dos pequenos frutos. Boa leitura. Partilha de conhecimento reafirma compromisso da Agriterra com a agricultura Orçamento da Agricultura para 2026 sobe mais de 25% e atinge recorde histórico O ministro da Agricultura e Mar, José Manuel Fernandes, afirmou recentemente, no parlamento, que o Orçamento da Agricultura e Mar para 2026 é o “mais elevado e exigente de sempre”, ultrapassando os 3.000 milhões de euros em apoios ao rendimento e ao investimento. Durante uma audição conjunta das comissões parlamentares de Agricultura e Pescas e de Orçamento, Finanças e Administração Pública, o ministro sublinhou que o setor celebra este debate precisamente no Dia Mundial de Uma Só Saúde, um princípio que, segundo referiu, o Governo aplica “com medidas concretas”. De acordo com José Manuel Fernandes, o próximo ano contará com mais de 3.000 milhões de euros destinados ao rendimento e investimento agrícola, valor que inclui fundos orçamentais e extraorçamentais. O Orçamento do Estado para 2026 prevê que a despesa do ministério aumente mais de 25%, atingindo 1.687,4 milhões de euros. A este montante somam-se 716 milhões de euros do FEAGA – Fundo Europeu Agrícola de Garantia, 133 milhões da dotação centralizada e 30 milhões destinados à pastorícia extensiva. O ministro salientou que, no total anunciado, não estão contabilizados os 8,8 milhões de euros do programa MAIS Floresta, nem investimentos como a captação no Pomarão, avaliada em 109 milhões de euros.

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6 ATUALIDADE MAIS NOTÍCIAS DO SETOR EM: WWW.AGRITERRA.PT • SUBSCREVA A NOSSA NEWSLETTER Encontros de Acompanhamento reforçam clareza e futuro dos apoios à agricultura e floresta As Reuniões de Acompanhamento realizadas em Silves, no Algarve, reafirmaram o compromisso da Autoridade de Gestão do PEPAC no Continente com a transparência, a eficácia e o futuro dos apoios ao investimento na agricultura e floresta portuguesas. O encontro reuniu o Comité de Acompanhamento do PEPAC no Continente, o Exame Anual e a Comissão de Acompanhamento do PDR2020 — três momentos centrais de diálogo e partilha entre instituições. Estiveram presentes representantes da Comissão Europeia, organizações de agricultores e produtores florestais, as CCDR, o IFAP, o GPP e outras entidades da administração pública, num espaço dedicado à avaliação dos resultados e à definição de estratégias para o futuro. A Comissão de Acompanhamento do PDR2020 teve um caráter particularmente simbólico, por assinalar o encerramento de um ciclo de 11 anos de um programa que apoiou de forma determinante o investimento no setor agrícola e florestal. O programa termina com total execução dos fundos atribuídos, evidenciando uma gestão eficiente dos recursos europeus. 'Perspetivas Agrícolas 2024-2033' destaca eficiência de mercados internacionais O relatório da OCDE-FAO 'Perspetivas Agrícolas 2024-2033' analisa a agro-economia mundial. A Anafric destaca alguns dados. Foi publicado o relatório da OCDE-FAO 'Perspetivas Agrícolas 2024-2033', que analisa a agro-economia mundial. De acordo com este relatório, os desenvolvimentos mais salientes são os seguintes: As economias emergentes serão fundamentais para moldar o ambiente agrícola global, prevendo-se que a Índia ultrapasse a China como ator principal. No entanto, prevê-se que a ingestão de calorias nos países de baixo rendimento aumente apenas 4%. Por outro lado, prevê-se que a intensidade global das emissões de gases com efeito de estufa (GEE) diminua, enquanto as emissões diretas da agricultura poderão aumentar 5%. No entanto, se a perda e o desperdício de alimentos pudessem ser reduzidos para metade, as emissões globais de GEE provenientes da agricultura poderiam diminuir 4% e o número de pessoas subnutridas para 153 milhões até 2030. A eficiência dos mercados internacionais de produtos agrícolas de base continuará a ser fundamental para a segurança alimentar mundial e os meios de subsistência rurais. A evolução prevista manteria os preços de referência internacionais reais numa tendência ligeiramente descendente ao longo da próxima década, embora os fatores ambientais, sociais, geopolíticos e económicos possam alterar grandemente estas projeções.

