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Informação profissional para a agricultura portuguesa

A tecnologia na vitivinicultura

Alexandra Costa31/03/2024

Quem trabalha na vinha lida, cada vez mais, com mais tecnologia. Sensores, drones, voos, dados de satélite... o objetivo é obter dados e conseguir trabalhá-los em tempo real. No entanto isso cria, também, algumas dificuldades. Não só em termos da formação que passa a ser necessária, mas, também, ao nível de interoperabilidade de sistemas.

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Digitalização (de A a Z) do setor Vine & Wine. Este foi o tema de uma das mesas redondas da Enotécnica e à qual as revistas iAlimentar e Agriterra se juntaram, na forma de moderação do evento. Durante cerca de 50 minutos os intervenientes - Maria José Moutinho, da Aveleda; Luís Alcino Conceição, do InovTechAgro; e José Teixeira Marques da Herculano, do Grupo Ferpinta - debateram a digitalização do setor e as vantagens (e desafios) da utilização da tecnologia.

Nos últimos dez anos, por exemplo, houve uma grande utilização de tecnologias sensoriais, que ajudam na monitorização do solo, da cultura e da presença da água no solo, e fornecem informação assertiva e em tempo real, explicou Luís Alcino Conceição. Essa é, aliás, a grande diferença. Porque, como lembra o professor do InovTechAgro, os vitivinicultores já tinham acesso a essa informação. Só que não em tempo real. “Mais recentemente o que se tem vindo a afirmar é a própria digitalização destas tecnologias”, acrescentou, referindo que, no caso da vitivinicultura esta é a tónica mais marcante.

Com experiência direta no terreno, Maria José Moutinho aponta as dificuldades sentidas pela Aveleda em inserir os dados recolhidos no sistema de CRM. Aliás, para a engenheira esse é o maior desafio: a interligação entre os vários sistemas e dados. Quando isto acontece, acrescentou, não só não se obtém uma mais-valia como se perde tempo, porque há que inserir manualmente os dados. Sendo que se houver algum problema com o registo dos dados, seja por erro humano, adiamento da informação, etc. a vantagem da sua utilização deixa de estar presente.

É certo que, com o tempo, têm surgido um conjunto de tecnologias e ferramentas que, aparentemente, vão solucionar muitos dos problemas do agricultor (neste caso do vitivinicultor). No entanto, Maria José Moutinho considera que se deve resistir à tentação e verificar a sua operabilidade com o CRM existente.

Atualmente, acrescentou, a Aveleda utiliza plataformas com agrega dados limpos por georreferenciação, por satélite e que produzem mapas com informações como o vigor da vinha e o controlo das populações. A par disso as máquinas utilizadas fornecem dados que permitem a criação de mapas de produtividade e dão dados sobre o que se passa nas várias parcelas, em termos de produção.

Da esquerda para da direita...
Da esquerda para da direita: Luís Alcino Conceição, do InovTechAgro; Alexandra Costa da Agriterra/iAlimentar; José Teixeira Marques da Herculano, Grupo Ferpinta; e Maria José Moutinho, da Aveleda

Adicionalmente a Aveleda dispõe de uma plataforma que agrega todos os dados meteorológicos das várias estações e que dá modelos de evolução de doenças, e ainda de um sistema de controlo das centrais de rega. Qualquer alerta é imediatamente acionado, pelo que a empresa consegue controlar o desperdício da água.

Na prática a Aveleda trabalha com várias plataformas. Isto significa que o que falta é um layer que permita agregar todos os dados, de todos os sistemas, num único local e que facilite o acesso e a análise dos mesmos por forma a permitir decisões informadas. Nos últimos dois anos a empresa está a usar um novo ERP e tem todas as áreas da companhia a ajustar-se a essa nova realidade. A dúvida, aponta Maria José Moutinho, é se as plataformas que a empresa usa vão ser compatíveis com o modelo de ERP utilizado. Será que vão evoluir na mesma linha? O que se verifica são sistemas (diferentes) a evoluírem a velocidades distintas. E é por isso mesmo que Maria José Moutinho defende que se devem dar “passos pequenos e consistentes”, acrescentando que “toda a oferta que existe é aliciante, todas (as aplicações) dão, individualmente, informação importante, mas precisamos que ela seja compatível com a base que sustenta a empresa”.

Há ainda uma outra componente: a mecanização. Algo que Luís Alcino Conceição considera que tem vindo a evoluir. O professor deu o exemplo do cenário do Norte do país, onde ainda se vê a máquina com o operador mas também soluções cada vez mais automatizadas. Um exemplo? Soluções de recolha de uva. Algo que o professor do InovTechAgro refere que há uns anos era algo completamente impensável. “Caminhamos para uma situação de robótica”, acrescentou.

A Herculano tem uma filosofia de trabalho ligeiramente diferente do habitual. A empresa tende a ser contactada pelos agricultores que comunicam as suas necessidades e, a partir daí, a Herculano vai à procura de uma resposta. José Teixeira Marques deu o exemplo da parceria feita com o INESC-TEC e que resultou no desenvolvimento do Modular-E, robô apresentado na World FIRA 2024, onde ganhou o segundo prémio de desenvolvimento, revelou. O executivo da Herculano explicou que se trata de um robô modular autónomo para culturas lenhosas com capacidades de navegação avançadas, pensado principalmente para a vinha de montanha, como forma de resolver a questão da (falta de) mão-de-obra e as dificuldades de mecanização.

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Enólogo tecnólogo

A crescente utilização de tecnologia está a transformar o perfil de quem trabalha no terreno. No caso do enólogo, por exemplo, há novas competências, relacionadas com a interpretação dos dados recolhidos. Como apontou Maria José Moutinho, hoje, todos os que estão no terreno têm de ter conhecimento destas novas tecnologias. Entre as várias existentes, a executiva da Aveleda realça os mapas de produtividades, que tiveram um maior impacto no seu quotidiano laboral. Mas não são caso único. “Diria as quatro plataformas que usamos e que foram ficando”, apontou, explicando que os dados fornecidos pelos voos – que a empresa realiza uma vez por ano – são fornecidos por satélite; já os disponibilizados pela plataforma que agrega os dados meteorológicos são “usados quase diariamente”. Sem esquecer os controladores de rega, que “são fundamentais”. Todas estas são ferramentas que, caso deixassem de existir, implicaria um retrocesso.

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