Com o objetivo de promover a conservação da Águia-caçadeira, o Clube de Produtores Continente (CPC), a Associação Nacional de Produtores de Proteaginosas, Oleaginosas e Cereais (ANPOC) e o Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos (CIBIO/BIOPOLIS) da Universidade do Porto, com a colaboração do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), juntaram-se num projeto que pretende valorizar o contributo das searas de trigo nacionais para a promoção de biodiversidade de aves, incluindo a de espécies ameaçadas como esta.
Os agricultores e proprietários de terrenos estão a ajudar ativamente na identificação das colónias destas aves. Foto: João Claro
A Águia-caçadeira é uma das aves em maior declínio da fauna terrestre nacional, muito devido à substituição da cultura cerealífera de trigo e aveia por prados permanentes, cujo corte se faz mais cedo coincidindo com o período de nidificação desta espécie e que pode causar a perda de ovos, crias e por vezes adultos também.
Os agricultores e proprietários de terrenos estão a ajudar ativamente na identificação das colónias destas aves, enviando ao CIBIO/BIOPOLIS e ao ICNF informações sobre os avistamentos das águias, o número de animais e, sempre que possível, o sexo dos mesmos, além de implementarem voluntariamente medidas de proteção dos ninhos e crias (delimitando o espaço em que estes se encontram, para que não haja atividade de máquinas agrícolas e instalando proteções anti predadores, por exemplo). Até ao momento já foram acompanhadas 13 ceifas de 26 produtores nacionais para implementar estas medidas.
Através desta iniciativa, as cerca de sete toneladas de farinha utilizadas diariamente nas padarias das lojas Continente, já provêm de searas de trigo da região do Alentejo que são monitorizadas de forma a proteger a biodiversidade e a conservação de aves em extinção.
“Estamos comprometidos com a proteção da fauna e flora do nosso país, com a biodiversidade e a sustentabilidade ambiental, e acreditamos que este projeto pode ter um impacto muito significativo na sobrevivência e recuperação desta espécie atualmente em vias de desaparecer das planícies alentejanas” explica Ondina Afonso, presidente do CPC.
A Águia-caçadeira (Circus pygargus), também conhecida como tartaranhão-caçador, é a mais pequena das águias europeias e só está presente em território nacional de meados de março a setembro, migrando depois para África. Em Portugal, está classificada como ‘em Perigo de extinção’.
As águias-caçadeiras alimentam-se sobretudo de insetos, mas também passeriformes, répteis e pequenos mamíferos, principalmente ratos. A sua distribuição é maior nas planícies alentejanas, frequentando terrenos abertos com poucas árvores, nomeadamente áreas coincidentes culturas cerealíferas.
O objetivo do Clube de Produtores Continente é disponibilizar produtos nacionais de excelência aos clientes, resultantes de um trabalho de parceira com os fornecedores, suportado em conhecimento técnico-científico e que permite alinhar a oferta às tendências de consumo. Em junho deste ano, o CPC estabeleceu uma ‘Declaração para a Sustentabilidade’ para os seus membros, baseada em 11 princípios e diversas iniciativas (como o projeto de proteção da Águia-caçadeira), para promover a produção e consumo sustentáveis e um sistema alimentar que respeita o ambiente.
www.agriterra.pt
Agriterra - Informação profissional para a agricultura portuguesa