7 ATUALIDADE MAIS NOTÍCIAS DO SETOR EM: WWW.AGRITERRA.PT • SUBSCREVA A NOSSA NEWSLETTER Portugueses estão entre os mais preocupados com incêndios florestais Portugal é o segundo país do mundo onde as pessoas mais receiam incêndios florestais, apenas atrás do Canadá, revela um inquérito realizado em 50 países. O estudo, conduzido pela IPSOS para o Conselho de Gestão da Floresta (FSC), que certifica produtos florestais sustentáveis, contou com mais de 40 mil participantes e analisou as principais preocupações dos consumidores face aos riscos ambientais. Em Portugal, 43% dos inquiridos apontaram os incêndios como a maior ameaça às florestas, valor muito acima da média europeia e global, fixada nos 28%. No Canadá, a percentagem sobe para 46%, representando um aumento de 18 pontos percentuais face a 2022, ano em que Portugal não participou no estudo. Outros países com elevada preocupação face a incêndios incluem Chile, Estados Unidos, Espanha e Polónia. Para a secretária executiva do FSC Portugal, Joana Faria, esta atenção “reflete as realidades específicas de cada país” e poderia ter sido ainda maior “se o inquérito tivesse sido feito no final de agosto, após os incêndios”. No mesmo inquérito, outras preocupações ambientais surgiram em diferentes países: quase metade dos britânicos (48%) destacou a perda de biodiversidade, 43% dos brasileiros apontaram a desflorestação e 42% dos sul-coreanos referiram a perda de áreas selvagens. O estudo também revela que, a nível global, a preocupação com as alterações climáticas diminuiu, passando a ser citada por 31% dos participantes em 2025, contra 51% em 2022, ficando abaixo de guerras e conflitos (52%) e da instabilidade económica (44%). Em Portugal, a percentagem caiu de 44% em 2022 para 38% em 2025. Campanha da azeitona 2025 poderá registar quebra de 20% face ao ano anterior A Olivum – Associação de Olivicultores e Lagares de Portugal – atualiza as previsões da campanha olivícola nacional, antecipando agora uma quebra de produção de azeitona na ordem dos 20% em relação à campanha anterior. Duas semanas após a estimativa inicial de uma descida de 10%, os primeiros dias de colheita confirmam que a produção está aquém das expectativas, refletindo o impacto do calor extremo e da ausência de chuva nos últimos quatro meses. Em várias zonas de Portugal, a seca e as temperaturas elevadas durante a maturação provocaram desidratação do fruto, afetando a produtividade do mesmo. Mesmo nos olivais regados, é necessária mais água, e a sua falta está a ter um claro impacto na quebra de produção. “Nos meses cruciais para a formação do azeite encontrámo-nos perante um cenário difícil, praticamente sem qualquer precipitação”, refere a diretora executiva da Olivum, Susana Sassetti. “Este ano, em relação à campanha anterior, em muitas zonas, o olival não teve capacidade para manter o desenvolvimento normal do fruto. Este cenário cria um clima de preocupação no setor, que enfrenta uma campanha marcada por grande variabilidade entre regiões e variedades, mas com uma tendência comum de redução de produtividade.” A Olivum continuará a acompanhar a campanha e a atualizar os dados, no decorrer da colheita, junto do setor, para uma comunicação articulada, clara e objetiva.

8 ATUALIDADE MAIS NOTÍCIAS DO SETOR EM: WWW.AGRITERRA.PT • SUBSCREVA A NOSSA NEWSLETTER S. José Pneus, novo distribuidor regional da BKT para Galiza e Astúrias A S. José Pneus é, desde 1 de novembro de 2025, o novo distribuidor regional da BKT para a Galiza e Astúrias. De acordo com comunicado, ambas as empresas dispõem do maior stock de pneus agrícolas e industriais da Península Ibérica, para além de uma vasta gama de pneus todo- -o-terreno. Com entregas em 24/48 horas nestas províncias, a S. José Pneus garante disponibilidade imediata com stock permanente. A empresa nacional distribui todo o tipo de pneus nas marcas Premium, Quality e Budget e tem como slogan ‘a gama de pneus mais diversificada do mercado’, com modelos para veículos agrícolas, ligeiros, 4x4, comerciais, pesados, manutenção, industriais MPT, jardim e quad. A BKT é líder mundial no setor dos pneus todo-o-terreno, concentrando-se na gama agrícola, industrial e OTR. Em Espanha, é uma marca recomendada por oficinas especializadas, para tratores de alta e baixa potência, nas aplicações mais exigentes. EIMA 2026 abre período de inscrições Está aberto o período de inscrições para a 48ª edição da EIMA International, que terá lugar no centro de exposições de Bolonha (Itália), de 10 a 14 de novembro de 2026. Conforme explicado pela organização, a cargo da Federação Italiana de Fabricantes (FederUnacoma), as inscrições são abertas com um ano de antecedência, a fim de gerir o grande número de candidaturas recebidas nos últimos anos. Na última edição, realizada em 2024, estiveram presentes mais de 1.800 fabricantes de 50 países. Uma vez terminado o registo online, será iniciada a organização dos espaços de exposição. Estima-se que na próxima EIMA sejam apresentados mais de 50.000 modelos de máquinas, equipamentos e componentes para a agricultura e paisagismo. O evento pretende garantir níveis de funcionalidade e estética cada vez mais elevados nos seus stands, beneficiando assim o público presente, que no ano passado foi de 350.000 pessoas provenientes de 150 países. Em janeiro, será lançada uma campanha promocional dirigida à imprensa e à comunidade empresarial. Esta campanha incluirá conferências e encontros em todos os continentes, dirigidos aos diferentes setores económicos e agrícolas empenhados na inovação para aumentar a produtividade das culturas, preservando o ambiente e os recursos naturais. As candidaturas são geridas através de uma plataforma online e as empresas interessadas podem aceder ao sítie www.eima.it para indicar o espaço de que necessitam e a sua oferta de produtos.

