Um estudo promovido pela Fundação Calouste Gulbenkian, desenvolvido pelo C-Lab - The Consumer Intelligence Lab, apresenta recomendações para um uso mais eficiente da água em Portugal e coloca os agricultores, os consumidores, a grande distribuição e os media como atores essenciais para um futuro mais sustentável na gestão deste recurso.
Num contexto em que a agricultura tem um peso de 75% na totalidade do consumo de água em Portugal, justificado pela necessidade de regadio na produção agrícola, o estudo adverte para a importância de pensar a longo prazo num país que tem um risco elevado de stress hídrico nas próximas décadas, Portugal pode enfrentar uma procura de água superior à disponível em certas regiões do país.
De acordo com a Fundação, é urgente apostar então “numa gestão mais eficiente do uso da água na produção agrícola, tendo em conta a diversidade que caracteriza o setor em Portugal”.
Dos agricultores inquiridos de norte a sul do país, 30% utiliza sondas, 27% utiliza estações meteorológicas e 37% utiliza programas de controlo de rega.
Os agricultores que já adotaram estas tecnologias afirmam alcançar poupanças entre os 20% e os 50% no consumo de água.
Além disso, 85% destes agricultores verifica também um menor consumo energético, fruto da otimização da rega, 66% gasta menos fertilizantes e 77% experimenta ganhos de tempo resultantes do controlo de rega via telemóvel ou computador.
De acordo com o estudo, 98% dos agricultores vendem no mercado nacional e a resposta pode passar pela criação de padrões de eficiência hídrica na hora de acelerar a transição para uma produção alimentar mais sustentável.
O estudo aponta ainda para a necessidade de adequar as abordagens de consciencialização pró-eficiência hídrica aos diferentes perfis de agricultor, que vão dos que tradicionalmente têm uma maior preocupação com poupanças de curto prazo, planeiam a sua atividade ano a ano e dependem da produção anual (38% – o maior segmento), aos que planeiam a longo prazo, tendo em vista a sustentabilidade e a inovação (3%). São estes últimos, juntamente com consultores técnicos e organizações de produtores, que podem liderar o caminho para uma mudança de paradigma, que deve assentar na partilha de informação e na capacitação do setor.
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