A gestão florestal sustentável, boa comunicação com a sociedade, desenvolvimento e utilização de tecnologia e transferência de conhecimento têm um “papel fundamental” para “aumentar o crescimento, a produtividade e impulsionar a transição para uma economia circular” do setor florestal.
Esta posição foi transmitida por Nuno Sequeira, vogal do conselho diretivo do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), que chefiou a delegação portuguesa no 19.º Fórum das Nações Unidas sobre Florestas, que terminou dia 10 de maio em Nova Iorque.
Falando durante a mesa redonda dedicada a “Soluções baseadas em florestas para a tripla crise planetária: Foco nas pessoas, ciência, tecnologia e finanças”, o vogal do conselho diretivo do ICNF referiu que a “perceção da sociedade civil sobre o setor florestal” encontra-se muitas vezes distante da realidade “levando a reações muitas vezes excessivas e infundadas às normais operações florestais, mesmo aquelas necessárias para a prevenção de incêndios ou por motivos fitossanitários”.
“O setor deve comunicar melhor, com estratégias voltadas para diferentes tipos de público-alvo e com foco na gestão florestal sustentável”, defendeu. Nuno Sequeira exortou à cooperação entre os produtores florestais, indústria, administração e academia, sublinhando o exemplo português com os “Centros de Competência” para investigação científica sobre as florestas, e os laboratórios colaborativos como o ForestWISE , uma rede de mais de 100 parceiros em toda a cadeia de valor florestal para abordar a gestão integrada de incêndios florestais e rurais.
O representante afirmou que “os empresários portugueses do setor florestal há muito percebem o papel fundamental da pesquisa, inovação e digitalização na transição para uma economia circular sustentável”, destacando o “papel fundamental da Indústria 4.0 para aumentar a produtividade e o crescimento para impulsionar a transição e transformar a forma como os produtos são fabricados”.
Nuno Sequeira defendeu, ainda, uma abordagem integrada à problemática dos incêndios rurais. “Portugal tem colaborado com a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) e outros parceiros com o objetivo de que mais países adotem o Quadro de Governança de Incêndios em Paisagens (Landscape Fire Governance Framework) apresentado na 8.ª Conferência Internacional de Incêndios Florestais (8th International Wildland Fire Conference), no Porto, em 2023.
Dada a situação atual de expansão problemática dos incêndios rurais para regiões e países onde, até agora, o risco de incêndio não era proeminente, acreditamos que todos devemos trabalhar em conjunto e estar conscientes de que esta é uma questão que requer uma abordagem integrada e em vários níveis, desde a prevenção até a recuperação”, disse.
O Fórum das Nações Unidas sobre Florestas é um órgão Intergovernamental subsidiário do Conselho Económico e Social da ONU e o órgão por excelência de política florestal a nível mundial. Esta 19.ª edição destacou as ações necessárias para maximizar os benefícios económicos, sociais e ambientais das florestas, aumentando a sua contribuição para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, especialmente através da aceleração de medidas para contrariar e reverter a desflorestação e a degradação florestal.
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