Informação profissional para a agricultura portuguesa

Portugal perdeu 13% do território em incêndios na última década

29/09/2025

Portugal perdeu 13% do seu território em incêndios na última década e voltou a liderar, em 2025, a lista dos países mais afetados pelas chamas na União Europeia. A agrofloresta pode ser a chave para travar a catástrofe. Para a Traditional Dream Factory, a solução passa por redesenhar a paisagem com sistemas agroflorestais e de retenção de água, criando ecossistemas mais resilientes, produtivos e capazes de travar a propagação do fogo.

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Portugal voltou a liderar a lista dos países mais afetados pelos incêndios na União Europeia: só no verão de 2025, quase 279 mil hectares — cerca de 3% do território nacional — foram destruídos pelas chamas, segundo dados do European Forest Fire Information System (EFFIS). Este valor triplica a média das últimas duas décadas e confirma uma tendência alarmante: em dez anos, o país perdeu 13% da sua superfície em incêndios, concentrando com Espanha dois terços da área total ardida na Europa.

Para Samuel Delesque, cofundador da Traditional Dream Factory (TDF), é tempo de mudar a estratégia: “o problema não é apenas climático, é estrutural. É urgente redesenhar a paisagem com sistemas agroflorestais e de retenção de água, criando ecossistemas diversificados que travem o fogo e revitalizem a economia rural”.

Clima extremo e abandono rural: uma combinação explosiva

As causas do agravamento dos incêndios em Portugal são conhecidas: ondas de calor mais intensas, secas prolongadas e ventos fortes, hoje 40 vezes mais prováveis e 30% mais severos devido às alterações climáticas, segundo o ICNF. Eventos que antes aconteciam de 500 em 500 anos são agora esperados a cada 15. Ao contexto climático juntam-se o abandono do setor agrícola, a desertificação do interior e a expansão de monoculturas inflamáveis como o eucalipto, transformando vastas zonas do país em verdadeiros rastilhos.

Agrofloresta: prevenção, resiliência e desenvolvimento económico

A agrofloresta surge como a solução central para inverter este cenário. Na TDF, em Abela (Santiago do Cacém), estão a ser testadas práticas como a agrofloresta sintrópica, a silvopastorícia, os corta-fogos verdes e a gestão inteligente da água.

De acordo com Samuel Delesque, substituir metade das plantações de eucalipto por sistemas agroflorestais poderia:

  • Aumentar o PIB em 3%;
  • Criar 43 mil novos empregos;
  • Reduzir drasticamente a frequência e intensidade dos incêndios.

“Não é uma mudança imediata: em 3 a 7 anos já veríamos transformações significativas; em 10 a 15 anos, teríamos uma resiliência profunda”, explica o cofundador da TDF. Medidas complementares, como faixas de proteção, pastoreio direcionado, queimadas controladas e pontos de água estratégicos, são também essenciais para conviver com o fogo de forma sustentável.

Uma estratégia integrada para o território

A Política Agrícola Comum (PAC 2023-2027) reconhece já a agrofloresta como uma ferramenta fundamental, e o tradicional sistema de montado continua a ser um exemplo de sucesso. Mas, para ter impacto real, é necessário concluir o cadastro rural, reorganizar a propriedade, criar zonas tampão e canalizar apoios para sistemas mistos que regenerem solos, reforcem a autonomia alimentar e revitalizem as comunidades rurais.

“Temos ilhas de excelência”, afirma Samuel Delesque, “mas precisamos de um arquipélago”. Além dos benefícios ambientais, a transição agroflorestal representa também uma estratégia económica e social: “Portugal importa 5,2 mil milhões de euros em alimentos por ano; produzir mais localmente reduz a dependência, cria emprego e dá nova vida ao mundo rural”.

Tecnologia e colaboração para regenerar

Projetos como a Silveira Tech, na Serra da Lousã, mostram como esta transformação pode acontecer no terreno. Após o devastador incêndio de Arganil — que queimou 64 mil hectares em apenas 12 dias —, a iniciativa regenerou 230 hectares combinando agrofloresta, permacultura, biodiversidade e pastoreio holístico com cabras.

“Não basta plantar árvores”, alerta Manuel Vilhena, cofundador da Silveira Tech. “É preciso redesenhar o território para que seja resiliente”.

Com abordagens inovadoras e colaborativas, projetos como a Traditional Dream Factory e a Silveira Tech demonstram que é possível transformar paisagens vulneráveis em mosaicos produtivos e resilientes. A agrofloresta não é apenas uma resposta ao fogo — é uma oportunidade para reconstruir o território português com mais sustentabilidade, produtividade e futuro.

Fonte: Traditional Dream Factory

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