A Verticilose da oliveira, causada pelo fungo Verticillium dahliae, é uma doença vascular que constitui uma das principais preocupações dos olivicultores, devido à sua incidência e prejuízos causados em várias regiões da Península Ibérica.
A estratégia de proteção mais utilizada no combate contra esta doença tem sido feita recorrendo à luta química, revelando uma eficácia reduzida e que tem originado problemas de ordem ambiental e de toxicidade.
Atualmente, não existe um método de controlo eficaz, e as alternativas mais sustentáveis de gestão consistem no combate integrado, incluindo o uso de variedades tolerantes ou resistentes.
Nesta linha de pensamento, um grupo de investigadores da Universidade de Córdoba - UCO, e num trabalho em colaboração com a empresa Agromillora, avaliaram a susceptibilidade à Verticilosis de uma coleção de 11 variedades de oliveira. Fizeram parte deste estudo variedades tradicionais e variedades obtidas a partir de diferentes origens e Programas de Melhoramento Genético (PMG). Este trabalho de investigação permitiu identificar os materiais genéticos mais e menos tolerantes, quando instalados em campos naturalmente infetados pelo fungo.
Foram avaliadas 11 variedades diferentes: quatro variedades tradicionais espanholas ou italianas (Arbequina, Arbosana, Picual e Frantoio); uma variedade oriunda do programa de melhoramento genético (PMG) da Universidade de Córdoba (Sikitita); uma variedade desenvolvida no próprio programa de melhoramento da Agromillora (Oliana); duas variedades da Universidade de Bari (Coriana e Elviana); e três variedades da Universidade de Florença (Florentia, Brunella e OAC-21).
A variedade Picual foi considerada de referência como variedade suscetível e a Frantoio como resistente. A avaliação foi realizada em árvores expostas ao patógeno em campo, em solos naturalmente infetados, durante um período de três anos. As plantações foram estabelecidas em 2021 segundo um desenho experimental de blocos ao acaso, em três localizações distintas (réplicas), duas na província de Jaén e uma na de Sevilha. Até à data, os resultados mais conclusivos são da parcela de Villanueva de la Reina (Jaén), onde o nível de inóculo presente no solo é superior e as condições climatéricas foram favoráveis ao desenvolvimento do mesmo.
Foi feito um acompanhamento durante dois anos consecutivos, e a avaliação dos sintomas foi feita em três ocasiões, ao longo de cada ano. Estas foram estabelecidas em momentos de maior incidência da doença, que coincidem com os meses de maior desenvolvimento vegetativo das plantas (maio, junho e outubro).
Os parâmetros avaliados foram: severidade (escala de 0-4), percentagem de incidência e percentagem de mortalidade. Estes dados permitiram classificar as variedades segundo o nível de resistência à doença.
Através da interpretação de resultados da parcela de Villanueva de la Reina (Jaén) é possível observar que a sintomatologia se intensificou de 2022 para 2023, em todas as variedades afetadas.
Destacam-se como variedades mais resistentes, que coexistiram com a presença de Verticillium no solo e sem apresentar sintomas da doença, as seguintes: Coriana, Brunella, OAC-21 e Oliana. A variedade Frantoio apresenta baixa incidência, sintomas muito leves e nenhuma mortalidade.
Como variedades com incidência moderada-alta encontram-se a Elviana, Arbequina e Sikitita, destacando-se que esta última, apesar de apresentar sintomas, não registou mortalidade.
A variedade mais sensível foi a Picual, com valores em 2023 de severidade máxima e 100% de incidência e mortalidade nesse mesmo ano.
Os resultados obtidos neste trabalho demonstram que existem novas variedades, desenvolvidas por vários PMG, que apresentam caraterísticas de resistência e tolerância à verticilose e são por isso elas próprias uma ferramenta útil e necessária para minimizar os danos causados pela doença, mantendo os níveis de produtividade elevados. Como medida para reduzir a percentagem de infeção, Trapero et al. (Agricultura, 11 - Bibliog.) afirmam que o uso de cultivares resistentes é o método mais económico, eficaz e ambientalmente sustentável para o controlo da Verticiliose.
BIBLIOGRAFIA:
Trapero, C., López Escudero, F. J., Roca, L. F., Blanco López, M. A., & Trapero, A. (2011, fevereiro). La Verticilosis, un grave problema de la olivicultura actual. Agricultura, (11), 106–110.
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