O bioestimulante testado encontra-se em fase pré-comercial e resulta de uma colaboração entre o Rhizolab e a Tecniferti, fabricante nacional de fertilizantes líquidos para a agricultura, que está a investigar os efeitos da aplicação de microrganismos promotores de crescimento nas plantas e a desenvolver soluções inovadoras para a agricultura. Parte desta atividade enquadra-se nas atividades de um doutoramento em ambiente não académico (2023.04964.BDANA) que decorre nas duas entidades.
O ensaio foi realizado na Herdade do Reguengo, em Cabeção, no Alentejo, num pomar adulto de nogueiras da variedade Chandler, com sete anos de idade, compasso de plantação de 7,5 m x 5,5 m e sistema de condução em eixo central revestido. A plantação está sob condições de irrigação total (aproximadamente 6.000 m³/ha por ano) com sistema gota-a-gota.
Pomar de nogueiras na Herdade do Reguengo, em Cabeção, onde foi realizado o ensaio.
O bioestimulante foi aplicado uma única vez no pomar, através do sistema de rega, no início do ciclo de fertirrega, no dia 21 de maio de 2024. Para efeitos de comparação foi estabelecida uma parcela testemunha sem aplicação do bioestimulante.
Durante o período do ensaio, que decorreu entre maio e outubro de 2024, foram realizadas análises foliares por duas vezes, a 21/06/2024 e a 12/08/2024, com o objetivo de avaliar o estado nutricional das plantas e compreender o impacto da aplicação das baterias na sua nutrição. Essas análises focaram-se, sobretudo, na determinação dos nutrientes fósforo (P) e azoto (N), permitindo verificar possíveis variações nos seus teores e a influência das aplicações efetuadas (Tabela 1).
“Verificamos que ao longo do período analisado a redução da percentagem de azoto e de fósforo é mais acentuada nas folhas das nogueiras na parcela testemunha do que nas folhas das nogueiras submetidas à aplicação de bactérias, o que significa que a planta tratada trabalhou mais tempo de forma confortável, ou seja, conseguiu transferir os nutrientes necessários ao crescimento dos frutos durante mais tempo, pelo que as análises foliares revelam menor perda de nutrientes”, esclarece Manuel Machadinha, responsável da EasyNut Tecnología para a Península Ibérica. Esta empresa chilena presta assistência a mais de 2500 hectares de pomares de nogueiras, amendoais, pistácio, avelã e noz pecan em Portugal e Espanha.
Após a colheita foi realizada uma análise de qualidade de 100 nozes de cada modalidade do ensaio. “Existem diferenças no rendimento do miolo comestível, com um acréscimo de 10% nas árvores tratadas com as bactérias, comparativamente à testemunha. Isto indica que a aplicação das bactérias pode ter contribuído para uma melhor absorção de nutrientes, que a planta “trabalhou” mais, fez mais fotossíntese e acumulou mais hidratos de carbono nos frutos, resultando numa maior proporção de miolo aproveitável do fruto”, esclarece o técnico da EasyNut Tecnología.
A análise da distribuição dos calibres mostra um efeito positivo da aplicação das bactérias, especialmente no aumento da proporção de frutos de maior calibre. Observa-se que, na testemunha, a maior parte dos frutos encontra-se nas categorias 34-36 e 32-34, com 35 e 29 unidades, respetivamente. Na zona de aplicação, esses valores aumentam para 46 e 37 unidades, indicando que a aplicação das bactérias favoreceu o maior desenvolvimento dos frutos.
O impacto mais significativo no rendimento de miolo comestível indica que esta tecnologia pode ser especialmente relevante para otimizar a qualidade e o calibre, aumentando o valor comercial da produção. O que sugere que as bactérias tiveram um impacto positivo na disponibilidade e absorção de nutrientes, favorecendo um crescimento mais eficiente e homogéneo dos frutos.
“Se aplicarmos estas bactérias nos pomares podemos reduzir significativamente a aplicação de azoto e de fósforo e isso representa uma conta de cultura menor para o produtor, menos custos por kg de noz e maior rentabilidade”, afirma Manuel Machadinha, acrescentando que a fertilização pode representar 1/5 do custo da conta de cultura da noz.
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