De 25 a 27 de novembro, o Parque de Exposições de Montpellier acolhe a 32.ª edição do SITEVI, o principal salão internacional dos setores do vinho, da vinha, da fruta e da azeitona. Num contexto marcado por desafios climáticos, económicos e sociais, o evento apresenta-se como um espaço estratégico para reforçar a resiliência e a inovação nas cadeias agroalimentares especializadas.
Para além da exposição clássica de máquinas, tecnologias e serviços, o evento será enriquecido com um programa técnico de mais de 55 apresentações e workshops, sessões de degustação temáticas, atividades de networking, job dating e uma noite especial para ligar startups a investidores, no âmbito do dia dos Business Angels.
O SITEVI 2025 dará uma forte ênfase às soluções AgTech destinadas a melhorar a eficiência operacional em cenários marcados pela escassez de mão de obra, variabilidade climática e requisitos regulamentares. O espaço Lab Tech, localizado no Pavilhão B6, será o núcleo tecnológico do evento. Aí, mais de uma dezena de startups apresentarão sistemas de tomada de decisão baseados na inteligência artificial, robótica autónoma para vinhas e pomares, plataformas de agricultura de precisão e tecnologias IoT para a captação de dados no campo.
Entre as inovações em destaque, a pré-poda C-Vision da Clemens, equipada com câmaras e algoritmos de aprendizagem automática, permite trabalhar duas fileiras em simultâneo, duplicando os rendimentos sem comprometer a precisão. Por sua vez, a New Holland apresenta o seu sistema HTS II, que automatiza as manobras das cabeceiras através de memórias sequenciais, otimizando o tempo de trabalho efetivo e reduzindo a fadiga do operador.
A tendência para a multifuncionalidade reflete-se em equipamentos como o veículo automotor Optimum XXL80 da Pellenc, que é compatível com cabeças de colheita intercambiáveis para uvas, amêndoas e ameixas, prolongando a sua utilização durante todo o ano.
A dimensão enológica do salão centrar-se-á nos processos adaptativos, nas técnicas de vinificação de baixo impacto e nos sistemas que respondem à evolução do consumo. Aplicações como o Smart Winelyse (Pellenc) ou o EVO2 Ferm Plus (Parsec) permitem modular o teor alcoólico e ajustar os perfis aromáticos através da análise contínua e da dosagem controlada de nutrientes e oxigénio. Além disso, serão apresentadas soluções específicas para microvinificações destinadas à I&D e à experimentação de castas resistentes.
Paralelamente, a plataforma 'Digital Twin' da M&Wine aplica a IA à caraterização mineral dos vinhos, gerando gémeos digitais que garantem a autenticidade, a rastreabilidade e ajudam a tomar decisões de loteamento.
O enquadramento técnico do SITEVI será suportado por mais de 55 apresentações e workshops especializados. O IFV liderará sessões centradas na estratégia nacional Vitilience, um programa colaborativo que explora as alavancas agronómicas e enológicas de adaptação às alterações climáticas: coberto vegetal, biochar, agrofloresta, gestão da água e seleção de porta-enxertos resilientes.
A fruticultura, a olivicultura e os olivais estarão no centro das atenções do evento deste ano. A Jornada da Azeitona, prevista para 25 de novembro, abordará os desafios do setor olivícola, desde a modernização pós-colheita até aos modelos de diversificação emergentes para os viticultores em reconversão. A este respeito, a Região da Occitânia promove projetos de recarga de água no inverno, plataformas locais de fornecimento de matéria orgânica e sistemas inteligentes de apoio à decisão por IA para o setor vitivinícola.
Por exemplo, há uma ênfase particular na adaptação de equipamentos existentes através de kits inteligentes (como o retrofit IN.NO.VA.R. da Spezia), bem como em soluções de inspiração biológica, como o Keylan Fe Liquid, um quelato natural alternativo ao EDDHA, ou o Canopée, um dossel de vinha retrátil com controlo remoto e interferência visual mínima, compatível com as especificações DOP.
Os prémios serão revelados no primeiro dia do evento, reconhecendo as propostas mais disruptivas com medalhas de ouro, prata e bronze.
Neste contexto, o salão está empenhado em apresentar soluções concretas e modelos de diversificação, como a combinação de vinhas com culturas olivícolas ou frutícolas, ou a produção de vinhos com baixo teor alcoólico. A incorporação de novas zonas vitícolas, tanto em França (Bretanha, Normandia) como a nível internacional (Reino Unido, China), abre novas perspetivas comerciais e técnicas.
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