Chaparro Agrícola e Industrial, S.L.
Informação profissional para a agricultura portuguesa

“O InnovPlantProtect tem o desafio de dar resposta à crescente pressão das pragas e doenças”

Entrevista com Pedro Viterbo, Gerente da Fertiprado

Redação Agriterra | Fotos: Orlando Almeida06/06/2022

O impacto mais importante do InnovPlantProtect na sociedade será o desenvolvimento de produtos e ferramentas ambientalmente sustentáveis para a proteção de culturas contra pragas e doenças, que permitam às empresas melhorarem os seus produtos e aos agricultores melhorarem as suas práticas diárias, afirma Pedro Viterbo, gerente da Fertiprado. A empresa é sócia fundadora do laboratório colaborativo com sede em Elvas, numa associação que “foi óbvia” desde o início.

“A associação ao InnovPlantProtect permite-nos encontrar soluções para os problemas do agricultor”

“A associação ao InnovPlantProtect permite-nos encontrar soluções para os problemas do agricultor”.

Em que consiste a atividade da Fertiprado?

A Fertiprado foi fundada há 32 anos, por David Crespo, engenheiro agrónomo especializado em pastagens e forragens, que, ao longo da sua vida, detetou uma lacuna nas pastagens dos animais em termos de proteínas. Antigamente dava-se muitas gramíneas aos animais, que são ricas em fibra mas têm pouca proteína. A fibra é importante para a digestão dos ruminantes mas a proteína também é muito importante para o seu crescimento. Aquilo que o engenheiro Crespo concebeu foi uma mistura biodiversa, rica em leguminosas, com gramíneas e leguminosas, que cumpria os dois objetivos: uma maior digestibilidade e a alimentação com proteína. Estas misturas biodiversas ricas em leguminosas têm também uma enorme vantagem para o meio ambiente, na medida em que as leguminosas, contrariamente às gramíneas, que extraem azoto do solo, ajudam a fixar o azoto e, portanto, evitam que seja necessário adicionar azoto de síntese aos campos. Este foi o nascer da Fertiprado, com este conceito das misturas biodiversas ricas em leguminosas. Temos uma ampla gama de misturas, que se adaptam aos diferentes climas, aos diferentes tipos de solo, e inclusivamente ao tipo de animais. Esses conceitos depois evoluíram e agora temos misturas biodiversas também para fazer cobertura de solos, para fazer cobertura de entrelinhas de culturas principais, como o olival, o amendoal, a vinha. Fazemos proteção de solo com essas misturas de cobertura. É uma outra aplicação do conceito da mistura biodiversa que nasceu para as pastagens e forragens, que foi um conceito disruptivo a nível mundial, um ovo de Colombo, digamos, neste setor.

Porque é que a Fertiprado decidiu ser sócia fundadora do laboratório colaborativo (CoLAB) InnovPlantProtect (InPP)?

Além do conceito da mistura biodiversa, a Fertiprado distingue-se por apoiar os seus clientes com atividades de pré e pós-venda. Nestas atividades que realizamos muito junto dos agricultores, de forma presencial, deparamo-nos com situações de pragas e doenças para as quais queremos estar habilitados a dar as respostas concretas e objetivas que os clientes se habituaram a receber da Fertiprado. Por outro lado, a nossa direção de Investigação e Desenvolvimento também se pauta por procurar continuamente produtos e soluções cada vez mais resistentes às pragas e que sejam capazes de as combater. Por estas duas razões, a associação com o laboratório colaborativo faz todo o sentido, na medida em que um dos objetivos principais do InnovPlantProtect é justamente analisar, investigar e encontrar soluções para estas pragas e doenças. Assim, podemos partilhar e complementar know-how, e encontrar as soluções que os nossos clientes esperam de nós.

Mas foi logo óbvio, desde o início, que tinham de integrar o CoLAB?

Foi óbvio, de facto; por vários motivos. A Fertiprado há muito que colabora com outras instituições que fazem parte do CoLAB, como o INIAV, por exemplo, como o ITQB, a Faculdade de Ciências e Tecnologia... os parceiros não são novos. Também trabalhávamos já com o Pedro Fevereiro noutros projetos e, portanto, conhecíamos bem o potencial e a qualidade dos parceiros com quem nos estávamos a envolver. E, de facto, dado o impacto das pragas e doenças na nossa atividade diária, e o valor que sabíamos que podíamos trazer também com o nosso know-how e a nossa capacidade de ajudar a replicar e testar as soluções, pareceu-nos que havia aqui se não o match perfeito, seguramente um match quase perfeito.

“A associação ao InnovPlantProtect permite-nos encontrar soluções para os problemas do agricultor”
“A associação ao InnovPlantProtect permite-nos encontrar soluções para os problemas do agricultor”.

Pode dar-nos exemplos específicos da importância do InnovPlantProtect para a Fertiprado?

Nós temos como um dos principais objetivos a melhoria contínua dos nossos produtos e, portanto, esta associação ao InPP – que, além do mais, se encontra fisicamente muito próximo de nós – permite-nos articular e encontrar soluções para os problemas que surgem no setor e, mais concretamente, na própria casa do agricultor. Esta partilha de conhecimentos é fundamental entre uma atividade privada como a Fertiprado e uma entidade de inovação e desenvolvimento com a capacidade e as valências do InPP. Já temos casos de colaboração muito concretos na análise dessas pragas e dessas doenças, e na busca conjunta de soluções.

Concretamente, o InPP foi contratado pela Fertiprado para identificar um agente patogénico que atacava prados de trevo-da-pérsia. Fale-nos desse projeto.