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I CONFERÊNCIA TÉCNICA PERA E MAÇA 10 TECNOLOGIA E SUSTENTABILIDADE TRAÇAM FUTURO DAS POMÓIDEAS Sob o mote ‘Inovação sustentável e tecnologias aplicadas à cultura da pera e da maçã’, a I Conferência Técnica da Pera e Maçã reuniu no Your Hotel & SPA Alcobaça perto de duas centenas de agricultores, técnicos, engenheiros, investigadores e académicos. O debate fundamentado sobre os grandes desafios e oportunidades das pomóideas dinamizou a valorização estratégica da Região Oeste na pomicultura em Portugal. Gabriela Costa Em representação do ministro da Agricultura, José Bernardo Nunes, vice- -presidente da CCDR de Lisboa e Vale do Tejo (CCDR LVT), agradeceu o convite para integrar “esta sessão muito pertinente, especialmente num momento em que a região vive o problema do fogo bacteriano, que tanto nos preocupa”. Sublinhando o impacto da doença, altamente destrutiva, o representante da CCDR LVT afirmou que “esta grave crise já reduziu a produção de pera rocha em 50%” e ameaça persistir nos próximos anos. Numa mensagem de esperança, e em nome de José Manuel Fernandes, o vice-presidente da CCDR LVT defendeu que embora “não existam soluções milagrosas”, a propagação de clones mais resistentes e a adoção de novas práticas culturais são caminhos a seguir para ultrapassar as consequências do fogo bacteriano. Paulo Leão, presidente da União de Freguesias de Alcobaça e Vestiaria, deu as boas-vindas ao concelho a todos os presentes na iniciativa pro-

I CONFERÊNCIA TÉCNICA PERA E MAÇA 11 movida pela Induglobal para, em representação do município, desejar que “saiam frutos desta conferência”, tanto para os oradores convidados como para as quase duas centenas de participantes. ALGORITMOS NO POMAR: “É PRECISO CONTAR” A reflexão sobre inovação sustentável e tecnologias aplicadas à cultura da pera e da maçã iniciou-se com a intervenção de Miguel Leão, PhD e investigador principal | researcher do INIAV, que abordou a necessidade de o setor da fruticultura adotar mais eficiência tecnológica e sustentável para garantir a competitividade. A nível de eficiência económica, o especialista questionou a falta de uso de ferramentas de gestão tecnológica por parte de muitos fruticultores. Defendendo a profissionalização do setor, Miguel Leão alertou que a tomada de decisões “com base em critérios empíricos”, em vez de racionais e tecnológicos, “leva a decisões tardias e erradas”. A tecnologia é essencial para a monitorização e eficiência que garante a competitividade: “se soubermos quantos gomos florais temos e qual a taxa de vingamento que precisamos podemos fazer uma aplicação mais racional dos bioreguladores, adequar o peso dos polinizadores no pomar, a estratégia de monitorização, etc.”, explicou. “Há um número mágico que todos os produtores têm de saber dos seus pomares: qual é o número médio de frutos que querem por árvore. É preciso contar", concluiu. Quanto a proteção integrada, a tecnologia de câmaras dentro de armadilhas e o desenvolvimento de algoritmos de inteligência artificial (IA) permitem identificar pragas e avisar o produtor quando o nível económico da praga é ultrapassado. A este respeito, “o INIAV está a desenvolver uma aplicação, de acesso gratuito, para centralizar estes registos a nível nacional”, avança o responsável do INIAV. Já na deteção de doenças, o uso de drones e satélites com câmaras multiespetrais permite “detetar doenças antes de estas se manifestarem”, facilitando a intervenção precoce. Quanto à pulverização de precisão, “a regra fundamental é ajustar o volume de calda ao volume de vegetação a tratar”, evitando o desperdício de produto. Na biodiversidade em culturas permanentes, o desafio é a mobilização mínima e o reforço do banco de sementes “com espécies que promovam a fixação de polinizadores dentro do pomar, focadas na massa foliar ou na descompactação na zona dos rodados”, por exemplo. O ecopomar “é naturalmente um tema que tem de ser matriz comum em todas as regiões, e temos de estar comprometidos com ele”, alerta Miguel Leão: “é necessária uma transição mental” que gere um “equilíbrio fundamental para a eficiência na produção”. Finalmente, a escassez de mão de obra para a colheita é uma questão que preocupa”, diz, e que torna a robótica inevitável. Estão a ser desenvolvidos robôs autónomos e drones que permitem uma colheita seletiva baseada em critérios como “tamanho, cor, brix e grau de maturação”. E já que se terá de fazer a transição para os pomares cobertos, as redes devem ser usadas não só para proteção contra granizo e escaldão, “mas também pelas suas propriedades fotoseletivas”, que otimizam a luz para a planta e reduzem o calor. Ainda a nível tecnológico, estão a ser trabalhadas “alternativas como a monda térmica, eletrochoques e o uso de filmes na linha” para substituir os herbicidas. Também na mecanização, a conversão para equipamentos elétricos alimentados por energia produzida na própria exploração pode inverter a pegada de carbono do setor. Por último, Miguel Leão destaca que o INIAV está a testar o agrovoltaico até dezembro para reduzir o escaldão solar mantendo a qualidade dos frutos e, simultaneamente, gerar uma fonte de rendimento alternativa. José Bernardo Nunes, vice-presidente da CCDR - LVT, abriu a Conferência em representação do Ministro da Agricultura e Mar, José Manuel Fernandes.

