Informação profissional para a agricultura portuguesa
Breve panorama industrial da maquinaria agrícola portuguesa

Setor das alfaias de pequena dimensão revela acentuada resiliência

Carlos Branco

26/05/2021

A crise sanitária tem afetado, à escala global, todos os quadrantes da atividade económica. E se a produção agrícola não se compadece com Estados de Emergência, a construção de máquinas e de instrumentos para a lavoura prosseguiu em laboração, acompanhando o ininterrupto trabalho no campo. Sem o fabrico tratores em Portugal, a grande força motriz agroalimentar, e sem alfaias não há produção, pelo que os construtores nacionais continuam a demonstrar acentuada resiliência à adversidade. Há qualidade e muita variedade. A Agriterra faz uma síntese do que pode ser encontrado de Norte a Sul do País.

Os dados não enganam: a agricultura tradicional portuguesa está em transformação; é menos de cariz familiar e mais empresarial, razão pela qual é mais mecanizada, requerendo menos mão-de-obra; ainda que seja menor o número de explorações agrícolas, a dimensão média destas aumentou, da mesma forma que também cresceu a superfície agrícola utilizada; e está muito mais especializada que outrora e também mais biológica. Tem crescido a superfície irrigada, os fatores de produção já alcançam o patamar científico em detrimento daquele que, até então, era tão-só empírico. Deixando de lado alguns condicionalismos de mercado, a produção é maior e rende mais. Em síntese, estão estas entre as grandes conclusões do mais recente recenseamento agrícola (2019), apresentado no final de 2020, da responsabilidade do Instituto Nacional de Estatística (INE).

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Ainda que o mercado de tratores em 2020, com 6470 novas matrículas em Portugal, tenha sofrido um mínimo retrocesso, de 0,4%, face a 2019, desconhece-se – por não haver estatísticas fiáveis - como se comportou o setor dos implementos agrícolas. É certo que não foi fácil vender nos piores meses da crise pandémica, mas os fabricantes portugueses, que centram a sua atenção nas alfaias de pequeno e médio porte, e não obstante a forte concorrência de dezenas de construtores europeus, não só têm acompanhado a procura nacional, como têm modernizado os seus produtos com o objetivo – mais do que demonstrado – da exportação. Pequenas metalúrgicas que começaram a realizar reparação e transformação/adaptação de alfaias aos solos portugueses têm aumentado a sua dimensão para passarem a produzir produtos de marca própria de elevada qualidade, fornecendo também, peças de desgaste originais, já disponíveis por venda online. Um crescimento que não é coisa recente, pois há uma indústria agrícola centenária em Portugal.

Damos-lhe, pois, a conhecer algumas das mais importantes empresas centenárias que em Portugal marcam este segmento da agricultura.

Rocha Pulverizadores: Investimento em I&D

A Rocha Pulverizadores foi criada em 1946 e atualmente investe em força em investigação e desenvolvimento de produtos (I&D) para reforçar a estratégia da internacionalização para Espanha, França, Irlanda, Marrocos, Angola e Moçambique. Inicialmente dedicada ao fabrico de pulverizadores manuais de dorso, foi nos anos 80 que começou a destacar-se pela profissionalização e métodos de fabrico. Da Maia, nos arredores do Porto, expandiu as instalações e o negócio e passou a ser uma referência na área da pulverização de culturas, com uma vasta gama de equipamentos de baixo volume, tão eficientes quanto ecológicos, ao passo que vai estabelecendo parcerias com as universidades.

A eficiência produtiva está patente no modelo Mittos 4 e 6 faces, que combina o melhor dos dois sistemas de transporte de gotas: o hidropneumático e o pneumático. O encontro das correntes de ar no centro da linha de plantação otimiza a homogeneidade do tratamento, favorecendo a penetração no interior da sede vegetativa. Este equipamento vai ao encontro e à necessidade de uma agricultura de maior precisão e com menor impacto ambiental.

Pulverizador Rocha Mittos 4 e 6 Faces

Pulverizador Rocha Mittos 4 e 6 Faces.

