A APCOR – Associação Portuguesa da Cortiça celebra acordo entre a União Europeia e os Estados Unidos e destaca a relevância global do setor.
A indústria da cortiça portuguesa vive um momento ímpar de celebração e reforço do seu estatuto internacional após o anúncio da isenção de tarifas para produtos de cortiça, resultado do mais recente acordo comercial entre os Estados Unidos da América (EUA) e a União Europeia (UE). A decisão surge como um reconhecimento explícito da especificidade e exclusividade da cortiça, cujo epicentro produtivo reside na bacia mediterrânica, com Portugal a assumir indisputavelmente o papel de maior produtor mundial.
A APCOR – Associação Portuguesa da Cortiça, entidade que representa o setor, congratulou-se publicamente com a inclusão dos produtos de cortiça na lista de isenções tarifárias, salientando a relevância estratégica desta medida para o contexto económico nacional. “Este é um momento de enorme importância para a fileira da cortiça e para a economia nacional. A defesa dos interesses de um setor em que Portugal é líder mundial foi assegurada graças a um esforço conjunto e coordenado de várias entidades, permitindo reforçar a posição estratégica dos nossos produtos no mercado americano”, sublinha a APCOR numa declaração oficial.
A cortiça é um recurso natural de características únicas, cuja matéria-prima é extraída exclusivamente da bacia mediterrânica. Portugal destaca-se como o epicentro mundial da produção, detendo uma posição de liderança incontestável no setor. Esta singularidade confere à cortiça portuguesa um valor diferenciador no panorama internacional, tornando-a praticamente insubstituível e dificultando a replicação da produção noutras geografias.
O acordo agora alcançado entre a UE e os EUA traduz-se não apenas num benefício imediato para os produtores portugueses, mas também num reconhecimento internacional do valor estratégico e ambiental da cortiça. A impossibilidade de deslocação dos centros produtivos europeus para eventuais iniciativas de reindustrialização nos Estados Unidos reforça ainda mais a centralidade da cortiça portuguesa na cadeia de valor global.
A relevância da cortiça no mercado americano é sublinhada pelo papel dos Estados Unidos como o quarto maior produtor mundial de vinho, contribuindo com cerca de 10% para a produção global do setor. A rolha de cortiça, elemento fulcral na vedação de garrafas, permanece sem alternativa local ou internacional viável, o que reforça a dependência da indústria vitivinícola americana deste produto português.
A ausência de substitutos eficientes para a rolha de cortiça destaca o caráter estratégico das exportações portuguesas para os EUA, tornando a isenção de tarifas uma medida vital para garantir a competitividade do setor. Em termos práticos, esta decisão irá inverter tendências recentes de queda nas exportações de cortiça, abrindo novas perspetivas para o crescimento e expansão das empresas portuguesas no exigente mercado norte-americano.
A indústria nacional da cortiça caracteriza-se por uma forte internacionalização, estando presente em todos os países produtores de vinho. Este grau de exposição externa limita a possibilidade de diversificação de mercados num horizonte de curto e médio prazo, tornando o acesso livre de tarifas ao mercado americano especialmente relevante.
Nos últimos anos, as exportações portuguesas de cortiça enfrentaram desafios decorrentes de barreiras tarifárias e da crescente concorrência de materiais alternativos. Contudo, a exclusividade das propriedades da cortiça, aliada à sua sustentabilidade e ao prestígio que granjeia junto dos consumidores internacionais, mantém a procura elevada e o reconhecimento global do produto português.
A isenção de tarifas agora alcançada representa uma alavanca decisiva para potenciar o crescimento das exportações e consolidar a posição de Portugal como líder mundial do setor. Empresas produtoras, transformadoras e exportadoras nacionais perspetivam um aumento significativo do volume de negócios, impulsionado pelo acesso facilitado ao mercado norte-americano e pela valorização do produto nos segmentos premium.
A APCOR, em declarações públicas, destacou o empenho e contributo das várias entidades envolvidas na obtenção deste resultado. Entre elas, o Governo de Portugal, a Representação Permanente de Portugal junto da União Europeia (REPER), a Embaixada de Portugal nos EUA e a delegação da AICEP nos Estados Unidos, cujas ações foram determinantes para garantir os interesses nacionais e promover o setor da cortiça.
Este esforço concertado, que envolveu diplomatas, representantes institucionais e agentes económicos, reflete a capacidade de Portugal em agir estrategicamente nas negociações internacionais e em defender setores de importância vital para o desenvolvimento económico e social do país.
A decisão de isentar os produtos de cortiça das tarifas nos EUA não apenas fortalece a posição de Portugal como líder mundial, mas também projeta o setor para novos desafios e oportunidades. A crescente valorização da sustentabilidade, da qualidade e da tradição nos mercados internacionais favorece o reconhecimento da cortiça como produto de excelência.
Além de componente fundamental para a indústria do vinho, a cortiça portuguesa encontra múltiplas aplicações em setores como moda, design, construção e aeronáutica, ampliando o seu alcance e potencial económico. A versatilidade do produto, aliada ao compromisso ambiental dos produtores nacionais, posiciona Portugal como referência global na inovação e sustentabilidade.
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