No que diz respeito às exportações Espanha é o maior destino da produção de abacate português, representando mais de 10 milhões de euros. Espanha destaca-se como sendo um grande parceiro, para além de ser o maior destino das exportações de abacate é também o principal fornecedor deste fruto.
É uma cultura com preferência a temperaturas amenas, e sem grandes diferenças de temperatura entre as estações do ano, aguentando uma humidade do ar de ligeira a elevada. É muito sensível a geadas, sendo este um aspeto importante, uma vez que a cultura não se adapta a zonas com risco elevado de geada. As temperaturas extremamente baixas podem causar danos na planta, provocando perdas de produtividade. A mais ou menos sensibilidade à geada depende da raça, variedade, vigor e idade da planta.
Por sua vez, temperaturas muito elevadas também podem causar danos, sobretudo na fase de floração e vigamento, podendo provocar a queda de flores e até já de pequenos frutos existentes.
A situação térmica com registo de bom desenvolvimento da planta e de uma boa produtividade é: 22-26°C de dia, 15-17°C de noite e 20-21°C de média.
Em relação ao solo, esta cultura adapta-se bem a solos profundos, permeáveis e com boa retenção de água, ricos em matérias orgânica e pouco ácidos (pH entre 5,5 e 7,0). O abacateiro não reage bem ao encharcamento, sendo assim importante o solo ser bem drenado. Tendo por base uma boa drenagem do solo, o abacateiro adapta-se bem a solos com textura franco-argilosa ou franco-arenosa.
O abacateiro é uma árvore muito sensível ao vento, os ventos quentes podem provocar a queda de fruto e no inverno os ventos frios queimaduras nas folhas. Assim, deve ter-se em atenção a este aspeto na instalação de um pomar e se for numa zona ventosa será mais prudente a instalação de estruturas para-vento.
Pelas diferentes exigências edafoclimáticas, o abacateiro adapta-se particularmente bem a muitas zonas do Algarve, sobretudo as que são viradas a sul. É uma cultura de fácil instalação e manutenção, apresenta consumos de água idênticos a outras culturas, e é caracterizada por ter poucas pragas e doenças, tendo nos últimos anos despertado interesse devido à sua produtividade e os preços praticados no mercado.
Em Portugal, a maioria dos produtores de abacate são dotados de sistemas de rega e de fertilização modernos e eficientes. Os agricultores têm por objetivo e garantem que não se dá mais água ou fertilizantes do que o pomar precisa, assim as perdas por lixiviação e por evapotranspiração são reduzidas e o consumo de água diminui consideravelmente (Pereira, J. 2020). Segundo Amílcar Duarte, Professor e Investigador da Universidade do Algarve, o abacateiro dificilmente consegue subsistir ao sequeiro, precisa de água. Mas por outro lado é uma planta que não aguenta o encharcamento, sendo produzido em camalhões. Assim sendo é preciso gerir muito bem a água, saber quando regar e em que quantidade. O abacateiro consome mais ou menos a mesma quantidade de água de um pomar de citrinos (Duarte, A. 2021).
O sistema radicular do abacateiro só consegue absorver água quando a temperatura do solo ronda os 15-16°C. Sendo fundamental o agricultor ser dotado de sondas de temperatura e humidade, para perceber se o pomar se encontra em stress hídrico ou não e desta forma conseguir regar melhor. Deverão ser utilizadas duas linhas de gotejadores. Tendo um sistema de rega bem delineado e instalado, utilizando sondas e regando conforme os dados recolhidos por estas o consumo de água típico para um abacateiro ronda dos 6.600m3/ha/ano, podendo até ser inferior em algumas situações.
Em relação às necessidades e consumos de água por parte desta cultura têm surgidos muitas polémicas e não aceitação desta cultura especialmente no Algarve. No quadro que se segue é possível verificar que os consumos/necessidades hídricas da cultura do abacate não diferem muito de outras culturas instaladas na região do Algarve e sobre as quais não se discute ou levanta esta questão. Num documento oficial da Direção Regional de Agricultura e Pescas do Algarve, com o título 'Rega das Culturas/Uso Eficiente da Água', de Armindo Rosa de 2019 é possível encontrar informações e dados interessantes sobre o consumo de água das diferentes culturas na região do Algarve. E com este apercebemo-nos que as necessidades hídricas do abacate são idênticas às de muitas das culturas instaladas na região.
Segundo Amílcar Duarte, professor e investigador da Universidade do Algarve, o abacateiro dificilmente consegue subsistir ao sequeiro, precisa de água. Mas por outro lado é uma planta que não aguenta o encharcamento, sendo produzido em camalhões
Pelos números apresentados anteriormente, o abacateiro está dentro dos valores de consumo de água de outras culturas da região do Algarve, tendo em alguns casos consumos inferiores a outras culturas como as amendoeiras e nogueiras. No caso dos citrinos os valores são semelhantes, as duas culturas têm necessidades hídricas idênticas.
O abacate pode ser uma boa alterativa e também seria interessante fazer uma análise mais profunda ao investimento nesta cultura. Relativamente à questão da água tanto para esta cultura como para outras, tendo Portugal um clima mediterrâneo, com verões quentes e sem chuva, é fundamental que haja culturas de regadio. Havendo a necessidade de regadio é fundamental que este seja feito de forma sustentável e racional, não fornecer mais água que a necessidade das culturas. Atualmente há uma grande evolução tecnológica e digital e o setor agrícola acompanha essa evolução. A agricultura de precisão é um reflexo disso mesmo e será a chave para que o regadio se torne mais eficiente, consumindo o mínimo de água possível.
O abacate uma cultura relativamente recente em Portugal, em termos de produção agrícola mais profissionalizada, o que faz com que toda a cadeia de valor associada a este fruto seja ainda menos estruturada comparativamente com outras culturas. Mas em vez de se ver isto como um ponto negativo, poderá ser uma oportunidade para os produtores de abacate da região se organizarem e em conjunto melhorar toda a cadeia, desde a produção até ao consumidor final.
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