O setor agroalimentar europeu enfrenta um aumento da pressão económica num contexto global de instabilidade. Segundo o mais recente Barómetro Coface, as insolvências empresariais na Europa cresceram 11%, em 2025, e o risco político mundial atingiu o valor mais elevado de sempre, reforçando a incerteza num mercado essencial para a segurança alimentar e o equilíbrio das cadeias de abastecimento.
O mais recente Barómetro Coface alerta para um agravamento significativo dos riscos económicos e políticos à escala global, com impacto direto no setor agroalimentar. Em 2025, as insolvências empresariais na Europa aumentaram 11%, refletindo um contexto de instabilidade que poderá afetar toda a cadeia de valor alimentar - desde a produção ao retalho.
De acordo com o Risk Review, de outubro de 2025, apesar da resiliência da economia mundial face às turbulências comerciais do primeiro semestre, os próximos meses deverão expor os efeitos de longo prazo das tensões geopolíticas, da inflação e das políticas comerciais restritivas.
A Coface destaca que o índice de risco político e social global atingiu um recorde histórico de 41,1%, ultrapassando o pico registado durante a pandemia. Esta nova fase de incerteza coloca pressão adicional sobre as empresas do setor agroalimentar, que continuam a enfrentar custos de produção elevados, volatilidade nos preços das matérias-primas e desafios logísticos acrescidos.
Embora as previsões de crescimento global tenham sido revistas em alta - para 2,6%, em 2025, e 2,4% em 2026 - , a realidade é desigual entre regiões. A zona euro mantém-se em crescimento anémico, com recuperação tímida na Alemanha, enquanto os Estados Unidos resistem graças à procura interna. Já a China desacelera, o que pode afetar fluxos de exportação de produtos agroalimentares.
No contexto europeu o aumento das insolvências reflete-se particularmente nos setores alimentar, agrícola e da distribuição, fortemente dependentes do consumo interno e da estabilidade dos preços energéticos. A Coface alerta que a conjugação de pressões políticas, custos financeiros elevados e incerteza regulatória cria um ambiente de risco elevado, exigindo maior prudência nas decisões de investimento e na gestão de crédito comercial.
O relatório também sublinha o papel crescente das questões políticas e sociais como fatores estruturais da economia global. Países como França e Estados Unidos enfrentam níveis elevados de instabilidade interna, enquanto regiões como o Médio Oriente, nomeadamente os países do Golfo, registam dinamismo graças à diversificação económica e ao investimento estrangeiro - fatores que poderão gerar novas oportunidades para as exportações agroalimentares europeias.
Para o setor agroalimentar, o Barómetro Coface serve como um alerta estratégico: a conjuntura global exige adaptação, planeamento e resiliência. O equilíbrio entre custos, inovação e sustentabilidade continuará a ser determinante para a sobrevivência e competitividade das empresas num cenário de riscos crescentes.
www.agriterra.pt
Agriterra - Informação profissional para a agricultura portuguesa