Nebulizador Mittos (de 4 e 6 faces). O nebulizador rebocado com capacidade para transportar entre 1000 e 3000 litros de calda de agroquímicos dotado com duas possibilidades de barra para 4 ou 6 faces, direcionados especificamente para o tratamento da vinha. Dotado de geometria variável, elevação, abertura e fecho hidráulicos, este equipamento visa alcançar as três componentes mais importantes para o sucesso, rentabilidade, eficácia e elevada qualidade na aplicação nos tratamentos fitossanitários.

Rocha Pulverizadores

Stagric: Presença em cinco continentes

Em Torres Vedras, junto aos pomares de frutos e à viticultura, encontra-se a Stagric, desde 1986, então designada Oestagric, mas que desde sempre se dedica à investigação, fabrico, comercialização e assistência a uma vasta gama de pulverizadores e de equipamentos para a mecanização da vinha. Uma década foi o suficiente para expandir as suas instalações e criar uma filial no norte do país, em Penafiel.

Com uma moderna unidade industrial inaugurada no dealbar do novo milénio, capaz de autonomizar o fabrico de todos os seus produtos e acessórios, a confiança manifesta pelo mercado português levou-a a trilhar o caminho da internacionalização, primeiro para países onde é forte a componente vitivinícola, alargando depois para chegar a cinco continentes e a 17 mercados.

Stagric Podadora de Árvores

Stagric Podadora de Árvores.

Podadora. A podadora de árvores é um lançamento ainda recente, que atrai os produtores de árvores de fruto, também de casca rija, bem como de olival. Para engate frontal no trator, dispõe de duas barras de corte (vertical, 2400/2700mm e horizontal, 1800/2100mm), com capacidade para cortar ramos com diâmetro médio de 30mm. Estas estão equipadas com pentes de ponta esférica que protegem a vegetação. O equipamento permite a realização de cinco movimentos hidráulicos independentes. O caudal mínimo exigível de óleo é de 45 l/min.

Stagric

  • Sede: Zona Industrial da Carvoeira, Torres Vedras
  • Web: www.stagric.pt
  • Contacto comercial: info@stagric.com
  • Tel. (+351) 261 740 250
  • Filial: Avenida da Boa Viagem, 283
  • Rans, Penafiel
  • Contacto comercial: info@stagric.com
  • Tel. (+351) 255 244 585

Galucho: Robustez e durabilidade

A origem deste gigante da metalúrgica industrial agrícola e de transportes, sediado no concelho de Sintra, remonta a 1920, com matriz familiar e que a deve a José Francisco Justino, que antes de se dedicar ao ofício das charruas e das grades de discos vendia galos pequenos, ditos “galuchos”. O nome ficou para a vida e para as gerações futuras, que hoje adaptaram a alcunha como slogan industrial – 'Máquinas para a Vida'.

Tal robustez e longevidade dos produtos resultam de uma atualização permanente da engenharia de produto e dos meios de produção, que há muito entraram no domínio da automação, em 150 mil m2 de complexo fabril, sem contar com as fábricas na Argélia (em sociedade com aquele Estado magrebino) e da filial de Albergaria-a-Velha, em Aveiro.

Fabrica praticamente todas as gamas de alfaias para trabalho no solo, reboques e cisternas, agrícolas e industriais, e são 600 os produtos finalizados a cada mês, em boa parte exportados para os cinco continentes e uma fatia importante para o mercado espanhol, através de parceria com a Farming Agrícola.

Nos anos mais recentes, tem seguido uma política de aperfeiçoamento e melhoramento dos produtos existentes, em vez de se concentrar em novos lançamentos. A empresa orgulha-se de fabricar peças de substituição e grande parte dos componentes originais das suas máquinas.

Galucho Grade GLHR

Galucho Grade GLHR.

Grade de discos pesada GLHR (rebocada). Com discos recortados ou lisos no corpo dianteiro e lisos no corpo traseiro (com variadas disposições, entre 22-24 e 32-26) em chassis constituído por tubos longitudinais e transversais, dispõe de duas rodas no centro do offset, com abertura hidráulica e disco apagador. Com 1959 Kg e 2570 Kg, respetivamente nas versões GLHR 22-24 e GLHR 32-26, estas grades requerem tratores com potências entre os 80/100cv e 130/150cv, segundo a mesma ordem.

