O estudo, conduzido pela IPSOS para o Conselho de Gestão da Floresta (FSC), que certifica produtos florestais sustentáveis, contou com mais de 40 mil participantes e analisou as principais preocupações dos consumidores face aos riscos ambientais.
Em Portugal, 43% dos inquiridos apontaram os incêndios como a maior ameaça às florestas, valor muito acima da média europeia e global, fixada nos 28%. No Canadá, a percentagem sobe para 46%, representando um aumento de 18 pontos percentuais face a 2022, ano em que Portugal não participou no estudo.
Outros países com elevada preocupação face a incêndios incluem Chile, Estados Unidos, Espanha e Polónia.
Para a secretária executiva do FSC Portugal, Joana Faria, esta atenção “reflete as realidades específicas de cada país” e poderia ter sido ainda maior “se o inquérito tivesse sido feito no final de agosto, após os incêndios”.
No mesmo inquérito, outras preocupações ambientais surgiram em diferentes países: quase metade dos britânicos (48%) destacou a perda de biodiversidade, 43% dos brasileiros apontaram a desflorestação e 42% dos sul-coreanos referiram a perda de áreas selvagens.
O estudo também revela que, a nível global, a preocupação com as alterações climáticas diminuiu, passando a ser citada por 31% dos participantes em 2025, contra 51% em 2022, ficando abaixo de guerras e conflitos (52%) e da instabilidade económica (44%). Em Portugal, a percentagem caiu de 44% em 2022 para 38% em 2025.
Joana Faria explicou que é “natural que as pessoas identifiquem as questões do conflito armado e as questões financeiras e económicas como as suas principais preocupações, porque é o que estão a viver neste momento”. Contudo, destacou que as alterações climáticas continuam a ter peso significativo, sobretudo entre quem tem mais de 65 anos.
O estudo analisou ainda as atitudes dos consumidores face à proteção das florestas. Globalmente, 72% preferem produtos que não prejudiquem a fauna e flora, e 66% esperam que empresas garantam que madeira, papel e embalagens não estejam ligados à desflorestação.
Segundo Joana Faria, este comportamento é “muito positivo”, mostrando que “o consumidor está disposto a procurar esse tipo de produtos”. Além disso, é um incentivo para que os proprietários florestais adotem uma “gestão ambientalmente responsável, socialmente benéfica e economicamente viável”.
Em Portugal, a certificação FSC já abrange diversos produtos, incluindo guardanapos, papel higiénico, rótulos de vinho, mobiliário, cortiça, frutos secos, cogumelos, chás, óleos essenciais, borracha natural, ceras, mel e aguardente de medronho.
“É muito interessante ver que existem já todas essas opções, mesmo em nichos mais pequenos, refletindo interesse tanto dos gestores florestais como dos consumidores neste tipo de produtos”, concluiu Joana Faria.
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