I CONFERÊNCIA TÉCNICA PERA E MAÇA 12 DA ESCALA AO FINANCIAMENTO, PARA QUANDO O POMAR DO FUTURO? 'O pomar do futuro: soluções digitais inovadoras e fruticultura de precisão' foi o mote para a primeira mesa redonda do dia, moderada por Gonçalo Morais Tristão, presidente da Direção do COTR. Reunindo a participação de Maria do Carmo Martins, secretária geral do COTHN-CC, Helena Vazão, diretora executiva do SFCOLAB, Ricardo Santos, diretor de Serviços da Cooperativa Agrícola de Alcobaça e Sandro do Vale, diretor de Operações da Wisecrop, o debate centrou-se no estado da arte da digitalização na fruticultura. Como questionou o moderador, em que medida é que a tecnologia está a ser adotada? Segundo Maria do Carmo Martins, a tecnologia efetivamente existe e está disponível, mas a sua adoção é influenciada por diferentes realidades na fruticultura nacional: a nível de escala, tem um maior impacto e retorno em grandes explorações, como no Alqueva, o que torna a sua adaptação mais desafiante em explorações de menor dimensão, típicas do Oeste. Já o custo e acessibilidade das tecnologias é um grande desafio, na sua opinião, sendo necessário democratizar o acesso e tornar as soluções mais acessíveis para os pequenos produtores. Neste contexto, o COTHN defende “o apoio técnico no seio da organização de produtores (OP): “mais do que financiar o equipamento é interessante financiar a prestação do serviço”. Focando-se na mudança de paradigma “necessária para o fruticultor do futuro”, Ricardo Santos sublinhou que a tecnologia deve ser vista “como uma ferramenta de gestão”, e não apeA intervenção de Miguel Leão (key-note speaker do evento) foi uma das mais aguardadas. O PhD e investigador principal | Researcher do INIAV defendeu a adopção de mais eficiência tecnológica e sustentável para garantir a competitividade do setor. Maria do Carmo Martins (COTHN-CC), Ricardo Santos (COOP Alcobaça), Helena Vazão (SFCOLAB) e Sandro do Vale, (Wisecrop) apelaram à mudança de paradigma face ao estado da arte da digitalização nas culturas da pera e da maçã, sob a moderação de Gonçalo Morais Tristão, (COTR).

I CONFERÊNCIA TÉCNICA PERA E MAÇA 13 nas “como uma ferramenta técnica de produção”. O responsável da COOP de Alcobaça distinguiu entre o state of the art e a tecnologia que está num nível de custo-benefício que o produtor pode adaptar. Helena Vazão reforçou o papel do SFCOLAB na democratização da digitalização na agricultura, com a missão de “ajudar a perceber a utilidade da tecnologia”. Dando exemplos de tecnologias em uso em pomares de pera e maçã em Torres Vedras e Alcobaça, incluindo sensores meteorológicos, sensores do solo, armadilhas inteligentes e voos de drones, a diretora defendeu que estas ferramentas “permitem desenvolver modelos para alertas de pragas e doenças e mapear o vigor das plantas para uma pulverização mais direcionada”, o que resulta em poupança de recursos. Sandro do Vale destacou a dimensão da exploração como um fator crucial. “As grandes explorações incentivam- -nos ao desenvolvimento de soluções que exigem a integração de diferentes infraestruturas tecnológicas, é um requisito”. Já junto do pequeno agricultor, “a mentalidade é diferente e há a questão do custo e falta de conhecimento”, lamenta o diretor de operações da Wisecrop. Numa segunda ronda de perguntas, Gonçalo Morais Tristão e Ricardo Santos concordaram que o financiamento do serviço (e não apenas do equipamento) é a chave para a adoção tecnológica por parte dos pequenos produtores. Para o diretor de serviço, este tipo de financiamento, associado a serviços partilhados, é essencial para ultrapassar as dificuldades financeiras e a instabilidade geopolítica que afeta a Política Agrícola Comum (PAC), o que “vai fazer muita diferença na bolsa dos agricultores”. “Tendo em conta a redução do défice orçamental que se prevê, deve-se financiar o bem ou o serviço?”, questiona Ricardo Santos. Por último, o financiamento para a transferência do conhecimento “é fundamental para que o agricultor possa ter acesso a tecnologias e programas”, como considera Gonçalo Morais Tristão. Na SFCOLAB tenta-se contornar a falta de financiamento para o serviço através da capacitação dos agricultores: “não queremos vender tecnologia, ensinamos a utilizá-la. Fazemos formação a produtores e cooperativas", avançou Helena Vazão. Na opinião de Sandro do Vale, “as políticas estão muito assentes numa vertente de aquisição para infraestrutura [das explorações], mas o serviço é que faz entregar propostas de valor a curto prazo”. O painel concordou que a transmissão do conhecimento é um obstáculo que precisa de ser ultrapassado, pois o que é gerado pelo ’poder’ e em centros de investigação nem sempre chega de forma eficaz ao agricultor que está no terreno. NOVA PROPOSTA DE VALOR APOSTA NA CAPACITAÇÃO DE PROXIMIDADE A intervenção de Filipa Saldanha, diretora de sustentabilidade do Crédito Agrícola, foi outro dos momentos mais aguardados na Conferência Técnica da Pera e Maçã. Sob a temática ‘O papel da banca na transição para uma agricultura sustentável e resiliente’, a oradora centrou-se “na estratégia de sustentabilidade do banco e nas questões do negócio sustentável, que é o eixo estratégico através do qual conseguimos ter um verdadeiro impacto na transformação da economia e das empresas”. A grande missão do Crédito Agrícola “é apoiar o desenvolvimento sustentável das comunidades locais rurais, e procuramos fazê-lo através de uma banca de proximidade, sustentável e com propósito”. No Crédito Agrícola “temos a consciência de que temos um impacto sistémico e real na economia”, sublinha. Filipa Saldanha, diretora de sustentabilidade do Crédito Agrícola, anunciou a aposta do banco em novos programas de financiamento e capacitação de proximidade para os agricultores.