Galucho

  • Sede: Av. Central, 4
  • São João das Lampas, Sintra
  • Web: www.galucho.pt
  • Contacto comercial (agrícola): agricola@galucho.pt
  • Tel: (+351) 21 960 85 00
  • Filial: Z.I. Sobreiro Torto, EN1/IC2
  • Km 250,7 Albergaria-a-Velha, Aveiro

Agroramoa: Uma marca familiar

Em 1984, Manuel Ramoa deu início à atividade da empresa com a venda de alfaias agrícolas. Tal foi o sucesso, que foi seguido e acompanhado pelos filhos mais velhos. Juntos atiraram-se ao fabrico próprio de alfaias e ao desenvolvimento de novos produtos. A um filho juntou-se outro, e mais outro, e a Agroramoa passa a dispor de variados serviços, de assistência, reparação de tratores, personalização, retalho, garantindo um extenso número de revendedores por todo o País, de alfaias agrícolas, equipamentos industriais e florestais.

Duas mudanças de instalações e o reforço da equipa, como que a justificar o sucesso das operações, levam a empresa para outros voos, concebendo novos produtos e melhorando o design dos mesmos, personalizando-os, até, a desejo do cliente, como foi o caso do lançamento do um intercepas aplicado numa capinadeira ou num triturador. Este equipamento permite controlar e/ou eliminar as ervas não só nas zonas de passagem, mas também entre as cepas, com precisão, sem arrancar ou danificar as cepas das vinhas/kiwis, quer as árvores dos pomares, deixando assim o terreno limpo e mantendo a boa saúde das plantações.

Carregador Agroramoa
Carregador Agroramoa.

Carregador frontal. Um dos produtos de maior prestígio é o carregador frontal da série R5 (Full Power), que se adapta aos mais variados tipos de tratores. Pode ser equipado com porta-fardos, redondos ou retangulares, forquilha para estrumes, porta-paletes, pinças para toros, ou balde de escavação. Também nas séries R3 e R4, dispõe de casquilhos auto-lubrificantes, tem baixo peso e elevada resistência.

Agroramoa

Herculano: De braço dado com a Universidade

A Herculano tem uma história filial iniciada em 1969 pela família Lopes, a partir de uma modesta oficina em Oliveira de Azeméis. Com o fabrico de pequenos utensílios agrícolas, a empresa ultrapassa as próprias fronteiras no início dos anos 80, já em plena fase de crescimento e de modernização dos processos de produção. Uma nova dimensão estratégica e financeira é proporcionada pelo Grupo Ferpinta, que, em 1997, adquiriu a empresa.

A Herculano é hoje um dos maiores fabricantes Ibéricos de material agrícola constituída por uma equipa de mais de 200 colaboradores e exportando para mais de 25 países, desde Espanha à Nova Zelândia. Tem como visão uma posição de destaque na Europa na área do transporte e fertilização orgânica assente numa missão de eficiência e sustentabilidade dos equipamentos com um claro contributo para o presente e futuro da agricultura.

Uma recente aposta realizada em prol da sustentabilidade do processo agrícola levou-a a dar o braço à comunidade científica, e foi com o InescTec que desenvolveu um produto já premiado pelo caráter inovador: uma cisterna para fertilização, com localizador de chorume, capaz de o distribuir no solo nos locais e nas quantidades certas. Em ensaios já está um espalhador de estrume com localizador para aplicação nos olivais.

Herculano Cisterna GreenPrecision
Herculano Cisterna GreenPrecision.

Cisterna Green Precision. Dotada com sensor NIR (que através de dispositivo de infravermelhos analisa a composição do chorume), esta cisterna – considerada já uma das bandeiras da marca – tem um processador de dados, com caudalímetro e distribuidor proporcional ao avanço, um braço de carga superior multidirecional. O sistema de localização por GPS mede a velocidade e a direção do conjunto trator/cisterna. Através deste sistema de controlo é possível adequar a quantidade certa de chorume mediante a necessidade de cada local específico, valorizando os nutrientes do chorume e protegendo as culturas da falta ou do excesso dos mesmos. A redução das emissões de amoníaco e a mitigação dos odores em benefício do ambiente envolvente são outras das vantagens, assegurando o cumprimento das normas europeias.

