“O InnovPlantProtect tem o desafio de dar resposta à crescente pressão das pragas e doenças”
O impacto mais importante do InnovPlantProtect na sociedade será o desenvolvimento de produtos e ferramentas ambientalmente sustentáveis para a proteção de culturas contra pragas e doenças, que permitam às empresas melhorarem os seus produtos e aos agricultores melhorarem as suas práticas diárias, afirma Pedro Viterbo, gerente da Fertiprado. A empresa é sócia fundadora do laboratório colaborativo com sede em Elvas, numa associação que “foi óbvia” desde o início.
“A associação ao InnovPlantProtect permite-nos encontrar soluções para os problemas do agricultor”.
A Fertiprado foi fundada há 32 anos, por David Crespo, engenheiro agrónomo especializado em pastagens e forragens, que, ao longo da sua vida, detetou uma lacuna nas pastagens dos animais em termos de proteínas. Antigamente dava-se muitas gramíneas aos animais, que são ricas em fibra mas têm pouca proteína. A fibra é importante para a digestão dos ruminantes mas a proteína também é muito importante para o seu crescimento. Aquilo que o engenheiro Crespo concebeu foi uma mistura biodiversa, rica em leguminosas, com gramíneas e leguminosas, que cumpria os dois objetivos: uma maior digestibilidade e a alimentação com proteína. Estas misturas biodiversas ricas em leguminosas têm também uma enorme vantagem para o meio ambiente, na medida em que as leguminosas, contrariamente às gramíneas, que extraem azoto do solo, ajudam a fixar o azoto e, portanto, evitam que seja necessário adicionar azoto de síntese aos campos. Este foi o nascer da Fertiprado, com este conceito das misturas biodiversas ricas em leguminosas. Temos uma ampla gama de misturas, que se adaptam aos diferentes climas, aos diferentes tipos de solo, e inclusivamente ao tipo de animais. Esses conceitos depois evoluíram e agora temos misturas biodiversas também para fazer cobertura de solos, para fazer cobertura de entrelinhas de culturas principais, como o olival, o amendoal, a vinha. Fazemos proteção de solo com essas misturas de cobertura. É uma outra aplicação do conceito da mistura biodiversa que nasceu para as pastagens e forragens, que foi um conceito disruptivo a nível mundial, um ovo de Colombo, digamos, neste setor.
Além do conceito da mistura biodiversa, a Fertiprado distingue-se por apoiar os seus clientes com atividades de pré e pós-venda. Nestas atividades que realizamos muito junto dos agricultores, de forma presencial, deparamo-nos com situações de pragas e doenças para as quais queremos estar habilitados a dar as respostas concretas e objetivas que os clientes se habituaram a receber da Fertiprado. Por outro lado, a nossa direção de Investigação e Desenvolvimento também se pauta por procurar continuamente produtos e soluções cada vez mais resistentes às pragas e que sejam capazes de as combater. Por estas duas razões, a associação com o laboratório colaborativo faz todo o sentido, na medida em que um dos objetivos principais do InnovPlantProtect é justamente analisar, investigar e encontrar soluções para estas pragas e doenças. Assim, podemos partilhar e complementar know-how, e encontrar as soluções que os nossos clientes esperam de nós.
Foi óbvio, de facto; por vários motivos. A Fertiprado há muito que colabora com outras instituições que fazem parte do CoLAB, como o INIAV, por exemplo, como o ITQB, a Faculdade de Ciências e Tecnologia... os parceiros não são novos. Também trabalhávamos já com o Pedro Fevereiro noutros projetos e, portanto, conhecíamos bem o potencial e a qualidade dos parceiros com quem nos estávamos a envolver. E, de facto, dado o impacto das pragas e doenças na nossa atividade diária, e o valor que sabíamos que podíamos trazer também com o nosso know-how e a nossa capacidade de ajudar a replicar e testar as soluções, pareceu-nos que havia aqui se não o match perfeito, seguramente um match quase perfeito.
Pode dar-nos exemplos específicos da importância do InnovPlantProtect para a Fertiprado?
Este projeto foi muito importante, pois conseguiram-se reportar dados da identificação de agentes patogénicos causadores dos sintomas observados em diversos campos com leguminosas semeadas, de forma a poder-se propor, numa fase posterior, tratamentos preventivos adequados, que não prejudiquem a cultura, o solo e o meio ambiente. A Fertiprado conhece muito bem as caraterísticas destas culturas e tem meios para conseguir articular com o InPP para que, através da multidisciplinaridade, se resolvam este tipo de problemas, que são fundamentais para o sucesso das leguminosas nas pastagens dos nossos clientes.
Para a região alentejana em geral e para a de Elvas em particular, qual é a importância do CoLAB?
Acho que traz bastantes mais-valias. Em primeiro lugar, cria empregabilidade na região, direta ou indiretamente, fixando e trazendo emprego qualificado, composto por cientistas de muitas partes do mundo, e com um know-how muito importante e relevante para uma atividade económica bastante preponderante nesta região, contribuindo para combater a desertificação do Interior, que é um problema que nos afeta já há muito tempo. Em segundo lugar, está numa zona de importância significativa no setor agrícola a nível nacional, onde a aplicabilidade dos conhecimentos adquiridos é fundamental. E por último, e não menos importante, ajuda a resolver problemas que afetam a nossa agricultura em geral, combatendo perdas de produtividade e contribuindo, por isso, para uma melhoria económica do setor e, consequentemente, da região.
Com certeza. Nós em particular exportamos bastante, 50% da nossa faturação é feita no estrangeiro e, portanto, o risco de encontrar outras pragas e doenças aumenta.
Esse sucesso será medido pelo impacto que as soluções encontradas possam ter no desenvolvimento de produtos e de ferramentas ambientalmente sustentáveis, que possam ser utilizadas pelas empresas em prol da melhoria contínua dos seus produtos, pelos agricultores nas boas práticas do seu dia a dia, e na agricultura em geral. Quanto mais eficazes e sustentáveis forem os produtos e as soluções que se consigam encontrar, maior será o impacto do InnovPlantProtect na comunidade agrícola e na sociedade em geral. Como nota final, gostava de dar os parabéns ao InnovPlantProtect, nomeadamente, ao seu Conselho de Administração e ao seu diretor executivo, Pedro Fevereiro, pelo enorme trabalho que já foi desenvolvido até aqui, avançando com resultados científicos, enquanto continuam numa luta de construção e de implementação do laboratório em si. Apesar de todas as dificuldades, os resultados já são muitíssimo interessantes e gostava de deixar os parabéns a toda a equipa.
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