I CONFERÊNCIA TÉCNICA PERA E MAÇA 14 Concretamente a nível de programas de capacitação para a agricultura, esta “é um dos nossos setores alvo e tem sido o grande foco de atuação desde que iniciámos, em 2024, o Programa de Proximidade, Transição e Impacto, no âmbito do plano de transição Net Zero do banco”. Dando dois exemplos de ações no setor agrícola, a especialista destaca a Formação em Agricultura Regenerativa, “um programa de formação adaptado ao perfil e necessidades do agricultor português, que utiliza agricultores mentores no terreno para demonstração prática e se foca em culturas com alto potencial agrónomo e económico para a transição, como a viticultura, culturas arvenses, e olivicultura". De acordo com Filipa Saldanha, “a maçã e a pera estão na mira” para futuras ações. A segunda é o Programa de Transição para a Agricultura Sustentável, uma iniciativa de capacitação “bastante mais abrangente, que se vai orientar por quatro eixos ambientais - clima, solo, água e biodiversidade”, e que arranca a 2 de dezembro. Desenvolvido em parceria com a Consulai e quatro OPs (AgroMais, ANPOC, MIGDALO e O Melro), esta ação visa dotar agricultores e técnicos com práticas mais inovadoras e sustentáveis, utilizando uma metodologia One to Many para escalar o impacto das aprendizagens além dos participantes. Com “uma relação histórica, de mais de cem anos, com o setor agrícola”, o Crédito Agrícola está a desenvolver uma nova proposta de valor para a agricultura nacional, que deverá ser lançada no próximo ano, focada em três categorias elegíveis para novas linhas de crédito bonificado: agricultura climate smart, focada na redução do uso de fertilizantes sintéticos e pesticidas, sistemas de cultivo diversificados e sistemas de rega mais eficientes; agricultura regenerativa, para investimento na adoção de práticas que reconstruam a matéria orgânica do solo, restaurem a biodiversidade e aumentem o sequestro de carbono; e inovação e tecnologia, para apoiar a transição e o investimento em novas tecnologias. Sublinhando que “Portugal é um dos países mais vulneráveis aos impactos climáticos e o terceiro setor bancário mais exposto”, Filipa Saldanha concluiu que o trabalho de financiamento bonificado e capacitação de proximidade deve ser feito em simultâneo. PENSAR AS ALTERNATIVAS COM AÇÃO ESTRATÉGICA ‘Biosoluções e práticas sustentáveis na cultura da pera e da maçã’ foi o tema da segunda mesa redonda da conferência organizada pela Agriterra. A análise levada a cabo por Hugo Oliveira, investigador auxiliar do Centro de Engenharia Biológica da Universidade do Minho, Gonçalo Vale, consultor da AGRO.GES e Jorge Soares, presidente da APMA, sob a moderação de Gonçalo Rodrigues, professor auxiliar do ISA, revelou oportunidades na adaptação às imposições legislativas em curso, transformando desafios em soluções emergentes face à retirada de substâncias ativas e à necessidade de uma agricultura mais sustentável, e modificando perceções sociais através da aposta na inovação e sustentabilidade. Jorge Soares abordou o impacto da imposição regulamentar de retirada de substâncias ativas na produção de maçã, sublinhando a necessidade de mudança de paradigma no setor. “A via química fez-nos cavalgar sobre o problema e está esgotada”, defendeu. Neste contexto é imperativo explorar as soluções naturais e de base natural, “apesar de serem mais difíceis, morosas e, inicialmente, menos eficazes”. Mas o impacto da retirada de químicos no setor das pomóideas é significativo: a pera, especialmente, enfrenta um problema grave com a falta de produtos específicos e eficazes. Defendendo que a estratégia passa por explorar ao máximo o natural em detrimento do químico, Jorge Soares acredita que, no caso da maçã, o caminho passa também “pela procura de variedades mais resilientes”. Hugo Oliveira trouxe ao debate a perspetiva da investigação e do desenvolvimento de biosoluções, com foco na área do fogo bacteriano. Na sua opinião, a lacuna no desenvolvimento biológico tem uma causa: o Pacto Ecológico Europeu esvaziou o leque de substâncias químicas, “mas em paralelo não estimulou o suficiente o desenvolvimento de novas abordagens biológicas”. Para o fogo bacteriano, por exemplo, “existem apenas dois produtos biológicos homologados, e nenhum foi desenvolvido especificamente para este problema. Falta uma categoria biológica específica” para esta bactéria, ainda que “exista um produto novo de origem biológica dedicado ao fogo bacteriano, que está em fase de registo”. Trata-se dos bacteriófagos (vírus que infetam bactérias), explicou uma tecnologia promissora que já é utilizada nos EUA há 20 anos. O investigador considera que os principais constrangimentos para a adoção de novas soluções são a falta A adoção estratégica e efetiva de tecnologia e biosoluções são as premissas para os produtores de pera e maçã do futuro