Herculano

Fialho & Irmão: Adaptação aos solos alentejanos

A fundação da Fialho & Irmão remonta aos idos de 1958, então numa rua de Évora, primeiro para reparar as máquinas agrícolas e industriais e para fabrico de acessórios. Dada a experiência acumulada pelos sócios fundadores, cedo se verificou que as máquinas, praticamente todas importadas, não tinham as adequadas qualificações para os solos alentejanos, pelo que foi decidido a adaptação de tais máquinas, tendente ao aumento da durabilidade e desempenho.

Tal processo, então já sob a marca Fialho, levou a que a empresa iniciasse o fabrico de grades de discos, escarificadores, charruas e outras máquinas de fabrico simples, o que forçou a deslocalização e ampliação das instalações fabris para a Horta de Barreiros, também em Évora, hoje com 8400 m2 de área coberta, que resultaram em ganhos de produtividade. Outros 40 mil m2 de terreno estão afetos à empresa para a realização de ensaios dos equipamentos, grande parte destes exportados para outros países europeus, Angola, Moçambique e norte de África, para agricultura geral e especializada.

Semeador José Fialho
Semeador José Fialho.

Semeador pneumático. Para acompanhar as novas técnicas culturais do enrelvamento em vinhas e pomares, a empresa passou a fabricar e a comercializar rolos destorroadores compactadores providos de sistema de semeador electropneumático, permitindo numa só operação, efetuar o trabalho de preparação do solo, a sementeira e a compactação. Este modelo, de doseamento preciso, requer menos sementes e um número inferior de passagens, destina-se a explorações de pequena e média dimensão e distingue-se pela capacidade da tremonha, com capacidade para, 120, 200 e 300 litros.

Fialho & Irmão

Grupo Joper: Versátil e polivalente

Com três marcas e outras tantas unidades industriais, em Torres Vedras e em Benavente, uma filial no Norte para melhor servir a região e a Galiza, o Grupo Joper soma mais de dois séculos de experiência acumulada no fabrico de equipamentos agrícolas de elevada qualidade. Para os mais variados trabalhos da terra, sejam pelas marcas Joper e Ribatejo, seja para a pulverização, através da Tomix. Mas também para o transporte no campo, e ainda com as cisternas agrícolas e para utilização em ações de limpeza e saneamento urbanos.

Este importante conglomerado industrial orgulha-se de desenvolver uma cada mais abrangente gama de produtos que se adaptam às mais diversas utilizações, dando também particular atenção às novas grandes culturas em franco desenvolvimento no país. Produz anualmente 5000 unidades, e uma boa parte segue para outros países europeus, do norte de África e das Américas.

Grade vinhateira Joper
Grade vinhateira Joper.

Grade discos rápida vinhateira. Alfaia especializada para vinha e pomares, a grade de discos rápida vinhateira tem tido bastante apetência pelo mercado. Para engate aos três pontos do trator, o equipamento tem chassis extensível mecânica (versão M) ou hidraulicamente (H), permitindo variar a largura de trabalho. O rolo de tubos tem 400mm de diâmetro e o sistema non-stop atua mediante mola com regulador de tensão. O chassis é construído em aço de alta resistência com secções de 80mm, a distância entre fileiras é de 70cm e a altura do braço ao solo é de 65cm. A profundidade de trabalho pode variar entre os 5 e os 15cm. Dotado de defletores laterais, o braço central tem bico de andorinha para mobilização de solo.

Joper

  • Sede: Estrada Nacional Nº8-2, Ramalhal, Torres Vedras
  • Web: www.joper.com.pt
  • Tel: (+351) 261 330 900
  • Contacto comercial: comercial@joper.com.pt
  • Tel: (+351) 261 330 901
  • Delegação Norte: Estrada Nacional Nº 14, Tebosa, Braga

Empresas ou entidades relacionadas

Agroramoa
Farming Agrícola, S.A.
Fialho & Irmão, Lda.
Galucho - Indústrias Metalomecánicas, S.A.
Herculano - Alfaias Agrícolas, S.A.
Joper - Industria de Equipamentos Agrícolas, S.A.
Rochas & Equipamentos
Stagric, Lda.

www.agriterra.pt

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