Este projeto foi muito importante, pois conseguiram-se reportar dados da identificação de agentes patogénicos causadores dos sintomas observados em diversos campos com leguminosas semeadas, de forma a poder-se propor, numa fase posterior, tratamentos preventivos adequados, que não prejudiquem a cultura, o solo e o meio ambiente. A Fertiprado conhece muito bem as caraterísticas destas culturas e tem meios para conseguir articular com o InPP para que, através da multidisciplinaridade, se resolvam este tipo de problemas, que são fundamentais para o sucesso das leguminosas nas pastagens dos nossos clientes.

Para a região alentejana em geral e para a de Elvas em particular, qual é a importância do CoLAB?

Acho que traz bastantes mais-valias. Em primeiro lugar, cria empregabilidade na região, direta ou indiretamente, fixando e trazendo emprego qualificado, composto por cientistas de muitas partes do mundo, e com um know-how muito importante e relevante para uma atividade económica bastante preponderante nesta região, contribuindo para combater a desertificação do Interior, que é um problema que nos afeta já há muito tempo. Em segundo lugar, está numa zona de importância significativa no setor agrícola a nível nacional, onde a aplicabilidade dos conhecimentos adquiridos é fundamental. E por último, e não menos importante, ajuda a resolver problemas que afetam a nossa agricultura em geral, combatendo perdas de produtividade e contribuindo, por isso, para uma melhoria económica do setor e, consequentemente, da região.

“Portugal é um país com bastante diversidade em termos agrícolas e (…) talvez um dos maiores desafios seja exatamente a capacidade de encontrar e...
“Portugal é um país com bastante diversidade em termos agrícolas e (…) talvez um dos maiores desafios seja exatamente a capacidade de encontrar e gerir os diferentes recursos por forma a dar resposta a uma tão grande solicitação”.

Como é que gerem os papéis de associado fundador e de parceiro-cliente?

É simples. A Fertiprado, independentemente de ser um parceiro e de se ter associado a esta iniciativa por considerá-la de enorme importância, não só do ponto de vista científico mas também do ponto de vista socioeconómico aqui para a região de Elvas, enquanto empresa de referência muito conhecedora no setor das pastagens e forragens, tem desafiado o InnovPlantProtect a procurar soluções para resolver problemas concretos de pragas e de doenças com que nos deparamos, intercambiando know-how e, ao mesmo tempo, disponibilizando-nos para os ensaios de aplicação prática e de experimentação destas soluções. Há aqui um papel colaborativo muito grande que não vem só, mas também, do facto de sermos um associado.

Que desafios se colocam a um CoLAB com as caraterísticas do InPP, o único na área da proteção de culturas contra pragas e doenças em Portugal?

Portugal é um país com bastante diversidade em termos agrícolas e, atendendo à crescente pressão das pragas e doenças a que temos assistido, talvez um dos maiores desafios seja exatamente a capacidade de encontrar e gerir os diferentes recursos por forma a dar resposta a uma tão grande solicitação.

E tendo em conta que o InPP está direcionado para as culturas mediterrânicas e que a sustentabilidade do CoLAB passa também pela internacionalização, essa questão pode assumir maior proporções...

Com certeza. Nós em particular exportamos bastante, 50% da nossa faturação é feita no estrangeiro e, portanto, o risco de encontrar outras pragas e doenças aumenta.

Como é que vê a participação das empresas neste tipo de instituição? Acha que a estratégia seguida permite que o InPP desenvolva a sua atividade em conjunto com elas?

Nós entendemos que, de facto, a investigação só faz sentido se tiver uma aplicação na vida das sociedades, tornando-a mais simples, mais eficiente e resolvendo problemas. Pensamos que o InPP tem de trabalhar direcionado para as necessidades das empresas, sejam elas participantes do CoLAB ou não, e serão depois essas empresas que acabarão por fazer chegar as soluções e os resultados da investigação ao mundo real; e só assim é que faz sentido.

Esta área da aplicação da biotecnologia de plantas, nomeadamente em culturas mediterrânicas, ainda está muito condicionada pela legislação europeia. Acredita que o InPP vai conseguir ultrapassar estes desafios, e utilizar a biotecnologia e a genómica para a proteção de culturas?

Eu penso que sim. A biotecnologia e a genómica são ferramentas novas e inovadoras que, sendo utilizadas com ética e responsabilidade, poderão certamente ajudar na formulação de novos produtos e serviços. Estou convencido que, com a ética e sentido de responsabilidade que sabemos que existe nas pessoas que compõem o CoLAB, essas dificuldades serão ultrapassadas.

Na sua opinião, como se medirá o sucesso do InPP?

Esse sucesso será medido pelo impacto que as soluções encontradas possam ter no desenvolvimento de produtos e de ferramentas ambientalmente sustentáveis, que possam ser utilizadas pelas empresas em prol da melhoria contínua dos seus produtos, pelos agricultores nas boas práticas do seu dia a dia, e na agricultura em geral. Quanto mais eficazes e sustentáveis forem os produtos e as soluções que se consigam encontrar, maior será o impacto do InnovPlantProtect na comunidade agrícola e na sociedade em geral. Como nota final, gostava de dar os parabéns ao InnovPlantProtect, nomeadamente, ao seu Conselho de Administração e ao seu diretor executivo, Pedro Fevereiro, pelo enorme trabalho que já foi desenvolvido até aqui, avançando com resultados científicos, enquanto continuam numa luta de construção e de implementação do laboratório em si. Apesar de todas as dificuldades, os resultados já são muitíssimo interessantes e gostava de deixar os parabéns a toda a equipa.

“Pareceu-nos que havia um match perfeito entre a Fertiprado e o InnovPlantProtect”
“Pareceu-nos que havia um match perfeito entre a Fertiprado e o InnovPlantProtect”.
Veja aqui a entrevista:

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