I CONFERÊNCIA TÉCNICA PERA E MAÇA 15 de financiamento e a dificuldade na transferência de conhecimento, perspetiva que é partilhada por Gonçalo Vale, para quem “as estratégias políticas e de investigação necessárias para mitigar o impacto da retirada de substâncias ativas” são essenciais. Segundo o consultor da AGRO.GES, “um dos pontos importantes é não tomar já estas medidas de retirada das substâncias ativas”, ainda que fundamentadas, sem pensar antes “quais são as soluções que existem para as substituir”. Neste âmbito, o país deve criar uma estratégia alargada e “a política pública deve canalizar financiamento para a investigação e demonstração. É crucial que agricultores, organizações de produtores, cooperativas, universidades e centros de investigação se unam para estudar alternativas para cada um dos casos e perceber se são válidas ou não”, concluiu. Mudança de paradigma, adoção de biosoluções e ação estratégica são, pois, as premissas para os produtores de pera e maçã do futuro, num Portugal agrícola que se deseja unido através das suas OPs e demais instituições, na senda de uma transição urgente e colaborativa para um modelo de produção mais resiliente, baseado na biologia e na inovação. n Jorge Soares (APMA), Gonçalo Vale (AGRO.GES) e Hugo Oliveira (Universidade do Minho) debateram com o moderador, Gonçalo Rodrigues (ISA) a adoção de biosoluções através de um modelo de produção colaborativo e mais resiliente. Dinamizada no âmbito dos Encontros Profissionais B2B da Induglobal, do Grupo Interempresas, com o suporte técnico da Fakoy, a I Conferência Técnica da Pera e Maçã contou com a parceria estratégica do INIAV – Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária; da COOP - Cooperativa Agrícola de Alcobaça; do COTHN – Centro Operativo e Tecnológico Hortifrutícola Nacional | Centro de Competências; e do SFCOLAB - Smart Farm Colab | Laboratório Colaborativo para a Inovação Digital na Agricultura. O Crédito Agrícola foi o Patrocinador Premium do evento, que teve ainda como parceiros a Fertiberia | ADP Fertilizantes, a Biostasia e a Natural Energy. O Encontro organizado pela Agriterra contou com o apoio da APMA – Associação de Produtores da Maçã de Alcobaça, que forneceu produtos da marca 'Maçã de Alcobaça' – IGP para degustação durante o coffee-break e o cocktail de encerramento.

16 A sessão reuniu os presidentes das três entidades organizadoras - a Associação Nacional de Empresas Florestais, Agrícolas e do Ambiente (ANEFA), a Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Albergariaa-Velha e a Associação Florestal do Baixo Vouga - acompanhados pelas respetivas equipas responsáveis pela preparação da feira. O encontro contou também com a presença do secretário de Estado das Florestas, Rui Ladeira, além de patrocinadores, parceiros institucionais e expositores, muitos deles participantes assíduos desde a primeira edição, realizada em abril de 2002. A organização destacou o contributo de todos para o crescimento sustentado da ExpoFlorestal, hoje reconhecida como a maior montra do setor florestal em Portugal. Durante a sessão, foi igualmente sublinhado o apoio contínuo do Município de Albergaria-a-Velha. O presidente da Câmara, Carlos Coelho, renovou publicamente o compromisso da autarquia em manter o evento na agenda local, reforçando a importância estratégica da feira para a economia da região e para a valorização da fileira florestal. A organização endereçou ainda votos de sucesso ao autarca no início do seu novo mandato. A ExpoFlorestal regressa ao Parque de Exposições de Albergaria-a-Velha nos dias 29, 30 e 31 de maio de 2026, prometendo uma edição reforçada, com demonstrações ao vivo, mostra tecnológica, ações de formação e iniciativas dedicadas à sustentabilidade e à gestão florestal. Mantém-se, assim, o compromisso de promover o encontro entre empresas, profissionais, entidades públicas e a comunidade, consolidando o papel do certame como espaço de diálogo, inovação e dinamização do setor florestal português. n A Biblioteca Municipal de Albergaria-aVelha recebeu, a 17 de novembro, a apresentação oficial da 14.ª edição da ExpoFlorestal, um dos maiores eventos nacionais dedicados ao setor florestal. ExpoFlorestal apresenta 14.ª edição e reforça papel central no setor florestal português C M Y CM MY CY CMY K

18 EVENTOS Produtores nacionais debatem futuro dos cereais A ANPROMIS – Associação Nacional dos Produtores de Milho e Sorgo, a ANPOC – Associação Nacional de Produtores de Proteaginosas, Oleaginosas e Cereais e a AOP – Associação de Orizicultores de Portugal vão promover, nos dias 11 e 12 de fevereiro, o 2.º Encontro das Culturas Cerealíferas, que integrará também o XVI Congresso Nacional do Milho. As culturas cerealíferas ocupam atualmente cerca de 250 mil hectares em Portugal, estando presentes em 95 mil explorações agrícolas de Norte a Sul do país. Face aos crescentes desafios que se colocam aos produtores nacionais, a partilha de conhecimento e de experiências torna-se essencial para reforçar a competitividade e sustentabilidade desta fileira estratégica para a agricultura portuguesa. O 2.º Encontro das Culturas Cerealíferas, que integrará também o XVI Congresso Nacional do Milho, reunirá toda a fileira dos cereais – milho, arroz e cereais praganosos – num fórum de debate e partilha de conhecimento que deverá contar com a presença de cerca de 900 participantes provenientes de todo o país, bem como com o apoio das principais empresas e instituições bancárias que operam em Portugal. Entre os temas que estarão em debate, destacam-se a agricultura europeia, os acordos comerciais e a geopolítica mundial. • Produção de cereais: que desafios técnicos se colocam? • O mercado mundial de cereais: que perspetivas para os próximos anos? • A produção de cereais em Portugal: como aumentar áreas e rendimento? • A importância da Política Agrícola Comum na coesão de uma União Europeia a 27. O programa completo e a ficha de inscrição serão divulgados nas próximas semanas. Reserve já as datas de 11 e 12 de fevereiro e participe neste grande encontro do milho e dos cereais nacionais. n

