Atualmente, os desafios para os produtores agrícolas são enormes – desde fenómenos climáticos extremos a nível mundial até à deflorestação, incluindo ainda doenças nas culturas e irrigação inadequada. A agricultura de precisão e as ferramentas agrícolas inteligentes são apontadas como a solução ou, pelo menos, uma ajuda confiável.
Mas quão bem funcionam estas ferramentas e como podem os agricultores determinar a melhor solução para a sua exploração?
O QuantiFarm baseia-se na necessidade de avaliar, de forma independente, os benefícios quantitativos e qualitativos, assim como os potenciais benefícios na sustentabilidade dessas ferramentas, avaliando os seus potenciais impactos positivos e negativos.
“O QuantiFarm tem uma missão muito ambiciosa: dizer aos agricultores europeus a verdade sobre a utilização de tecnologias digitais”, segundo Nikolaos Marianos, coordenador do projeto QuantiFarm. “Mas para dizer a verdade é preciso primeiro descobri-la! Por esse motivo, o QuantiFarm realizará 30 testes cobrindo todas as regiões e setores bioclimáticos europeus”, adianta.
A ambição geral do projeto é apoiar a implementação destas ferramentas digitais como facilitadores-chave para melhorar a sustentabilidade económica, ambiental e social. Mas primeiro o projeto quer mostrar aos agricultores que estas tecnologias funcionam. Adicionalmente, o QuantiFarm visa tornar estas avaliações e os seus impactos em avaliações replicáveis, comparáveis e de uso prático para os agricultores.
A estratégia do QuantiFarm pretende que o projeto englobe e represente adequadamente a diversidade europeia. Em números isto significa 30 casos de estudo abrangendo mais de 20 países em 10 (das 11) regiões biogeográficas da Europa, que ocorrerão em 100 explorações agrícolas de 7 setores agrícolas de 20 culturas e animais.
Por exemplo, na região mediterrânica da Grécia, o Gaiasense é utilizado para o desenvolvimento de olivais, na região continental dos Países Baixos, os sensores de solo e drones são testados em pomares de maçã, e na região atlântica da Irlanda, são utilizados robôs automatizados na produção leiteira.
Além disso, estes dados de avaliação fornecidos pelos casos de estudo serão utilizados para elaborar o QuantiFarm Toolkit, aumentando a consciencialização e apoiar a tomada de decisões futuras.
Ferramentas e conhecimento nas mãos dos agricultores
O Toolkit consistirá num conjunto de ferramentas interativas e fáceis de usar para agricultores, consultores e decisores políticos. Alguns exemplos incluem calculadoras de custo e benefício, ferramentas de benchmarking e monitorização de políticas que podem ser consultadas e reutilizadas – mesmo de plataformas de terceiros e após a vida útil do projeto.
A QuantiFarm Digital Innovation Academy (DIA) será estabelecida para garantir que os agricultores selecionam as ferramentas mais adequadas às suas necessidades individuais. Também fornecerá recomendações, assim como, os modelos de negócios mais adequados a serem adotados. Para isso, a DIA vai promover 12 eventos de capacitação que seguem a abordagem do Programa 'Train-the-Trainer' para consultores, que apoiam os agricultores.
Esse esforço conjunto dará evidências reais e sistemáticas à suposição generalizada de que a adoção de tecnologias digitais beneficia os agricultores financeiramente e que tem impactos positivos na sustentabilidade social e ambiental da agricultura.
O QuantiFarm pretende contribuir para o (pouco) trabalho que foi feito até agora sobre o custo-benefício real do uso de tecnologias digitais para comparar explorações agrícolas “digitais” e “não digitais” com atividades agrícolas semelhantes.
A Consulai, parceira portuguesa do projeto, e como líder do pacote de trabalho 4 é responsável pela testagem e análise subsequente de tecnologias digitais utilizadas na agricultura. O objetivo é equipar agricultores, consultores e decisores políticos com ferramentas que permitam avaliar o custo-benefício e o impacto de sustentabilidade ambiental na implementação destas tecnologias.
Factos e números
www.agriterra.pt
Agriterra - Informação profissional para a agricultura portuguesa