20 SIVAL 2026: o futuro da produção vegetal começa em Angers O SIVAL 2026, um dos maiores eventos dedicados à produção vegetal, vai realizar-se de 13 a 15 de janeiro de 2026, no Parque de Exposições de Angers, em França. O salão reúne profissionais de todo o mundo ligados à horticultura, viticultura, fruticultura e horticultura intensiva, e é reconhecido como um ponto de encontro essencial para quem trabalha no setor. INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NO CENTRO DO EVENTO Com o tema 'Preparar o futuro das produções vegetais especializadas', o SIVAL quer apoiar a transição do setor e ajudar os profissionais a enfrentar os desafios económicos, ambientais e sociais da agricultura. O programa foca-se em três grandes áreas: • Desempenho económico – garantir que as explorações agrícolas sejam rentáveis e sustentáveis; • Clima – encontrar soluções para adaptar a produção às mudanças climáticas; • Desenvolvimento dos setores – valorizar o emprego, a formação e atrair novas gerações. FRUIT 2050: O FUTURO DA FRUTICULTURA EM DEBATE O evento FRUIT 2050 regressa ao SIVAL em 2026, com uma conferência dedicada às estratégias de proteção sanitária dos pomares. Reunirá especialistas europeus que vão apresentar novas soluções para uma fruticultura mais saudável e sustentável. CONCURSOS QUE PREMEIAM A INOVAÇÃO O SIVAL 2026 continua a apostar na inovação com dois concursos principais: • O Concurso SIVAL Innovation, que distingue as melhores ideias e tecnologias do setor; • O AGREEN DÉFI, dedicado a projetos com inteligência artificial e robótica aplicadas à produção vegetal. PRESS TOUR: UMA EXPERIÊNCIA EXCLUSIVA PARA JORNALISTAS Os profissionais da comunicação social são convidados a participar no Press Tour SIVAL 2026, uma experiência organizada de 12 a 15 de janeiro que oferece acesso exclusivo a empresas, expositores e inovações do setor. Durante quatro dias, os jornalistas poderão visitar explorações agríco-

21 las, conhecer projetos tecnológicos e assistir a conferências dedicadas aos principais desafios da agricultura. O Press Tour culmina com o Press Club, realizado a 13 de janeiro, no âmbito do FRUIT 2050, onde os jornalistas podem apresentar artigos sobre estratégias de proteção sanitária dos pomares. Os textos serão incluídos numa publicação partilhada com todos os participantes. UM ENCONTRO QUE FAZ A DIFERENÇA Com mais de 700 expositores e cerca de 25 mil visitantes profissionais esperados, o SIVAL é hoje o principal evento em França e um dos mais importantes da Europa no setor das produções vegetais. Organizado pela Destination Angers, certificada ISO 20121, o salão destaca- -se também pelo compromisso com o desenvolvimento sustentável. n Mais informações aqui: http://www.sival-angers.com/

22 EVENTOS Celebrar “a coragem, a resiliência e o espírito empreendedor” dos jovens agricultores A I Gala AJAP-Portugal Winners, associada ao lançamento do Rural Innovation Challenges, “foi um sucesso”. A valorização dos territórios rurais e o reconhecimento da mobilização dos jovens como agentes da sua dinamização foram os propósitos centrais do encontro, que juntou no Casino Estoril, a 5 de novembro, mais de 210 personalidades do setor. Marques Mendes, Paulo Portas, Rui Rio e Duarte Cordeiro associaram-se, em conjunto com o ministro da Agricultura e Mar, ao evento de excelência da AJAP que lança os desafios fundamentais do rejuvenescimento e da mediatização da agricultura. Painel 'Regresso ao Futuro'. © Jorge Oliveira.

23 EVENTOS O Salão Preto e Prata, no Casino Estoril, foi palco, no dia 5 de novembro, da I Gala AJAP-Portugal Winners, promovida pela AJAP - Associação dos Jovens Agricultores de Portugal. Projetar o futuro, valorizar os territórios rurais, premiar jovens, personalidades, instituições e empresas foi o mote de um evento que irá, anualmente, reconhecer o potencial destas regiões e os protagonistas que, mobilizados e apoiados, podem impulsionar o interior do País: jovens agricultores, Jovens Empresários Rurais (JER) e alunos das mais variadas escolas de ensino profissional e superior. Durante a Gala foi apresentado o Rural Innovation Challenges, também iniciativa da AJAP, em parceria com a Caja Rural del Sur - CRSUR e a Agrimútuo - Federação Nacional das Caixas de Crédito Agrícola Mútuo, com o objetivo de promover e divulgar o potencial dos territórios rurais e lançar desafios aos jovens rurais e urbanos, em sessões que decorrem no primeiro semestre de cada ano. O Rural Innovation Challenges conta com quatro categorias: Jovem Agricultor, Jovem Empresário Rural, Jovem Talento AgroRural e Academia Rural. Irá percorrer escolas, universidades e municípios de norte a sul do País e premiar 12 jovens, três em cada uma das quatro categorias, que se distingam pela valorização e dinamização dos territórios rurais. O presidente da AJAP e o Ministro da Agricultura e Mar na Sessão de Abertura da I Gala AJAP-Portugal Winners. © Jorge Oliveira. Painel 'Rural Innovation Challenges' . © Jorge Oliveira. Na sessão de abertura desta Gala o Ministro da Agricultura e Mar, José Manuel Fernandes, destacou a “importância dos jovens agricultores” no desenvolvimento económico do País e salientou que “temos uma agricultura cada vez mais moderna”, lembrando o papel das escolas profissionais e de agricultura neste caminho. “A renovação geracional é muito importante”, frisou, lembrando que a média de idade dos agricultores em Portugal é de 64 anos, quando a média da União Europeia é de 58, e salientando que “temos no PEPAC uma dotação de 253 milhões de euros para esta renovação geracional”. Nas palavras do ministro, “esta cerimónia é uma prova de que há confiança, mas também é um apelo para que os jovens venham para a agricultura. Apoiar os jovens é investir na vitalidade do setor e na coesão do território”, concluiu. O presidente da AJAP, Henrique Silvestre Ferreira, sublinhou na sua intervenção “a importância desta Gala” que reconhece “pessoas, instituições e empresas que, com o seu trabalho, investimento e visão, contribuem para um Portugal mais sustentável, coeso e inovador”. “O que aqui celebramos é a coragem, a resiliência e o espírito empreendedor de quem acredita não só na força das comunidades, como também nos jovens como agentes da inovação e no uso das novas tecnologias, da digitalização e da inteligência artificial como ferramentas cruciais nos nossos dias,

24 EVENTOS sob o ‘chapéu’ da sustentabilidade”, afirmou, reiterando que “a Gala nasceu com uma missão clara: mobilizar os jovens, inspirar os territórios rurais, divulgar boas práticas e mostrar que a inovação pode nascer em qualquer lugar, desde a aldeia mais pequena até à cidade mais cosmopolita”. Seguiu-se um painel de reflexão intitulado ‘Regresso ao Futuro 2035’, com a presença de oradores da política nacional, como Paulo Portas, Rui Rio e Duarte Cordeiro, que debateram os desafios globais e nacionais, mudanças geopolíticas, alterações climáticas e sustentabilidade. O segundo painel foi dedicado ao Rural Innovation Challenges, com intervenções de José GarcíaPalacios, presidente da Caja Rural del Sur, Manuela Jorge, presidente da Agrimútuo, e Firmino Cordeiro, diretor-Geral da AJAP, que abordaram os desafios que tornaram esta iniciativa uma realidade, destacando a Gala como “o evento de excelência da AJAP”. Firmino Cordeiro explicou a importância do Rural Innovation Challenges, nomeadamente no impulso que traz aos territórios rurais, no combate ao despovoamento e no ímpeto ao rejuvenescimento. “Este desafio surge porque queremos ir mais além, não podemos falar apenas para dentro, temos mais jovens no País, que ainda desconhecem o potencial dos territórios rurais bem como os apoios que existem e que eles podem aproveitar. É preciso fazer chegar esta mensagem aos estudantes, não só das escolas profissionais, como do ensino superior e universidades, e de outras áreas”, disse o diretor-geral da AJAP. Firmino Cordeiro deixou ainda o repto aos responsáveis do Ministério da Agricultura, CCDRs, CIMs (Comunidades Intermunicipais), autarquias e escolas presentes na Gala para que se juntem a esta iniciativa, que a AJAP e os seus parceiros consideram “urgente implementar e disseminar no território”. José García-Palacios, presidente da Caja Rural del Sur, salientou que a agricultura “tem futuro” e não tem dúvidas de que “é um setor estratégico na Península Ibérica”. Com as incertezas globais e uma guerra na Europa, Luís Marques Mendes encerrou a Gala da Associação dos Jovens Agricultores de Portugal. © AJAP. Salão Preto e Prata do Casino Estoril na I Gala AJAP-Portugal Winners. © Jorge Oliveira.

25 EVENTOS a aposta na agricultura “é cada vez mais uma urgência”, para que sejamos capazes de acautelar a soberania alimentar necessária. Manuela Nina Jorge, presidente da Agrimútuo, frisou que Portugal é um país que tem dado provas na qualidade dos produtos agrícolas e agroalimentares, desde os vinhos, as hortícolas e a fruta, nomeadamente a pera rocha e os frutos vermelhos, e “temos de continuar a abraçar essa qualidade”. E isso “faz-se com inovação, tecnologia e digitalização, o que tem sido bem conseguido, mas temos de incentivar os jovens agricultores e outros jovens empresários, nomeadamente nos territórios mais vulneráveis, a conseguir instalarem-se com qualidade e nível de vida onde é preciso impulsionar o rejuvenescimento e inverter a desertificação”, apelou. Luís Marques Mendes, candidato à Presidência da República, encerrou a I Gala AJAP-Portugal Winners com a comunicação ‘Perspetivar 2035’. Lembrando a importância da AJAP, fundada em 1983, e o trabalho que a organização desenvolve no País nas últimas quatro décadas, defendeu que a mesma “tem feito um percurso importante a favor da agricultura, da pedagogia relativamente aos jovens agricultores”, concluindo que a Associação “tem um grande passado e desejo que tenha um grande futuro”. Afirmando ainda que “esta iniciativa é muito oportuna porque é essencial colocar a agricultura nas agendas política, mediática e nacional”, Marques Mendes, elencou três prioridades: o rejuvenescimento do setor, a inovação tecnológica a digitalização e visibilidade do setor. “A agricultura precisa de visibilidade. A ideia de que o mundo urbano é futuro e o mundo rural é passado é profundamente errada, precisamos de ambos e é importante que esta ideia seja alterada”, alertou o político. José Manuel Fernandes com o ‘Jovem Agricultor em 2035’, Duarte Sanches. © Jorge Oliveira. Sabrina Saraiva, distinguida com o troféu ‘Jovem Empresário Rural’. © Jorge Oliveira. “É essencial colocar a agricultura nas agendas política, mediática e nacional” – Marques Mendes, candidato à presidência da República

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